Sendo filme de Jorge Furtado, todo brasileiro ou estrangeiro deveria conferir. Depois de assistir à Ilha das Flores, O Homem que Copiava, Saneamento Básico e Meu Tio Matou um Cara, o espectador sabe que se trata de um diretor absolutamente genial. Desta vez, o tema é o jornalismo. Talvez interesse mais aos jornalistas, porém não custa nada aprender um pouco com o diretor.
Fui ao cinema às 14,00 h. Sala vazia, mas como? De repente, entra o pai do Thiago Prade, o jovem ator do filme, o crespo. Fiquei sabendo porque ele falava muito alto! Na saída, lhe dei os parabéns, me emocionei imaginando que entre os presentes que os pais receberam no dia de hoje, poucos foram tão bonitos quanto o de Thiago para seu pai.
O documentário alterna depoimentos de "estrelas" do jornalismo e a apresentação de uma peça de teatro "The Staple of news", de 1625. Ben Jonson , o autor é perspicaz ao mostrar como as notícias são criadas e manipuladas. Foi um dos autores mais cultos dos seiscentos, na Inglaterra. Enfim, a peça de teatro poderia ter sido criada quem sabe em 2014? porque não?
Treze jornalistas participam do filme, todos conhecidos na mídia. Entre eles, Luis Nassyf, Mino Carta, José Roberto Toledo, Jânio de Freitas, Paulo Moreira Leite, Renata Lo Prete, Geneton Moraes Neto, Cristiana Lôbo, Bob Fernandes e outros.
O rosto de Mino Carta é de uma pessoa extremamente simpática, cativante. Faz-me lembrar alguém que conheci... uma fisionomia familiar. Mas como? Deve ser a famosa ilusão do já visto da minha professora de filosofia Dulce da Fonte Abreu, no Colégio Nossa Senhora do Horto, em Dom Pedrito.
Entre tantos depoimentos, os jornalistas frisam: exercer o jornalismo não exclui uma expectativa política e interesses econômicos. Não existe o jornalista neutro e é ingenuidade pensar que jornais seriam vendidos devido à honestidade e capacidade destes profissionais. Eles são menores frente à publicidade. Quem vende - dizem os entrevistados - é a publicidade. É mais ou menos o que acontece no ensino privado, os alunos são clientes.
E os jornalistas reforçam: todo mundo mente! Cada jornalista deve saber que suas "fontes" não devem se transformar em pessoas amigas. Não são seus amigos!
Quando Cristiana Lôbo fez o seu depoimento, fiquei surpresa. Com certeza, tão perto do poder, deve ter uma relação muito delicada com suas fontes. Lembrei o que aconteceu com a jornalista Miriam Leitão, que teve seu perfil, na Wikipédia, alterado por um computador do Palácio do Planalto. Imagine que tema polêmico para figurar no filme de Furtado!
O mais divertido foram os episódios da bolinha de papel na testa do candidato Serra, que se transformou em "atentado" e o quadro de "Picasso", que passou a valorizar a sede do INSS. Acredite, pagaram pela famosa obra de Picasso que está no museu Guggenheim!
O ruim quando tem pouca gente no cinema é que na hora de rir, os outros não riem! Não aguentei, ri muito da falta de cultura dos coitados jornalistas que acreditaram ser um verdadeiro Picasso! Por uma destas é que penso, para ser jornalista é preciso ter muita, muita cultura geral ou pelo menos procurar se informar quando não sabe, como sugeriu o jornalista do documentário.
Não perca, descanse antes de assistir este filme. Você necessitará de toda atenção!
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