domingo, 12 de outubro de 2014

Garota Exemplar

O título cria outra expectativa no espectador. E eu que dizia para mim mesma que ía assistir a um filme sobre uma menina bem comportada... Seria o que os críticos escrevem, uma espécie de misoginia? Não creio, talvez uma triste constatação que o sonho, que a palavra América representa, na verdade nunca existiu, foi forjado,  até mesmo pelo próprio cinema.  
E David Fincher, o diretor, está aqui e agora para desmentir tudo isso. Garota Exemplar é um filme sobre o casal contemporâneo, ou seja, de um tempo, no qual as relações têm as maiores dificuldades para darem certo. Ainda mais tratando-se da Garota Exemplar da América, Ammie Dunne, interpretada por Rosamund Pike. A moça faz de tudo com o marido, desde que lhe seja permitido viver a fantasia da existência perfeita no imaginário de seu público fiel. Até por isso o diretor dá tanto destaque à midia, que o que não sabe, inventa!
Ninguém desconfia quando o Fincher nos mostra aquele aparente paraíso, no início. Logo o sonho de contos de fadas desaparece. Para Dunne, a culpa é do marido, de suas fragilidades e incapacidades. 
E o espetáculo não pode parar! Mal a Garota Malvada desaparece, se instala uma festa no pátio da casa da família rica, para reunir amigos e apoio às buscas pela desaparecida. Tudo é estereótipo, desde o horror que são pai e mãe da moça. Nunca se viu tanta mediocridade, desde os pais  até as invenções da journalista de sucesso, tipo Oprah Winfrey. Você lembra do filme Volver, de Almodóvar, em que Bianca Portillo, a "Agustina tiene cancer"? e que na TV a moça é humilhada e explorada pela apresentadora? Aqui a denúncia sobre os abusos dos meios de comunicação é a mesma,  apenas que Almodóvar é melhor. Ben Afflek, o marido, que tinha seu lado obscuro, de fato inspirava desconfiança. Nem por isso deverria ser considerado criminoso. Mas, era acusado abertamente,  de assassino pela journalista. O mais estranho é que todos acatavam, e aceitavam o jogo sujo dos meios de comunicação. Todos respondiam aos jornalistos, o espetáculo nunca terminava. Noite e dia elles perseguiam os personagens, que também se preparavam para enfrentar os holofotes. Era o espetáculo das falsidades em todos os sentidos, a vida suspensa e substituída pela encenação!
Nossa Menina Malvada chegou a cansar o espectador. Como cometer tantos crimes e barbaridades sem ser percebida?
Será que o personagem do marido era um homme tão desprezível que mereceu o final que teve? O espectador não fica sabendo, mas  nossa Menina Malvada não deixava de ser uma espécie de "colecionadora de borboletas", que colecionou homens devoráveis, fracos e desprezíveis. E agora quando faz do marido um refém?
 




http://youtu.be/tKwEdRC26xA

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