Você já se imaginou morando em uma casa projetada por Le Corbusier? O arquiteto Leonardo (Rafael Spreguelburd) premiado na Bienal de Milão conseguiu a façanha. E a famosa casa não fica tão longe daqui. É logo ali em La Plata, Argentina, a Casa Curutchet. O filme é adorável, os arquitetos se realizam passeando pela famosa casa modernista, com amplos espaços e duas enormes rampas de acesso. Além de arquiteto, Leonardo é professor de design. Ganhou diversos prêmios em Bienais e Exposições de Arquitetura e Design. Efetivamente é um homem de sucesso. Além de morar em uma casa paradigmática é casado e possui uma filha adolescente. Sua mulher dá aulas de ginástica em casa. Enfim, como tudo na vida está recheado de aparências... Repentinamente sem acreditar no que seu olhos dizem, Leonardo vê o vizinho abrindo um enorme buraco na parede limite de seu terreno. Dali ele pode controlar sua vida e de sua família. Literalmente o vizinho, vê tudo! Óbvio, todo mundo sabe que isso é proibido pelo Código de Obras. É assim no Brasil e na Argentina acontece o mesmo. Victor, o vizinho, preocupa-se consigo mesmo e com seu bem estar. Cre na solução imediata. Arrivista de carteirinha acredita mais no que pode fazer por si mesmo do que nas exigências do Código de Obras. A idéia de cidadania nunca passou por sua cabeça. Quando Leonardo reclama e lhe diz que é proibido, que não pode fazer aquilo, Victor argumenta que o arquiteto possui muito sol e que ele precisa apenas de um raiozinho. O arquiteto tenta enganar a todos. Será que engana a si mesmo? De início sabemos que convencer Victor é uma batalha perdida. Leonardo tem medo dos outros. Não importa se o vizinho é uma pessoa simples e sem cultura, um pobre coitado. Na relação entre ambos Victor é o predador, por quem Leonardo fica fascinado. Hábil como ele só, Victor finge que cede, faz promessas que não cumpre. Alicia Leonardo. Convence-o a ir a um boteco jogar conversa fora. O arquiteto cai como o patinho, que sempre foi. No momento de crise afloram os problemas. Entre uma cena e outra Leonardo é surpreendido pela câmera, deitado à noite, de costas para a esposa, sem conseguir pregar no sono. O pensamento recorrente é Victor. Leonardo só pensa nele! Ambos surpreendem um ao outro espionando, um pra dentro da casa do outro! O mais engraçado é que Victor, um picareta, sem escrúpulos possui um charme todo especial e deseja deitar asas sobre a mulher do arquiteto também. Como um predador de olhar penetrante Victor enfeitiça suas vítimas. Os diretores Mariano Cohen e Gastón Duprat são hábeis ao mostrar essa relação, e sacam muitas risadas da platéia! O dúbio caráter do arquiteto fica evidenciado quando Leonardo convida a própria mulher para a espiar as façanhas noturnas do vizinho. o arquiteto mente para si mesmo e para os outros. Mente para os amigos e para a mulher. Os amigos, de fato "são mui amigos". São amigos de interesse que verificam a todo momento o status do dono da casa. O pior do caráter do arquiteto é quando dá uma cantada na aluna! E essa professores? Que feio! Leonardo descobre da pior forma que sua vida é uma merda. Não está bem com a mulher e muito menos com a filha, que não lhe dirige palavra. Fica dançando sozinha isolada do mundo com seus fones de ouvido. Observe, Victor representa seu papel até a última cena. Vejam seu olhar pícaro nos últimos instantes da derradeira e dramática batalha entre ambos! Você já viu essa família ou esse professor em algum lugar? Quem sabe em sua própria casa ou em sua universidade? He! He! He! As aparências enganam começam a desmoronar uma a uma...
sábado, 11 de junho de 2011
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