quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Último dia do ano!

Teoricamente meu blog está vencendo um ano. Não é bem assim. Arrisquei o primeiro texto em setembro de 2008. Mas criei o blog com a ajuda da minha filha Lucia, somente em março de 2009. Por isso naquele mês tem 26 textos postados!

Assim, para comemorar a passagem de ano aqui está a minha lista dos melhores de 2009, ou seja dos melhores filmes que vi e comentei:

1. Avatar
2. Inimigos Públicos
3. À procura de Éric
4. Bastardos Inglórios
5. Em Tempos de Paz
6. Caramelo
7. Jean Charles
8. Katyn
9. Gran Torino
10. Entre os Muros da Escola
11. O curioso Caso de Benjamin Button
12. Bolt, o super cão

Feliz Ano Novo!

Avatar em 3D e legendado é o máximo

Para o leitor que me perguntou se eu tinha assistido Avatar em 3D ou 2D:

Amo filmes em 3D! Acho que o melhor mesmo é ver Avatar legendado e em 3D, embora algumas pessoas prefiram outras formas, como dublado ou 2D. Alguns me falaram que querem assistir em 3D e dublado para não perder nada, outros preferem em 2D. Por via das dúvidas quando eu rever Avatar pela terceira vez, pretendo repetir o 3D legendado.

FELIZ ANO NOVO! Abraços, Doris Maria

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A bela Robin é Pippa Lee

Robin Wright Penn é Pippa Lee no filme de Rebecca Miller,"A vida íntima de Pippa Lee". O enredo custa a clarear, quando isto acontece percebemos que não nos identificamos com os personagens. Nem quando Pippa abraça os filhos! Nem no momento em que Herb Lee, o marido de Pippa (Alan Arkin), está morrendo, no hospital, e a família decide desligar os aparelhos que o mantém vivo. E agora? O que faremos? Nos emocionamos somente com Avatares, cachorros , princesas e sapos? Afinal cinema é emoção, não é mesmo?

A história é narrada pela personagem Pippa Lee, na idade madura. Robin Wright interpreta Pippa, uma mulher alta, bonita, magra, loira, quarentona e triste. Nem por isso é menos charmosa e encantora. Robin quase sempre interpreta mulheres torturadas, patéticas e enigmáticas. Lembram? Ela é a jovem companheira de Tom Hanks em Forrest Gamp.

Pippa é casada com o editor, Herb Lee (Alan Arkin), um homem mais velho. Tão velho, que pensamos que era o pai de Pippa no início do filme. Alan Arkin ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por sua atuação em Pequena Miss Sunshine. Em Pippa... parecia ele mesmo, um velho senhor de 75 anos. Personagem antipático, velho teimoso, não aceitava os cuidados que sua mulher lhe proporcionava. Sabia que estava com problemas cardíacos e piorava a situação. Demonstrava ser insuportável, chato e indiferente. Para magoar Pippa resolve traí-la com a melhor amiga- Winona Ryder, que está linda!- . Uma coisa é certa, a velhice não torna as pessoas melhores. Pode acentuar as manias e a intolerância. Aquelas criaturas que nos parecem chatas e insuportáveis não é porque estão velhas e acabadas, sempre foram assim...

Monica Bellucci é Gigi Lee, no passado era a mulher de Herb. Passa pelo filme como um relâmpago e escandaliza a platéia, com sua loucura. Juliane Moore especialista em dramas, agora é Kat, tia de Pippa, uma mulher desalinhada, lésbica e ciumenta. Aliás, o drama de Rebecca Miller possui cenas leves e tragicômicas como o suicídio de Gigi Lee e as brincadeiras perigosas, de Kat com a sobrinha e uma amiga. Outra cena em que não conseguimos conter o riso é quando Sandra Dalls ( Winona Ryder) tenta o suicídio, cortando os pulsos com o aparelho de depilar, - comprado em supermercado- e óbvio, não corta nenhuma veia é claro. Sandra tortura-se por ter traído Pippa, sua melhor amiga.

Três atrizes vivem Pipa Lee, aos sete anos é Madeline McNulty, uma menina fofa, loira e estranha , no mínimo. A jovem Pippa é interpretada por Blake Lovely. Nessa idade, Pippa é uma mulher exótica e misteriosa, que não esconde a necessidade de ser protegida, por isso escolhe o velho Herb. A atriz Blake Lovely está tão bem como a jovem Pippa, que rivaliza com Robin.

O personagem mais interessante é a mãe de Pippa, Suky Sarkissian (Maria Bello). Suky tinha transtornos psíquicos. Era uma mulher muito agitada. Vivia trabalhando intensamente nas lides domésticas. Suky brincava de bonecas com a filha, como se esta fosse a sua Barbie. Adorava Pippa. Mas tinha crises de depressão. Tomava medicamentos que a deixavam chapada e elétrica. Como se diz, não parava quieta, um minuto! As pílulas eram uma mistura que incluía anfetaminas. O pai era ausente. Pai ausente é o maior drama. Mas como é ausente ninguém nota! hi! hi! hi! Resultado, Pippa quase pirou também. Tomou os remédios da mãe, sentia-se culpada pelas crises de depressão de Suky. As duas loucas se abraçaram e gritaram, uma tragédia!

Pippa abandona pai e mãe, vai para a casa da tia. Não dá certo. Cai na gandaia. Exagero, não era para tanto. Ao que parece eram os anos sessenta e a revolta da juventude estava no auge. Seria uma explicação plausível. Termina vagando sozinha até encontrar Herb, um editor que morava em um casarão branco. Parecia uma casa de Richard Meyer - arquiteto norte americano-, com planos brancos, muito vidro, e muita arte moderna. O próprio Herb dizia que morava em um aquário. Percebe-se que esse tipo de filme trata dos problemas da burguesia, mais ou menos como os filmes de Woody Allen, que também têm o "simpático" Alan Arkin no elenco.

O tempo passa, com ele a relação se desgasta. Pippa sente-se culpada por ter abandonado a mãe. Tem crises de sonambulismo. Repentinamente, no meio do sono faz o que seu coração insiste em sentir, procura em Chris Nadeau uma outra forma de amor, mais puro e compensador. O único problema é que Keanu Reaves - o Chris - é um ator muito sem graça, tipo apelo sexual zero. Não convence ninguém. Rebecca deveria ter escolhido outro ator. Por isso, infelizmente, pode-se pensar: Nunca vi um filme tão cansativo, com tantos atores famosos. Ah ! Na cena de sexo tórrido entre o casal, os louros ficam para Robin, pois Reaves mal aparece.

Assim Pippa aposta que o melhor mesmo é sonhar acordada. E viva o futuro, pois somente saberemos quando ele virar presente!


domingo, 27 de dezembro de 2009

O Solista

Desejo e Reparação e Orgulho e Preconceito são os filmes recentes que recomendam a obra do diretor inglês de 37 anos apenas. Em O Solista, Joe Wright trata do tema da esquizofrenia, uma desordem cerebral crônica e incapacitante. Jamie Fox faz o homeless Ayers, apaixonado pela música. Desde menino Nathaniel estudava música. Criança aparentemente normal dedicava-se com exagero aos estudos. Até o dia em que teve a primeira crise de pânico.

Robert Dawney Junior é o jornalista que escreve sobre muitas vidas. Por acaso encontra Ayers tocando violino embaixo do viaduto, na cidade de Los Angeles. O local tem uma energia negativa, é sujo e decadente. Para Ayers é tudo o que precisa para expressar seus sentimentos, um espaço aberto para viver sem as pressões insuportáveis da sociedade.

As cidades têm seus espaços negativos, sujos e decadentes. O tempo passa para esses lugares. As requalificações são inúteis. Muitas pessoas não gostam e não sabem porque. Sentem-se mal. Teriam sido cenário de terríveis acontecimentos? Ninguém sabe as razões dessa rejeição. Ayres, ao contrário, precisava desses lugares para entrar em sintonia com a cidade. Sua música elevava-se e enchia de graça as ruas, os viadutos e a trama urbana. Joe Wright filma o espaço urbano de diversos ângulos. Em alguns momentos a cidade é como um quadro. Vira uma planta de situação, a música sobe, embala o canto dos pássaros e passeia pelas ruas elevadas, viadutos e pontes. Finalmente sai através da luz no fim do túnel, como um feliz presságio.

Steve, o jornalista escritor pára. Alguma coisa inexplicável o atrai para o talento de Ayers. O músico não lhe dá atenção, absorto em repetir algumas notas sem o menor sentido. Ayres é
Nathaniel Anthony Ayers, o adolescente que tinha um futuro promissor na música. E termina nas ruas. Agora é um homem de meia-idade. Nesse momento tem início a grande amizade entre os dois. Nathaniel atravessa a tênue linha que define o caráter do que é considerado normalidade. Steve percebe seus problemas, envolve-se com o amigo. Tenta trazê-lo de volta ao mundo que, segundo seus valores considera que seria o melhor para Ayers.

Consegue convencê-lo a residir na comunidade Lamp, que abriga sem-tetos e pessoas com problemas psicológicos. Como a mulher que reclamava que quando lhe davam lítio, cessavam as vozes dentro dela. Cessavam as palavras que lhe traziam conforto.

Aos poucos Ayers sofre a influência de Steve. O jornalista consegue uma apresentação para ele no Walt Disney Concert Hall, de Frank Gehry. É hilariante a entrada dos dois empurrando o carrinho de mão do músico, no prédio high tech de Frank Gehry. Finalmente, a tão esperada grande crise acontece. O coordenador do Lamp inutilmente alerta Steve: "Os valores dos que se denominam normais não podem ser impostos aos portadores de transtornos psíquicos, nem aos sem teto. O psiquiatra somente poderá ser consultado se o paciente assim o desejar. Os medicamentos, que poderiam devolver-lhe uma vida com menos sofrimento, somente poderão ser prescritos se o paciente aceitar a medicação. Da mesma forma a internação. Nenhum doente com esse tipo de problema pode ser internado se não o desejar." Ao que parece, no Brasil, não existe unanimidade em relação a essa concepção de tratamento. Mas isso é com os psicólogos e psiquiatras.
Concordamos sim, que Steve envolve-se em demasia com os problemas de Nathaniel.

O filme transita entre os encontros e desencontros dos dois. Steve têm dificuldades com a ex-mulher, a quem é extremamente ligado. Não consegue resolver seus problemas, muito menos os de Ayers. Finalmente aceita que, para Nathaniel Anthony Ayers o grande passo foi dado. O fato de ter conquistado um amigo poderá mudar a química de seu cérebro... Steve continua sua atividade jornalística e Ayers continua sendo um portador de transtorno cerebral que conquistou um grande de amigo.

Com certeza um verdadeiro amigo é tudo o que precisamos! Não esqueça os amigos são raros e precisam ser cuidados e cultivados como os bonsais. Os atores Jamie Fox e Robert Dawney Junior estão ótimos em seus personagens. Mas o destaque fica com Robert, que parece estar de bem com a vida mesmo! Não perca este belo filme!


Para Eder

Eder,

Agradeço e retribuo os votos de um Feliz Natal e Ano Novo. Também faço votos que consigamos ser criativos e persistentes em nossos blogs, e que nossos leitores gostem de nossos textos.

Abraços, Doris Maria

sábado, 26 de dezembro de 2009

Sempre ao seu Lado

Se você quiser pensar ou sentir sobre as perdas que sofremos ao longo de nossas vidas não deixe de assistir ao belo filme do sueco Lasse Hallström (o mesmo de "Chocolate"). A história é verdadeira, mas o diretor não parte para a pieguice. Não é necessário. É como se Hallstrom tivesse a chave daquele compartimento onde estão encarceradas as nossas emoções, aquelas que teimam em sair quando menos esperamos. Ele abre essa porta quando quer, e as pessoas choram, e choram muito.

"Sempre ao Seu Lado" ("Hachiko: A Dog's Story") é uma história real que aconteceu na década de 1930, no Japão. A primeira adaptação para o cinema foi o filme japonês de 1987 , Hachiko monogatari. Foi escrito por Stephen P. Lindsey. É a história da amizade entre Parker e seu chachorro Hachi. O remake de Hallstrom é estrelado por Richard Guere, Joan Allen e Sarah Roemer.

Basta assistir ao trailer oficial para saber que dono e cachorro se separam no decorrer da narrativa. Assim não tem porque não contar a parte principal da história. Emociona saber da relação e da lealdade entre o akita e seu dono. Para depois, simplesmente não suportar a idéia que o cachorro fica sozinho.

Deve ser o mesmo sentimento que temos em relação a nossos filhos. Esperamos morrer antes deles. Esperamos ter encaminhado e educado nossos filhos, para quando morrermos eles não precisarem mais de nós. Assim, o triste na história de Hachi , o insuportável é saber que um belo dia, sem mais nem menos, acontece a inversão da ordem natural das coisas. O dono não volta mais. O cachorro fica ali, esperando, sem entender, por mais de 10 anos. Isso é insuportável para quem vê o filme. Mesmo assim, queremos muito, muito assisti-lo, precisamos desse filme.

Como a história é verdadeira, provavelmente aconteceu com muitos outros Hachis. Com Guarani, o cachorro do meu tio Epaminondas, o Gurizinho, é certo que aconteceu. Meu tio mudou-se do campo para a cidade e não o levou . O animal era amarelo, forte e de raça indefinida. Antes da tragédia Guarani era bonito!Virou um andarilho, andava pela estrada, da chácara para a cidade. Não conseguiu encontrar o dono. Ninguém importou-se, todos continuaram levando suas vidas. Guarani desapareceu, nunca mais foi visto. Ninguém escreveu sobre ele. Morreu como viveu, no anonimato, sem lembranças. Todos o esqueceram. Colocaram a culpa nele: "Cachorro maluco e fujão!". Vendo Hachi entendemos Guarani, depois de tantos anos.

Hachi teve a sorte não viver no Brasil. Óbvio, é desnecessário explicar o porquê. Apesar de sua tragédia foi ajudado e auxiliado pelos amigos que fez defronte à estação onde esperava o dono. A repercussão da história resultou em três estátuas de bronze representando Hachi. Uma no local escolhido por ele, num canteiro da praça, defronte à Estação de Trem Shibuya, em Tóquio, na "Saída Hachi"onde diariamente esperava seu dono voltar do trabalho às cinco horas da tarde.

Os cachorros são lindos quando pequenos, Hachi era um akita fofo que despertava em cada um de nós o fator fofura. Leia a revista Veja de 16 de dezembro de 2009. Nossos cachorros já foram bebês fofíssimos como ele. Depois de 10 anos esperando, Hachi surge na tela como um velho cachorro, sofrido, sujo, peludo, de andar cambaleante. Acompanhamos a velhice e o sofrimento de nossos cachorros. Nunca esqueceremos o primeiro olhar que trocamos, quando nos vimos pela primeira vez. Como nunca esqueceremos a tristeza do último encontro. Até a natureza chorou. A chuva torrencial era de uma tristeza inenarrável. Sobraram cinzas, documentos e muitas lembranças. Se Hachi somente dignou-se a jogar bolinha para agradar ao dono que tanto amava, em nossas lembranças, nosso Hachi aparava todas as bolinhas no ar, era o Romário no campo de futebol de nossa sala.


quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O amor pede passagem

Mike (Steve Zahn) vive com os pais. A família é proprietária de um motel de beira de estrada, no Arizona. O ar de distração do moço é evidente. Repentinamente entra Sue Claussen ( Jennifer Aniston) no Kingman Management. Mike é atingido no instante pela flecha do Cupido. Você sabe como é aquele amor de adolescente? Lembra? Mike sente-se tonto, faz besteiras, derruba objetos. Bate com a cara na porta. Não é mais um adolescente. Embora seus olhos azuis e arregalados sejam os de um menino literalmente enfeitiçado pela jovem empresária.

Jennifer Aniston está muito bem como Sue, amadureceu. A personagem não esconde um coração instável e despedaçado. Sua parada no motel é para descansar das cansativas viagens como executiva, para vender quadros medíocres para empresas corporativas. É Sue que define Mike com clareza: "- Um míssil sem direção". Efetivamente Mike improvisa, não sabe qual objetivo perseguir. Idiotamente oferece como brinde da casa, sucessivamente uma garrafa de vinho barato e outra de champanhe. Atravessa o estado em busca de Sue. Mas não é isso que ela ambiciona.

Se Mike é um menino em busca de um sentido para a vida, é ele que faz a leitura de sua grande paixão. Sue o descarta para casar-se com Jango (Woody Harrelson), o milionário ex-punk. Mike desabafa afirmando que se ela pensa que ele é um míssil sem direção, ela é uma pessoa que sublima seus problemas, tentando salvar a humanidade. Antes é preciso cuidar de si mesmo. Sue, na opinião de Mike, não se ama e não se cuida. Transfere para o outro, tentando salvar a humanidade com seus tickets para mendigos. Nada mais correto.

A mágoa é imensa. Mike busca um sentido para sua vida no budismo. Mas distrai-se durante sete horas com o jogo de basquete! Procura encontrar-se consigo mesmo. Devagar com muito sofrimento vem o amadurecimento. Steve rouba a cena. Está ótimo como o desmiolado Mike, em transformação. Observe a mudança no olhar do jovem. A cena que marca a virada é a recuperação da corrente de ouro, presente da mãe.

Margo Martingale interpreta Trish, a mãe de Mike. Doente, preocupa-se com a vidinha estagnada do filho e com os problemas do marido Jerry ( Fred Ward) , ex- combatente do Vietnã, um paradão, que não cumpre nenhuma das promessas que faz a si mesmo. Fred Ward está magro e envelhecido. Da mesma forma que Sam Shepard, emprestou seu charme ao filme Os Eleitos, em 1983 (isso há 26 anos atrás!). Trish sente que Sue é uma boa moça para seu filho, apesar de possuir um coração destroçado, como afirma.

A comédia romântica possui uma reflexão que toca o espectador, e momentos de riso, que contam com a presença de Jango. Woody Harrelson de início faz rir com seu nome de cachorro. Igual ao do meu cachorro Django do Baipendi (Bolinha para os íntimos). De pelo azul ruano , era o cocker mais bonito que já vi. O nome cai como uma luva, para o milionário, que além de ex-punk, treinava e colecionava cachorros. Podava seu jardim em formato de pit-bull, e tinha enriquecido de forma monótona com o iogurte.

Cuide, na mais bela das cenas, Mike com a ajuda do amigo chinês faz uma serenata para Sue, mulher casada, onde declara seu amor e canta, rimando, que quer fazer amor com a mulher amada. Um modelo para derreter um coração feminino! O diretor Stephen Belber foi muito sutil na direção desta bela comédia romântica.



sábado, 19 de dezembro de 2009

Avatar

James Cameron escolheu a dedo o ator para Avatar, não poderia ter sido melhor. Lembram-se de Marcus Wright, o ciborgue de O Exterminador do futuro, a salvação? Uma criatura dramática, meio homem, meio máquina e muito sexy? É Sam Worthinghton, o ator que em O Exterminador... nos fez esquecer que o mocinho da história era Christian Bale, o John Connor.

O filme é marcante, magnífico e belíssimo. É merecedor de muitos outros adjetivos semelhantes. Cameron fala de coisas que não pensamos no cotidiano, mas que podemos ter sonhado um dia.

Avatar é uma palavra muito antiga, que virou lugar comum hoje em dia. A wikipédia afirma que Avatar, no hinduísmo é a manifestação corporal de um ser imortal. É a Lenda de Aang, nos desenhos animados da Nickelodeon, é a realidade virtual, ou ainda é o personagem central de games Ultima. Avatara também é o álbum da banda portuguesa Blasted Mechanism. O avanço da internet coloca o Avatar na avant garde, todos falam no seu Avatar. Nos games o Avatar é a projeção do nosso ser mais íntimo. Nos transformamos naquele ser virtual perfeito e poderoso. Mas daí para uma fuga da realidade é um passo. Os verdadeiros problemas e qualquer tentativa verdadeira para solucioná-los passam longe da realidade virtual e do Avatar. O cinema, hoje, o coloca além dessas preocupações .Se eu nunca quis saber de Avatar, me apaixonei pelo filme de Cameron.

Celebra a alta tecnologia.
Os atores, a história, a interpretação estão extremamente amarrados pela tecnologia digital. Nós, espectadores ficamos tão envolvidos pela história que não temos tempo para pensar nos passos de elaboração do filme. Os humanóides são pura tecnologia. Cameron filma cenas reais, combinando-as com animações. Mistura as duas para criar a realidade que vemos na tela. Ele afirma que a câmera virtual permitia que visse o que filmava, instantaneamente na animação virtual. (Veja O Estado de São Paulo, 2-12-09). Assim as caras que Zoe fazia, seus grunhidos animais, seus gestos ferozes de desaprovação, que apareciam na Naityri virtual, de fato eram expressões da própria atriz. Ficou ótimo na tela.

Sam Worthinghton encarna Jack Scully, um cadeirante, ex-mariner, que substitui seu irmão morto, na esperança de um tratamento para ter suas pernas de volta. A ficção se passa em 2154, quando um esquadrão de marinheiros viaja à lua de Pandora, que gira em torno do sistema estelar Centauro. O ponto alto do filme - lembra muitos outros de ficção - é a descoberta da cientista, dra. Grace Augustine, interpretada Sigourney Weavear, que permite a transferência da mente e do espírito de um ser humano em estado inanimado, como que vegetativo, para outro. No caso, para um humanóide azulado, magérrimo, com 3,00 m de altura, com rabo e orelhas pontudas - que mexem-, olhos enormes e dourados. São os
na'vis. Assim, Jack Scully ganha seu próprio Avatar e conhece a bela Naityri (Zoe Saldanha), que não aparece com seu próprio rosto em nenhuma cena. Ela é a alienígena, filha do grande chefe.


James Cameron, em entrevista à imprensa, quando lhe perguntam se confirmava que Avatar tinha traços de muitos outros filmes como Pocahontas, westerns, Titanic e O Exterminador so futuro responde: "Você pode achar o que quiser. É sua opinião. Cada um vê meus filmes como bem entende. Eu conto a história que quero contar." Assim, lá vai o que penso:

Sigourney Weaver, especialista em viagens interplanetárias, com sua personagem Ripley, em Aliens, o passageiro, também não poderia ter sido melhor escolha. Transforma-se na doutora que opta pela salvação do mundo defendendo a natureza e os povos da floresta. O filme é uma crítica ao capitalismo selvagem que emprega métodos - muito além do terror -, em nome do lucro. A explicação parece simplória, mas é verdadeira. Em Pandora abunda um metal muitíssimo valioso, o "unobtanium", sonho dos países que desejam dominar o mundo, leia-se EUA. O vilão da história é o comandante Coronel Miles Quaritch, que explica a Jack Scully: se ele deve obediência à cientista, é a ele - Miles- que Jack deve se reportar.

Assim, Jack cai na floresta. Seu objetivo é infiltrar-se para informar seus companheiros de destruição. Mas transforma-se em seu próprio Avatar. Seu novo mundo é a floresta, seu povo é povo de sua amada Naityri. Vive aventuras inimagináveis, enquanto seu ser original, o próprio Jack vê aquilo tudo dentro de uma câmara de ressonância magnética. Vê de olhos fechados, de costas para a realidade. Aliás, não é a realidade do nosso mundo que interessa, mas o sonho, a fantasia. Jack - o deficiente- fica feliz, quando vê que tem pernas fortes, corre e corre muito. Seu coração aguenta tudo, é muito forte. É tudo o que um paraplégico, ou um revascularizado gostaria de ter. Jack é cada um de nós, que em sonho supera suas deficiências. Jack é o paraplégico que quer pernas para correr. É o cardíaco que quer um coração forte para correr a maratona. É o deficiente imperfeito. É qualquer ser humano, que sonha ser forte e perfeito.

Como afirma Cameron cada um vê o que quer ver. Então, Avatar é uma homenagem ao cinema, aos cinéfilos, àquelas criaturas que desde seus tenros 8 anos, vivem com os olhos arregalados e grudados na telona do cinema. Àqueles caras que sabem tudo de cinema, são verdadeiras enciclopédias ambulantes sobre a sétima arte. Dispensam arquivos digitais, possuem uma memória prodigiosa. Mas que não querem nem saber das coisas práticas da vida, planejar sua vida financeira, nem pensar. Jack, deitado dentro da cápsula, é o cinéfilo apaixonado, sonhando e vivendo muito mais de mil e uma aventuras. Vendo e vivendo todos os filmes do mundo. Enquanto ele, Cameron conta as histórias que quer contar. Avatar fala desse amor ao cinema também. Homenageia todos os filmes que tratam de temas semelhantes. Até aqueles seriados, em preto e branco, em que o mocinho sentava numa cadeira, relaxava, deixava a cabeça cair e se transformava em um super homem, que voava ou fazia coisas extraordinárias.

Tem gente que mistura filmes, por exemplo, poderíamos misturar Avatar, com 2012. Poderíamos pensar que as previsões dos maias para 2012 tem suas explicações em comportamentos destrutivos como os do grupo de mariners que destroem a floresta e espalham o terror. Ou ainda, com o comportamento das nações que dão as costas para os perigos do aquecimento global na Conferência de Copenhagen. Assim nenhum de nós ficaria surpreso se acontecesse algo terrível em 21 de dezembro de 2012... que transformasse o mundo ... sei lá como...

Mas Cameron traz uma mensagem otimista. A religiosidade de um povo que acredita em sua divindade maior, a união dos povos e a própria natureza trazem a revanche e a vingança da própria natureza. Para nosso mundo só falta a união dos povos...


domingo, 13 de dezembro de 2009

A Princesa e o sapo

A Princesa e o sapo é um filme novo, mas tem a aura dos filmes da Disney de antigamente. É lindo e emocionante. Não é para menos, John Lasseter, o mago da Disney, depois de esbanjar categoria na animação computadorizada Up Altas Aventuras, em 3D, dá marcha a ré no tempo e faz um filme delicioso, feito à mão.

A Princesa e o sapo é um desenho bidimensional, que remete direto aos antigos filmes da Disney, A Bela Adormecida, Bambi, A Dama e o Vagabundo, Branca de Neve e os Sete Anões ou Cinderela. É para encantar adultos e crianças. Diga-se de passagem, eu era a única adulta sem uma criança pela mão, enfim... Foi possível lembrar a felicidade que os álbuns de figurinhas da Disney provocavam em mim e em minha irmã.

O filme transgride as regras dos contos de fadas. Tudo acontece às avessas. A princesa é negra, bela e cor de chocolate. Quando beija o sapo, que não é outro senão o príncipe Naveen, é ela que vira sapo, e não o sapo que vira príncipe! E para revolucionar ainda mais, o filme é ambientado em New Orleans, terra do jazz e da arquitetura de tradição francesa.

O casal de sapinhos até que é bonitinho. São verdes e musculosos. Notaram como os sapos tem músculos bonitos? Os desenhistas da Disney que o digam. No decorrer da história, a paixão entre os dois, cada dia aumenta mais. Até que o príncipe virado sapo se declara para Tiana: - "Eu te amo"'. Ao que uma criança na platéia responde: - "Eu não"! ( risos). Assim como a princesa, que tinha horror a sapos, ainda não nos habituamos a tocar nesses bichinhos.

O personagem que ganha o nosso coração é o desdentado vagalume, apaixonado por Evangeline, a estrela D'Alva. A Princesa e o sapo, assim como Bambi trata da morte, um tema difícil para todos. É tão triste e emocionante quanto Bambi. Nos faz chorar, e muito. A morte do vagalume é uma luzinha que se apaga devagarinho. Não há o que fazer. Nenhum dos amigos consegue impedii-la. Ele vai embora devagarinho e se transforma numa estrela, que nem o Rilquinho, o meu cachorrinho que morreu. Imagino que ele está no céu me esperando. Então aparece aquela luz ao lado da estrela D'Alva. É o vagalume que virou estrela. Como tudo é passageiro neste mundo, ele agora ficou eterno.

O filme é dirigido por John Muskers e Ron Clements e recomenda máximas como: "Se você pedir um favor para uma estrela, não esqueça, ela é responsável pela metade, o resto você consegue com muito trabalho". Ou, "É preciso cavar fundo para conseguir tudo o que você deseja".

O pântano é visto em cenas belíssimas. Como não comparar com Andersen? O vagalume desliza pelo rio dentro da folhinha esverdeada, num ambiente opressivo e fantástico. Parecia a Mindinha de Hans Christian Andersen, que foi roubada por uma sapa. A menina minúscula que dormia numa casca de noz, deslizava pelo rio, dentro da folha, prometida para o sapo, filho da sapa. Vejam que as duas histórias tem sapos e folhas que navegam pelo rio...

Eu, que já estava conformada em ver os sapinhos apaixonados durante quase todo o filme, pensei que os autores tivessem rompido mesmo com todas as regras, e os mantivessem sapinhos até o final. Mas não! para alegria da criançada e nossa, eles viram príncipe e princesa como todo bom conto de fadas! Não deixe de assistir A Princesa e o sapo. Consiga uma criança e leve-a pela mão. É um belo filme!


domingo, 6 de dezembro de 2009

Coco Avant Chanel

O filme é charmoso e chic como a personagem Coco Chanel. A diretora Anne Fontaine faz uma biografia autorizada pela atual Maison Chanel. Assim não se arrisca por caminhos perigosos que poderiam denegrir a imagem de Madame Chanel. Muito menos conta o final de sua vida solitária, na riquíssima suite do Hotel Ritz, na Praça Vendôme, o endereço mais caro de Paris.

Andrey Tatou faz Gabrielle Chasnel, o verdadeiro nome de Coco Chanel. A atriz está linda e delicada como sua personagem. É como imagino a verdadeira Coco Chanel, uma mulher que estava à frente de seu tempo.

Chanel viveu na década de 20, em mundo dominado pelos homens. Fez seus arranjos e amantes de interesse. Mas, a dar-se crédito a Anne Fontaine sua verdadeira paixão foi Arthur Capel (Alessandro Nivola). O ator é outro charme dentro do filme, com um sorriso irresistível, de propaganda de pasta de dentes, com caninos levemente ponteagudos. Ouvi falar que homens com caninos ponteagudos são sexy. Concordo. Arthur Capel, o Boy, morre em um acidente de automóvel em 1924. Quem sabe... ao ver seu grande amor morrer, Madame Chanel tenha se dedicado somente a sua outra grande paixão, a moda.

Anne Fontaine dá destaque a relacionamento entre Chanel e Etienne Balsam (Benoît Poelvoorde), o milionário criador de cavalos, que a aceita e protege. Mas destaca também a cena em que os dois homens, Balsam e Capel, disputam a posse de Chanel, em uma espécie de solidariedade masculina, em que um, cede, civilizadamente, a mulher ao outro. Ao que parece, nenhum dois era ligado ao casamento nos moldes tradicionais. Muito menos Chanel, que parte para Paris, instalando-se e vencendo no mundo na moda.

Além de Balsam e Capel, Madame Chanel teve outros amantes, homens e mulheres. Outros amores, como o compositor russo Igor Stravinski. Ou ainda o espião nazista, Hans Dincklage. Quem sabe se eu tivesse assistido ao filme Coco Chanel & Igor Stravinski, do holandês Jan Kounen deixasse de pensar que Boy foi a grande paixão de Chanel... Tornou-se amiga do Duque de Westminster, Salvador Dali, Isadora Duncan, Jean Cocteau e Picasso. Sempre esteve ligada à alta sociedade e às vanguardas dos anos 20. No filme sua trajetória é de contos de fada.

Chanel é uma personalidade transgressora. Veio para contestar o casamento tradicional e a moda opressora que não libertava a mulher. Queria que elas se livrassem dos espartilhos. Achava que a moda parisiense da época, cheia de babados e colares as transformava em doces de confeitaria. Sua proposta inovadora teve resistência . Até seu amante Boy delicadamente lhe diz que não estava habituado a despir um menino. Chanel usava e experimentava em si mesma a sua nova moda.

O look Chanel se eternizou e seu perfume, Chanel No 5, hoje em dia é ainda mais conhecido que no tempo de Marilyn Monroe, que usava para dormir apenas duas gotas do perfume!


Los Abrazos Rotos

Nada como o título no original, Abrazos Rotos. Diz mais do que Abraços Partidos. Pedro Almodóvar atrai o público pela expectativa que existe em relação ao seu trabalho. Em seus filmes sempre acontece alguma grande tragédia, que mistura lágrimas e risos. Abrazos Rotos não foge à regra. Conta uma história que Almodóvar vinha pensando há tempo. A do diretor de cinema que devido à uma fatalidade, fica cego. Lluís Homar interpreta o cineasta cego, que conta sua própria tragédia. Diz que se chamava Mateo Blanco, mas que sentia que precisava viver outras vidas com mais emoção. Então passou a assinar seus roteiros, textos e peças literárias com o pseudônimo Harry Caine. Mais do que uma homenagem a algum ator de mesmo nome parece uma crítica sutil ao frisson que o cinema americano provoca em outros países. Em off, Harry Caine conta que se apaixonou por Lena (Penélope Cruz) enquanto rodava seu filme. Uma paixão devoradora, um amor louco surge entre a atriz principal ( do filme dentro do filme) e diretor. O ciúme doentio do marido traído, Ernesto Martel (José Luis Gómez) provoca a grande tragédia. No acidente fatal Lena morre e Mateo fica cego. Nesse momento o diretor sente que Mateo morreu, restou apenas Harry Caine. Passa a ser cuidado por Judit (Blanca Portillo), sua fiel diretora de produção, que mantém o filho, Diego (Tamar Novas) trabalhando com os dois.

Abrazos Rotos tem personagens estereotipados. Ninguém é santo nessa história. Lena é responsável por suas desditas. Ao representar o papel da atriz sofredora que não conseguia realizar sua grande paixão, deveria estar consciente de ter vendido a si mesma, como mercadoria, para o marido Ernesto Martel. Rico e traído, não menos problemático, ele vive de espionar sua mulher. Para descobrir os deslizes da musa, contrata extras para filmar tudo o que se passa em off nos estúdios de filmagem. A leitora de lábios lhe diz o que apunhala seu coração, as palavras de amor que Lena pronuncia para o amante. De olhos arregalados assiste a esses filmes espúrios, ao lado da leitora, a ótima atriz Lola Duenãs. Lembram-se dela, em Mar Adentro? Martel é rico e covarde , daqueles que gostam de sofrer.

Abrazos Rotos fala de cinema, da grande paixão de Almodóvar. Sempre temos a câmera que tudo vê, e o olho que vê o filme. Ou é o próprio Abrazos Rotos, ou é o filme dentro de Abrazos. Ou ainda é a homenagem ao cinema, no filme de Rosselini, Viagem à Itália. Almodóvar mostra a cena mágica, o casal eternizado em pedra. Abraçados e mortos, os amantes foram vítimas do vulcão Vesúvio. Ingrid Bergman, ao lado de George Stevens, sofre ao ver aquela trágica cena de amor. Almodóvar recria a cena. Em seu último beijo, no momento fatal, Mateo e Lena são filmados. Um Abrazo Roto é eternizado pela câmera amarrada ao lugar do carona, no carro dirigido por Ray X ( Rubén Ochadiano).

Almodóvar em seus filmes trata da homossexualidade. Na maior parte das vezes, o personagem é trágico. Desta vez o homossexual é minúsculo, um joão-ninguém, a quem os outros não dão a menor importância. Para vingar-se do mundo, Ray X se transforma no olho que tudo vê. No olho que poderá fazer chantagem, documentar uma tragédia ou o próprio crime. Aqui temos a homenagem a Hitchcock. O carro de Ray X é a janela indiscreta de Hitchcock, que se abre para o mundo. Vemos o filme através de janela do carro de Ray.

O sobrevivente Harry Caine busca uma razão para viver, tentando remontar seu filme adulterado por Ernesto Martel. Como um verdadeiro melodrama Abrazos Rotos é bom por muitas razões. Entre elas me faz lembrar os dramas de novela que minha mãe ouvia no rádio. No tempo que não existia TV, em Dom Pedrito. Ela ouvia novelas, em que o personagem se chamava Tabarra, um proprietário de terras. Era tão prepotente e abusador do poder quanto Ernesto. Lembra também o cinema mexicano dos anos 50-60. Para outros, o filme adere ao cinema noir dos anos 50.

O fecho da história trágica traz Judit Garcia, a personagem cuidadora. A que se beneficia com a tragédia dos outros. A que fica feliz com a deficiência de Mateo, que morre e se transforma no pobre e cego Harry, dependente de Judit. Assim como os sádicos precisam dos masoquistas para viver, os cuidadores precisam dos fracos e dos frágeis para fazerem suas boas ações. Se sentirem bem e felizes. Poderíamos chamar de boa ação o comportamento de Judit? Nada como se entregar a um cuidador, para um fraco e indeciso- que não consegue andar por suas próprias forças- sentir-se seguro e amparado... Esse era Harry. Nunca dispensou Judit, que finalmente revelou seu segredo.

Observe, nos filmes de Almodóvar sempre há um filho à procura do pai. O segredo finalmente será revelado. A ordem será restabelecida, quando, após a tempestade, Harry, Judit e Diego passarem a formar a família informal dos tempos atuais.


Para Pedro Ceballos

Pedro,

Nada como um comentário brilhante e inteligente para sacudir o meu blog.

Abraços, Doris Maria