Total Recall é a segunda versão da história de Philip Dick, filmada em 1990 por Paul Verhoeven. O primeiro filme é melhor. Parece difícil para Colin Farrel e Kate Beckinsale competir com Schwarzeneger e Sharon Stone. Entretanto, se voltarmos no tempo e revermos a primeira versão, não suportaremos a película gasta pelo tempo, com Schwarzeneger e Stone, tão jovens e amarelados! E que tecnologia incipiente... se é que dá para entender...
O fato é que as novas tecnologias tornam o cinema atual um verdadeiro espetáculo. O décor futurista, as cenas eletrizantes, a movimentação de Colin Farrel em luta pela sobrevivência contra robôs sintéticos, por si valem o filme.
Colin Farrel preparou-se para as filmagens durante cinco ou seis meses de exaustivos exercícios físicos. Ficou com um corpinho impecável. Não é nenhum brutamontes como Schwarzeneger, mas está lindo. Você pode observar nas primeiras cenas em que aparece de torso nu (de propósito é claro, para mostrar a musculatura e a barriga de tanquinho do ator). Se interpreta com perfeição ou não, ninguém na platéia está precupado com isso.
A história conta que no futuro, após guerras e destruições a terra é dominada pela Federação Unida da Bretanha. Do outro lado do mundo, no local onde era a antiga Austrália, resta a Colônia, um local onde vive a maior parte da população oprimida pela Federação Unida da Bretanha, liderada pelo chanceler Cohaagen (Brian Craington). Colin Farrel é Doug Quaid, um operário que descobre que não é quem ele pensa que é. As memórias que possui não são de um passado verdadeiro, foram implantadas em seu cérebro. Descobre também que sua mulher não é sua mulher, mas sua maior inimiga, interpretada por Kate Beckinsale. Doug descobre tudo da pior forma, quando Kate - que também é a esposa do diretor Len Wiseman- tenta lhe dar um abraço mortal. Aliás Kate está tão magra e forte que nem acredito, mais parece uma bruxa furiosa!
A partir daí começa a perseguição implacável. Se o filme peca pelo excesso de ação, de repente tanta cena eletrizante se transforma em mesmidade. Ao mesmo tempo, tento manter os olhos bem arregalados para aproveitar todo aquele cenário genial!
O inspirador também pode ter sido Ian Fleming, o criador de James Bond. Aliás é a homenagem do diretor ao grande escritor. Doug lê Fleming quando senta no ônibus espacial que se move na velocidade da luz. O espaço físico é sombrio, uma massa de concreto e metal, definindo o lugar onde os homens vivem, como um espaço sem privacidade, sem portas ou janelas, tudo definido através de meios planos. Lembra a concepção de habitação dos povos primitivos, composição homogênea, com unidade, em versão futurista. Seria uma outra visão do Raumplan, de Adolf Loss? Também me parece inspirado nas obras fantásticas de Yona Friedman, na sua cidade espacial do final dos anos 50, com estruturas em balanço a 45 graus. A movimentação é como a de um bairro chinês de New York, gasto, molhado e escuro. A cidade vertical possui inúmeros níveis. Sugere uma antevisão de um futuro desastroso para New York. De repente Doug e sua companheira Jessica Biel estão no meio do fogo cruzado, numa plataforma de circulação de carros que se movimentam acima do solo. De fato essa é a beleza que interessa no filme de Len Wiseman