quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Octubre

O filme peruano dos irmãos Vega, Daniel e Diego explora o miserabilismo. Sabe? aquele prazer em mostrar um mundo onde todos os personagens são cretinos, pobres, miseráveis, desonestos e exploradores. Os irmãos diretores conseguem humanizar os personagens, quando - dentro da história dos embrutecidos pela miséria - Clemente (Bruno Odar) e Sofia ( Gabriela Velásquez) acolhem a pequenina abandonada em uma cesta de vime.


O gesto de amor é insuficiente para salvar o filme. Pior, filme selecionado para exibição em Cannes e fazendo parte da Mostra de Cinema. Ao compararmos "Octubre" com os "Brutti, Sporchi i Cativi ", o filme de Ettore Scola de longe é superior, chocante e surpreendente. Ao passo que "Octubre" embora neo realista, mostra a pobreza e a infelicidade de uma forma nua e crua, que não emociona. Não é possível identificar-se com nenhum dos personagens, todos são mesquinhos e sórdidos. Apesar de ser classificado como comédia dramática, ninguém ri, nem quando Sofia "dá água da bunda para Clemente beber". Aqui no Sul, reza o ditado que quem bebe "água da bunda de alguém" torna-se escravo fiel dessa pessoa! Era o que dizia Cecília, mãe do Luiz (o Merten).


Clemente é um homem que pouco fala, nunca ri e vive de explorar o outro. Funciona como um banco, cujo cofre é o forno do fogão, sem chave! Pensa que seu dinheiro está bem guardado, mas todos conhecem o local do "cofre". De início parece um homem forte a quem todos temem, mas seus devedores terminam descobrindo que se não pagarem as contas não acontece nada. Clemente é faroleiro. Sexo no filme é pago, tudo é feito por dinheiro. E o que Clemente gosta é de sexo com putas, velhas gordas, com barrigões enormes. Cansamos de ver aquele homem tirar a roupa, fazer sexo e vestir-se novamente. As gordas com cabelo crespo e enorme só comem pão com manteiga. Clemente toma um café magro com pão com ovo! Puro colesterol! E as cenas se repetem para o espectador sentir o tempo passar. Nenhuma mulher é bonita, todas são de meia idade, gastas e mal cuidadas. Sofia ama Clemente apesar de todos os seus defeitos. Mas também ela não é nenhum anjo. Apronta das suas com o homem amado e no minuto seguinte está rezando para o "Señor dos Milagres de Octubre". Outro detalhe que repete até o Cinema Novo brasileiro, a procissão com as beatas rezando, levando o Cristo e gritando histericamente, todas com véus brancos iguais - devem ter sido comprados pelo diretor na mesma loja!


Um belo dia quando volta para casa, Clemente encontra um bebê abandonado pela mãe, a outra sua amante prostituta. A história de Diego e Daniel Vega mostra que a fragilidade e a inocência do bebê é capaz de salvar os personagens. Sofia dedica-se inteiramente à pequenina. Conseguirá sensibilizar o coração do "maledeto" Clemente?

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