Neste blog você pode encontrar textos sobre os filmes vencedores do Oscar: As Aventuras de PI ( clicar em 2012), Lincoln ( janeiro de 2013) , Les Misérables ( clicar em fevereiro de 2013), Amour( clicar em janeiro de 2013), Django Livre (janeiro de 2013) e Argo ( novembro de 2012). É só pesquisar pelo nome do filme conforme está escrito.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Duro de Matar, um bom dia para morrer
John Mcclane está de volta no quinto filme da série. Bruce Willis mantém o carisma. Ao contrário da grande maioria o ator sabe envelhecer. Não abusa de plásticas deformadoras, nem tenta bancar o garotinho. Desta vez o personagem se apresenta como se estivesse às vésperas da aposentadoria. No enredo e intriga entre americanos e russos, Mcclane é o mais perspicaz e único a descobrir as saídas.
Seu envolvimento na intriga fica por conta do acaso. De fato, o detetive novaiorquino está em Moscou em busca do filho. O que torna o filme delicioso são as tentativas do pai para reconquistá-lo. Mcclane sente-se culpado por não ter ajudado Jack (Jai Courtney) quando ele mais precisava.
Óbvio todo filme "Duro de Matar" tem cenas de explosões, violência e perseguições. Cenas fantásticas mostram carros voando sobre enormes filas de veículos e grandes engarrafamentos, enquanto o detetive chega inteiro do outro lado.
Embora o tema da relação entre pai e filho não seja o objetivo principal do filme, é o elo de ligação entre as diversas seqüências. Assim, no meio do tiroteio, Mcclane desabafa , conversa com Jack, em busca do amor e reconhecimento do filho durão. É claro que Jack é durão, mas também é inexperiente. E chega o momento em que o filho que está naquela idade em que os jovens pensam que sabem tudo, reconhece que precisa do pai, pelo menos para traçar um plano imediato para vencer o inimigo. Esse tom de brincadeira misturado com muita ação e violência torna o filme adorável e divertido. O próprio Mcclane afirma que sua família não é de muitos abraços. Mas senti falta do abraço da filha no pai, quando Mcclane volta para casa com Jack. Afinal nenhum abraço de boas vindas entre pai e filha também já é demais!
Embora o tema da relação entre pai e filho não seja o objetivo principal do filme, é o elo de ligação entre as diversas seqüências. Assim, no meio do tiroteio, Mcclane desabafa , conversa com Jack, em busca do amor e reconhecimento do filho durão. É claro que Jack é durão, mas também é inexperiente. E chega o momento em que o filho que está naquela idade em que os jovens pensam que sabem tudo, reconhece que precisa do pai, pelo menos para traçar um plano imediato para vencer o inimigo. Esse tom de brincadeira misturado com muita ação e violência torna o filme adorável e divertido. O próprio Mcclane afirma que sua família não é de muitos abraços. Mas senti falta do abraço da filha no pai, quando Mcclane volta para casa com Jack. Afinal nenhum abraço de boas vindas entre pai e filha também já é demais!
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
A Caça
A “Caça” é a alegoria da situação vivida
pelo personagem do professor de uma escola infantil, na Dinamarca. Lucas é
vivido por Mads Mikkelsen. O ator está irreconhecível como o professor Lucas. Mads
Mikkelsen interpretou o vilão Le Chiffre, em Cassino Royale, um financiador de
terroristas internacionais. A marca de Le Chiffre era o olho pingando lágrimas
de sangue. Muito, muito asqueroso!
Lucas,
ao contrário, é um doce. Tem um cabelo liso, lindo, lindo. Não é sem razão que
a colega o convida para um encontro amoroso. Lucas vem de um casamento
fracassado. Deseja refazer sua vida e recuperar o amor e a convivência com o
filho Marcus.
A
vida de Lucas vira um caos quando Klara, uma aluna de cinco anos diz para a
diretora da escola que o professor lhe mostrou seus órgãos sexuais. O diretor Thomas
Vinterberg nos faz ver, como um caso
delicado pode desandar para falsas acusações e condenações por
antecipação. A falsa acusação ou acusação sem as devidas provas irremediavelmente
arruína a vida de Lucas.
O
tema que acaba com muitas vidas tem sido abordado no cinema.
O clássico é “The Wrong Man” (O Homem
Errado), de Alfred Hitchcock, 1957, em que Henry Fonda é confundido com um
assaltante e condenado. A “Caça”
mostra também a paranóia que toma conta das pessoas, na Dinamarca, ou em qualquer
outro lugar do mundo, quando se trata de abuso infantil. Tanto a diretora da
escola, como psicólogos, professores e policiais precipitam-se em acusações,
sem maiores provas. Partem do pressuposto que a criança é naturalmente boa, que
não mente. Não percebem que Klara ( Annika Wedderskopp) é uma criança que se
constrói na relação com as coisas e com as outras pessoas. Sente ciúmes,
sentimento completamente irracional. Não é nenhum anjo. Mente, mistura tudo em
sua cabecinha de criança, sem perceber a gravidade da acusação. Klara é fruto
de um meio familiar disfuncional e de um grupo social desequilibrado. De fato a
menina não tem a menor consciência do mal que causa, e seus pais não estão
preocupados com isso. Encontram o problema e se jogam no abismo e na escuridão.
Klara é fruto de um ambiente confuso formado por pessoas que embora pareçam
evoluídas, são grosseiras e preconceituosas. Lucas é julgado por antecipação. Thomas
Vinterberg alterna cenas em que Lucas - cumprindo um ritual dinamarquês - vai à
caça, com cenas em que o próprio Lucas é a “Caça". Os dinamarqueses caçam
veados, o que por si só escandaliza qualquer ser humano que se preocupe com a
sustentabilidade e com a defesa da vida. Lucas é como o veado, que ele mesmo mata. O animal olha para o
espectador pela última vez, traído pelo silêncio e surpreendido pela a própria
morte.
Nada
apaga a injúria e a difamação. Você lembra o caso da Dra. Karla Kothe, em
Porto Alegre? Poderia ser o mesmo de
Lucas...
Muito
estranho no final, não aparece a frase que acalma e ao mesmo tempo nos
emociona:
Nenhum
animal sofreu maus tratados durante as filmagens.
domingo, 10 de fevereiro de 2013
O Voo
Robert Zemeckis, o diretor de ‘’Forrest Gump”, “De Volta para o Futuro”, “A Morte lhe Cai Bem”, “Contato” e “Náufrago” volta com “O Voo”. Ao contrário de “Killer Joe”, o filme de Zemeckis discute valores como ética e moralidade. Whip Whitaker, o personagem vivido por Denzel Washington se vê envolvido em um drama após a queda do avião sob seu comando.
Whip é piloto comercial experiente, mas sofre um acidente aéreo, num voo com 106 passageiros a bordo. No total as baixas não são significativas. Morrem quatro passageiros e dois membros da tripulação. O drama que passa a atormentar a consciência de Whip está em adotar a bebida como primeira opção, seguida por suas conseqüências nefastas, mentiras e comportamento autoritário.
Apesar de tudo indicar que Whip estava sob efeito de álcool – no momento do acidente - sua equipe se encarrega de apagar os rastros da irresponsabilidade. Acontece praticamente um milagre quando Whip consegue pousar o avião, com o menor número de vítimas. Não fosse o exame de sangue, ele seria considerado um herói. Hugh Land (Don Cheadle) e Charlie Anderson (Bruce Greenwood) são os companheiros encarregados de sua defesa a qualquer custo.
Denzel Washington está bem, como o homem dominado pela bebida, cara amassada, rosto inchado, olhos levemente empapuçados, barriga saliente e ar de falsa superioridade, tudo como forma de defesa. O próprio Whip afirma que em relação à bebida sabe mentir muito bem. Se fosse álcool somente, mas soma-se o agravante da cocaína que precisa ser consumida para o anti-herói conseguir voltar ao normal e enfrentar seus compromissos. John Goodman está muito bem como Harling Mays, o fornecedor de drogas que banca o irmão mais velho. Até parece que quer ajudar!
Melissa Leo é Ellen Block, a mulher incorruptível que submeterá Whip a perguntas embaraçosas antes dele livrar-se do problema. Você se lembra dela em “Rio Congelado”? (V. neste Blog) Robert Zemeckis cria o suspense quando estende o tempo mostrando o drama do alcoólatra. Na noite que antecede o julgamento, Whip – que está em um hotel - entra em outro apartamento e descobre um refrigerador cheio de bebidas alcoólicas. A pequena garrafa de bebida permanece no centro da tela por um tempo que parece interminável...
Whip precisa mentir, Whip precisa trair a memória da colega que na verdade morreu como heroína, salvando a vida de uma criança. Com uma inocente pergunta, Ellen Brock coloca todo o esquema por um fio, muito, muito mais fino que qualquer fio. Afinal, o que está podre não tem como não cair de tão podre, não é mesmo? Observe a reação de Ellen quando Whip finalmente responde. Alta e impassível com seu blazer vermelho, ela não esconde as lágrimas.
Melissa Leo é Ellen Block, a mulher incorruptível que submeterá Whip a perguntas embaraçosas antes dele livrar-se do problema. Você se lembra dela em “Rio Congelado”? (V. neste Blog) Robert Zemeckis cria o suspense quando estende o tempo mostrando o drama do alcoólatra. Na noite que antecede o julgamento, Whip – que está em um hotel - entra em outro apartamento e descobre um refrigerador cheio de bebidas alcoólicas. A pequena garrafa de bebida permanece no centro da tela por um tempo que parece interminável...
Whip precisa mentir, Whip precisa trair a memória da colega que na verdade morreu como heroína, salvando a vida de uma criança. Com uma inocente pergunta, Ellen Brock coloca todo o esquema por um fio, muito, muito mais fino que qualquer fio. Afinal, o que está podre não tem como não cair de tão podre, não é mesmo? Observe a reação de Ellen quando Whip finalmente responde. Alta e impassível com seu blazer vermelho, ela não esconde as lágrimas.
Killer Joe, matador de aluguel
Killer Joe é um filme dirigido por William Friedkin,
baseado na peça de mesmo nome de Tracy Leets. Família desestruturada é uma
expressão muito delicada e inadequada para caracterizar o grau de maldade e
criminalidade que se desenrola na casa da família de Dottie (Juno Temple).
Dottie parece uma jovem ingênua e inexperiente, que
nunca namorou. Aliás, namorou na escola um menino gordo. Mas, na verdade,
perdeu a inocência faz muito tempo. Pensamentos impuros passam por sua cabeça,
como o desejo que sua mãe seja assassinada, cumprindo o plano mirabolante
elaborado pelo irmão e pelo pai. Todos desejam a morte da mãe. Primeiro o filho
Chris (Emile Hirsch) que precisa saldar uma dívida com criminosos. A questão é
um seguro de vida do qual Dottie é beneficiária.
O clima de violência atinge um limite de insanidade quase
inacreditável. A tela literalmente joga merda na cara do espectador. Isso ainda
é pouco quando Killer Joe prepara a cena de humilhação para Sharla (Gina Gershon).
Durante todo o fime o espectador sente o cheiro de sexo e violência, muito bem
irmanados.
Killer Joe, o Joe Cooper, vivido por Matthew
McGonaughey bate qualquer recorde como o criminoso mais nojento do cinema. Quando
ele diz que deseja “coxa” como o prato da refeição, prepare-se, você verá uma
das cenas mais violentas e escrotas do cinema. A segunda mulher de Ansel seria
o pomo da discórdia e a grande responsável pela frustração em que se transforma
o plano de assassinar a mãe para receber um seguro de $ 50.000 dólares. O plano
fracassa por completo e a violência toma conta da tela.
Lamentei muito mesmo não poder ver a cena final, o
segundo final desse filme em que Dottie toma a si o encargo de terminar com
aquela orgia de crimes, sexo e violência. Pelo menos imaginei esse segundo
final do jeito que eu queria. Afinal, o diretor não mostra, deixa para o
espectador decidir!
Querem saber? Odiei esse filme que não me acrescenta
nada... Além do que nunca me entusiasmei com o sorriso de Matthew McGonaughey.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Les Misérables
Domingo, 15,15 h . Começa o filme “Os Miseráveis”. Na verdade, não é o
filme de minha vida. Lembro, escrevi que o filme de minha vida é “Dois Destinos”
(Cronaca Familiare) de Valério Zurlini. Mas, com certeza é o filme da vida de
muitas mulheres. As senhoras entram na sala de projeção, cabelos brancos e temerosos,
mãos apoiadas em bengalas. Tudo sob o cuidado de mulheres mais jovens, provavelmente
filhas. Na tela o clássico de Victor Hugo, o grande escritor francês, lido por
milhares de pessoas. Mas também aquele que não soube ser pai. Alguém viu L'Histoire d'Adèle H, H de Hugo,
com
Isabelle Adjani?
- Sinto-me tranquila, cumprindo um provável desejo de Mami. Era o filme
da vida dela.
História cantada em verso. Linguagem
diferente. Há! Muito diferente da linguagem de Lincoln, ou ainda de Django
Livre. É como assistir a uma ópera cinematográfica. “Os Miseráveis“, dirigido por Tom Hooper foi adaptado
do musical da Broadway, que está em cartaz há 28 anos. Já arrecadou mais de 100
milhões de espectadores em diversos países. Pintado com cores fortes e muita
crueza é atraente para qualquer espectador. Em especial para arquitetos que
nunca viram as barricadas que antecederam as reformas de Eugène Haussmann.
Jean Valjean, interpretado por Hugh Jackman é o personagem épico. Sem
ter o que comer rouba um pão. Condenado a cinco anos de prisão, tem a pena
aumentada para dezenove, por tentativas de fuga. Reconhece na sociedade a falsidade,
a hipocrisia e a culpa. Criminoso é quem o condena. Decide vingar-se. Equivocado
em seu desejo de vingança, fica perplexo com a atitude do bispo Don Bienvenue. Jean
Valjean roubara a prataria do bispo. Apanhado por Javert - o policial-, fica
perplexo com a atitude de Bienvenu, que
o isenta do crime. Afirma que lhe presenteara com os castiçais de prata. A
atitude do bispo o faz repensar seus desejos de vingança.
Russel Crowe como Javert é o verdadeiro
vilão. O ator representa com mestria a verdadeira tragédia que é ser Javert. Para
ele os homens se dividem entre os que obedecem e os que desobedecem às leis. Não
existe outra classificação. Dedica sua miserável vida a perseguir Jean Valjean.
Mesmo depois de denunciá-lo à Prefeitura de Paris e receber como resposta que o
verdadeiro ladrão foi encontrado.
Anne Hathaway é forte candidata ao Oscar 2013 de Melhor Atriz Coadjuvante ao
interpretar Fantine, a trágica prostituta, que entrega seu bebê aos Thénardier.
Anne Hathway brilha e emociona como Fantine. Mais magra do que nunca, teve os
cabelos cortados para encarnar a prostituta que vende os cabelos e os dentes
para pagar aos Thénardier pela guarda da filha Cosette.
Jean Valjean promete à Fantine recuperá-la. Perseguido
por Jauvert, foge com a menina. Ao longo da vida Jean Valjean tem a oportunidade
de ajudar os pobres e miseráveis. Suas ações benéficas transformam sua vida e
a dos outros. A miséria tem efeitos diferentes sobre o ser humano. Jean Valjean
transfigura sua miséria em força. Enquanto os Thénardier
extraem dela os piores sentimentos. O casal explora Cosette. Quando Jean
Valjean a descobre na taverna dos Thénardier paga 1500 francos para reavê-la. Victor
Hugo os descreve como bestiais e desonestos.
Mas como não existe vítima sem seu algoz, a vida do inspetor Javert - o
infeliz filho de uma prisioneira nascido na prisão – só tem sentido na perseguição
a Jean Valjean. E, quando o insólito acontece, Jean Valjean poupa sua vida
demonstrando as infinitas possibilidades do bem. Javert não suporta a ideia de
ficar sem sua única razão de viver: perseguir e prender Jean Valjean por ter
roubado um pão duro e velho. Essa imagem de Jean Valjean, na miséria, ficou
calcada na memória coletiva. Hugh Jackman encarna o poderoso maire Jean Valjean, que como todo pai um
dia precisou separar-se da filha. Cosette ficou adulta e transformou-se em uma
bela mulher (Amanda Seyfried).
Milhares de leitores, pelo resto de suas vidas não esqueceram o herói e nos
contaram esta história tão pungente e emocionante. A história de Jean Valjean faz
parte do imaginário popular e é passada de geração em geração. Mesmo não tendo
lido “Os Miseráveis” todos nós conhecíamos Jean Valjean, da história contada
por nossas mães.
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