quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Negóçio das Arábias

Negócio das Arábias é um velho ditado que tem seu fundo de verdade. Como bom funcionário da Reynold's, Alan Clay tentava fechar esse negócio com o rei da Arábia Saudita. 
O filme é tocante simplesmente pela presença de Tom Hanks. Ninguém seria tão perfeito para encarnar o homem comum, insatisfeito consigo mesmo, em busca de um novo sentido para a vida. A narrativa é marcada pelas inúmeras vezes que o personagem acorda tarde, bebe demais, dorme além da conta , e precisa - de última hora - alugar um carro com motorista.
Se o produto que a Reynold's desejava vender aos árabes, exigia wi-fi e ar condicionado, nada funcionava. Para completar as desventuras do personagem, surge um caroço em suas costas, o que termina afetando o íntimo de seu ser. A insegurança o desestabiliza. Frágil e incapaz, não consegue resolver com simplicidade os problemas cotidianos.
Até o dia em que seu olhar bate com a visão da médica que revolucionará sua vida. 
Não é chavão! O amor é lindo! Provoca mudanças! Produz maravilhas!
Tudo muda, Alan muda e as transformações são inimagináveis!   
Quem nos dera, simples mortais, sermos flexados pelo Cupido, que nem Alan! Quem nos dera, vivenciarmos o paraíso, como Alan e sua médica, prescrutando o fundo do mar azul das Arábias!
Se os chineses abocanharam as propostas e o grande negócio de realidade virtual, quem de fato, fez um Negócio das Arábias foi Alan Clay!

domingo, 10 de julho de 2016

Julieta

Almodóvar é imbatível! Não há como não amá-lo! Ninguém faz melhor um dramalhão!
Mas cá para nós, eu esperava uma daquelas histórias incríveis que ninguém  conseguiria imaginar como "Tudo por minha mãe"!
O drama de Almodóvar conta a história de Julieta, uma mulher que se apaixona por um pescador, muda de vida e tem uma filha com ele. Ironia do destino, um dia o mar leva seu grande amor. A filha, uma adolescente  imatura e desequilibrada culpa a mãe pela desgraça! Acabou minha paciência com essas maluquinhas! Ainda mais quando buscam refúgio em religiões alternativas, tipo Santo Dai-me!
Almodóvar destaca a relação entre mãe e filha, o drama da mãe, que se sente culpada por não ter educado melhor sua filha! 
Mas qual mãe ou pai que não se tortura por isso? Esse sentimento até é explorado em propagandas de carro na TV! Quando o pai, depois que o filho compra um carrão se penitencia por não ter-lhe dedicado um tempo maior. O filho responde : pai aqui está a tua segunda chance, minha mulher está grávida!
Enfim , as duas atrizes que fazem Julieta são muito bonitas. Mas a Julieta jovem é perfeita! Linda de morrer!
Ingrata mesmo, é a filha de Julieta, pune a mãe por mais de 12 anos, simplesmente desaparece! E a mãe sofre demais! Nada podia funcionar em sua vida sem a presença da filha! Estava certa ela! Nenhuma de nós gostaria de passar por essa experiência!
Engraçado, Almodóvar fala com conhecimento de causa sobre homossexualismo masculino, mas sobre o feminino apenas insinua. 
Entendi que a filha tinha se apaixonado pela colega de escola, não conseguindo superar seus conflitos, refugia-se na religião e pune a mãe porque esta teria discutido com o pai, justamente antes dele entrar no mar e ser surprendido pela tempestade!
Muito engraçada e genial é a empregada, com aquele narigão! Uma fofoqueira de marca maior! A atriz é ótima!
Enfim, não perca mais um Almodóvar e descubra que ainda existem homens que podem ser os maridos ideais mas que as mulheres não conseguem enxergar! 

Julieta

Almodóvar é imbatível! Não há como não amá-lo! Ninguém faz melhor um dramalhão!
Mas cá para nós, eu espera uma daquelas histórias incríveis, que nenhum de nós conseguiria imaginar como "Tudo por minha mãe"!
O drama de Almodóvar conta a história de Julieta, uma mulher que se apaixona por um pescador, muda de vida e tem uma filha com ele. Ironia do destino, um dia o mar leva seu grande amor. A filha, uma adolescente  imatura e desequilibrada culpa a mãe pela desgraça! Acabou minha paciência com estas louquinhas! Ainda mais quando elas buscam refúgio em religiões alternativas, tipo Santo Dai-me!
Desta vez, Almodóvar destaca a relação entre mãe e filha, o drama da mãe, que se sente culpada por não ter educado melhor sua filha! 
Mas qual mãe ou pai que não se tortura por isso? Esse sentimento até é explorado em propagandas de carro na TV! Quando o pai, depois que o filho compra um carrão se penitencia por não ter-lhe dedicado um tempo maior. Este responde : pai aqui está a tua segunda chance, minha mulher está grávida!
Enfim , as duas atrizes que fazem Julieta são muito bonitas. Mas a Julieta jovem é perfeita! Linda de morrer!
Filha ingrata mesmo, é a filha de Julieta, pune a mãe por mais de 12 anos, simplesmente desaparece! E a mãe sofre demais! Nada podia funcionar em sua vida sem a presença da filha! Estava certa ela! Nenhuma de nós gostaria de passar por essa experiência!
Engraçado, Almodóvar fala com conhecimento de causa sobre homossexualismo masculino, mas sobre o feminino apenas insinua. Entendi que a filha tinha se apaixonado pela colega de escola, não conseguindo superar seus conflitos, refugia-se na religião e pune a mãe porque esta teria discutido com a pai, justamente antes dele entrar no mar para pescar e ser surprteendido pela tempestade!
Muito engraçada e genial é a empregada, com aquele narigão! Uma fofoqueira de marca maior! A atriz é ótima!
Enfim, não perca mais um Almodóvar e descubra que ainda existem homens que podem ser os maridos ideais mas que as mulheres não conseguem enxergar! 

Julieta

Almodóvar é imbatível! Não há como não amá-lo! Ninguém faz melhor um dramalhão!
Mas cá para nós, eu espera uma daquelas histórias incríveis, que nenhum de nós conseguiria imaginar como "Tudo por minha mãe"!
O drama de Almodóvar conta a história de Julieta, uma mulher que se apaixona por um pescador, muda de vida e tem uma filha com ele. Ironia do destino, um dia o mar leva seu grande amor. A filha, uma adolescente  imatura e desequilibrada culpa a mãe pela desgraça! Acabou minha paciência com estas louquinhas! Ainda mais quando elas buscam refúgio em religiões alternativas, tipo Santo Dai-me!
Desta vez, Almodóvar destaca a relação entre mãe e filha, o drama da mãe, que se sente culpada por não ter educado melhor sua filha! 
Mas qual mãe ou pai que não se tortura por isso? Esse sentimento até é explorado em propagandas de carro na TV! Quando o pai, depois que o filho compra um carrão se penitencia por não ter lhe dedicado um tempo maior. Este responde : pai aqui está a tua segunda chance, minha mulher está grávida!
Enfim , as duas atrizes que fazem Julieta são muito bonitas. Mas a Julieta jovem é perfeita! Linda de morrer!
Filha ingrata mesmo, é a filha de Julieta, pune a mãe por mais de 12 anos, simplesmente desaparece! E a mãe sofre demais! Nada podia funcionar em sua vida sem a presença da filha! Estava certa ela! Nenhuma de nós gostaria de passar por essa experiência!
Engraçado,  Almodóvar fala com conhecimento de causa sobre homossexualismo masculino, mas sobre o feminino apenas insinua. Entendi que a filha tinha se apaixonado pela colega de escola, não conseguindo superar seus conflitos, refugia-se na religião e pune a mãe porque esta teria discutido com a pai, justamente antes dele entrar no mar para pescar e ser surprteendido por uma tempestade!
Mudo engraçada e genial é empregada com aquele narigão! Uma fofoqueira de marca maior! A atriz é ótima!
Enfim, não perca mais um Almodóvar e descubra que ainda existem homena que podem ser os marridos ideias mas que as mulheres não conseguem enxergar! 

Big Jato

O filme é baseado no livro do poeta Xico de Sá e conta sua vida na cidadezinha do interior, Peixe de Pedra. Adorei, embora o diretor Claudio de Assis tenha carregado nos palavrões! Marinalva é fichinha perto de Francisco, pai de Xico. 
Como a história é a visão do poeta, dá para entender o vocabulário, que tenta ser do povão, mas tem muito de erudito. A cada fala surgem palavras sofisticadas e um montão de ditados com filosofia de vida! Matheus Nachtergaele, o pai, puxa do português para surpreender o espectador. 
- "A curiosidade mata a coragem! "
E, na boleia do caminhão que desentupia fossa com um Big Jato, canta para o filho:
- "A curva é que dá sentido na estrada, a reta tem nada a ver na caminhada!"
Nachtergale faz dois papéis, do pai e do tio Nelson. Mas é um pai patrão, preconceituoso, que bate no filho e não aceita a sua vocação para a poesia.
O tio Nestor pode ter influenciado o menino, não parava de falar nos Beatles. Na falta destes, os Betos serviam e cantavam sem parar na Rádio Ororubá! Inventava mil e uma histórias divertidas!
O garoto que faz Xico de Sá ( Rafael Nicácio) é muito bom! Uma graça com aqueles óculos de aros grossos.
O personagem torna-se universal, muita gente tem ou teve familiares alcoólatras, como Francisco. Da mesma forma que nosso herói, apanharam de vara de marmelo e comeram o pão que o diabo amassou! 
Existem muitos Xicos que um dia decidiram abandonar aquela mesquinha cidadezinha do interior. Ficaram desgarrados e sem pátria. Para eles o melhor é não voltar nunca mais!
De qualquer forma Peixe de Pedra nunca abandonou o poeta. O próprio nome do lugar confirma, foi lá que sua consciência permaneceu petrificada.
Se, para o menino foi duro trabalhar sentindo o cheiro de merda o dia inteiro, dá para entender sua fascinação pelo perfume!
Finalmente, o poeta faz a escolha certa: opta pelo perfume!

Big Jato

O filme é baseado no livro do poeta Xico de Sá e conta sua vida na cidadezinha do interior, Peixe de Pedra. Adorei, embora o diretor Claudio de Assis tenha carregado nos palavrões! Marinalva é fichinha perto de Francisco, pai de Xico. 
Como a história é a visão do poeta, dá para entender o vocabulário, que tenta ser do povão, mas tem muito de erudito. A cada fala surgem palavras sofisticadas e um montão de ditados com filosofia de vida! Matheus Nachtergaele, o pai, puxa do português para surpreender o espectador. 
- "A curiosidade mata a coragem! "
E, na boleia do caminhão que desentupia fossa com um Big Jato, canta para o filho:
- "A curva é que dá sentido na estrada, a reta tem nada a ver na caminhada!"
Nachtergale faz dois papéis, do pai e do tio Nelson. Mas é um pai patrão, preconceituoso, que bate no filho e não aceita a sua vocação para a poesia.
O tio Nestor pode ter influenciado o menino, não parava de falar nos Beatles. Na falta destes, os Betos serviam e cantavam sem parar na Rádio Ororubá! Inventava mil e uma histórias divertidas!
O garoto que faz Xico de Sá ( Rafael Nicácio) é muito bom! Uma graça com aqueles óculos de aros grossos.
O personagem torna-se universal, muita gente tem ou teve familiares alcoólatras, como Francisco. Da mesma forma que nosso herói, apanharam de vara de marmelo e comeram o pão que o diabo amassou! 
Existem muitos Xicos que um dia decidiram abandonar aquela mesquinha cidadezinha do interior. Ficaram desgarrados e sem pátria. Para eles o melhor é não voltar nunca mais!
De qualquer forma Peixe de Pedra nunca abandonou o poeta. O próprio nome do lugar confirma, foi lá que sua consciência permaneceu petrificada.
Se, para o menino foi duro trabalhar sentindo o cheiro de merda o dia inteiro, dá para entender sua fascinação pelo perfume!
Finalmente, o poeta faz a escolha certa: opta pelo perfume!

sábado, 16 de abril de 2016

A senhora da van

Fui assistir à comédia dramática, "A senhora da van". Tinha certeza que ía gostar muito, enfim Ms. Sheperd apesar de excêntrica, não era tão simpática…
A ideia do filme é boa, trata-se de uma relação que durou 15 anos, entre um escritor e uma senhora, que morava numa van.
Em um bairro de Londres, o escritor tentava resolver seus próprios conflitos. Até por isso, ele o autor , era duplo, como a personagem Marinalva, do meu blog Marinalvamaisdezessete, que tem mais de dezessete Marinalvas, falando ao mesmo tempo,  dentro dela.
No filme eram dois, um que vivia e o outro que escrevia. O que vivia era o tipo de pessoa folgada. Não fazia nada e sentia o maior prazer em criticar o seu outro. Os dois eram iguais, como um par de vasos. O diretor, sutilmente permite que eles se alternem, um e outro surge com o colarinho aberto, como que a sinalizar que naquele dia estaria menos ferino nas críticas  ao seu gêmeo.
Ms. Sheperd, por sua vez, como toda idosa, fazia chantagem emocional, gritava para quem quisesse ouvir que ela era  muito doente, que estava à beira da morte! Buscava satisfazer o próprio interesse, que lhe ajudassem a empurrar a van, que lhe permitissem estacionar defronte a alguma garagem. Enfim - dentro das limitações de vida de uma idosa que vive dentro de uma van - ela desejava o melhor para si…Ranzinza,  permaneceu indiferente e nunca quis saber quantos minutos de seu precioso tempo o autor dedicou a ela.
Este por sua vez, tinha uma certa fascinação pela velhinha. Se a própria mãe ele cuidava quase por obrigação, permitia que Ms. Sheperd avançasse os limites e invadisse sua privacidade. Ela morava na vaga externa da garagem de nosso duplo e usava o seu banheiro sempre que estava apertada! Fora a quantidade de lixo que produzia e jogava em torno da van! Para espanto do autor e seu duplo, os cocôs da velha senhora saltavam a mais de 1 km. de distância!
Ms. Sheperd não teve uma vida fácil. Mas isso aí de vida fácil não existe hoje em dia! Pena da idosa, isso, acho que alguém na plateia deve ter sentido, quem sabe…
Enfim, o autor que descobria a si mesmo discutindo e enfrentando seu duplo, com certeza estava resolvendo seus conflitos e "A senhora da Van", com certeza  lhe ajudou na empreitada. Pois, como ele mesmo dizia: "Você não se coloca naquilo que escreve, você se encontra!" 

sábado, 9 de abril de 2016

Cemitério do Esplendor

Cemitério do Esplendor mostra o lado místico e pobre da Tailândia. O diretor Apichatpong Weerasthakul fala de pobreza e da irresponsabilidade do ditador. Era dele a foto na sala enorme , sem mobiliário? O diretor, imagino, tinha quase nada de recursos para fazer o filme, tipo uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. Tudo o que envolve a história é um verdadeiro drama sem solução. Soldados sofrem da doença do sono e dormem, sem a menor possibilidade de cura. O filme fala sobre o tempo, a exasperação de um tempo perdido. Por isso a cena do dormitório coletivo, somente o ruído dos ventiladores girando, num movimento perpétuo. Quando os irmãos Wright inventaram o cinema, o fizeram passando vinte e quatro quadros por segundo. Apichatpong, tentando passar a ideia da relatividade do tempo, exagera, a câmera literalmente pára em determinadas cenas, tudo permane imóvel por mais de 30 segundos! Quem suporta tanta exasperação de um tempo que não passa?
Acho que ele escolheu a Jenjira Pongpas  - que fazia o papel da enfermeira voluntária - porque de fato ela tinha uma perna mais curta que a outra?… Enfim, Jenjira sente-se atraída pelo soldado adormecido, Itt ( Banlop Lomnoi) - que lá pelas tantas acorda e novamente cai dormindo. Consegue comunicar-se com ele, através da vidente que lambe a sua perna deformada, num misto de erotismo e comportamento canino! - dai-me paciência! - Lembrei que a enfermeira o chamava  de meu cachorrinho! Enfim, quando fala de sexo, novamente Apichatpong provoca mal estar e desassossego... 

Entre Gigantes

Se você puder alugue o filme, já saiu de cartaz! Mesmo assim aqui vai um comentário!
Embora não tenha concorrido ao Oscar "Entre Gigantes" é um belo filme que conta uma história verdadeira. O médico legista Dr. Omalu Bennet trabalha em autópsias. Quando é contestado na justiça por ter descoberto a ETC, uma doença causada por choques violentos em lutas de box americano, discorre com tal fluência sobre suas especialidades médicas que encanta a plateia do filme e do cinema. Will Smith está muito bom como o médico  legista. Como todo imigrante, o Dr. Bennet achava que o sonho americano existia de verdade. Só não conseguia acreditar que na América alguém pudesse posicionar-se contra a ciência. Que nem Galileu e Copérnico, é pressionado pela poderosa NFL, a desmentir suas descobertas. Além de telefonemas ameaçadores, sua família é intimidada. Afinal, como  um imigrante africano  teria a coragem de dizer que a Liga da NFL não dá a mínima para os problemas de saúde que acometem ex-jogadores? Médicos conceituados estudam os casos que levam à ex-jogadores à morte precoce. Justificam com Alzheimer, depressão ou demência aos 50 anos! A doença é negada por antecipação no país que mais ama o seu futebol de porradas e pancadas na cabeça. Dr. Omalu explica que se o pica-pau suporta bater a cabeça num tronco de árvore, o cerébro humano não possui o mesmo tipo de proteção, está apenas envolvido por um líquido protetor. Assistir a esta história de um homem que se preocupa com sua contribuição médica para o futuro da humanidade é uma benção!
Lamentavelmente assistimos às artimanhas e aos desmandos do FBI.. Teriam algumas coisa em comum FBI e Lava Jato? Estariam acima de tudo e de todos?

sábado, 20 de fevereiro de 2016

O Regresso

Precisei assistir  duas vezes a O Regresso. Conclusão, realmente o filme do mexicano Alejandro González Iñarritu é muito bom. Em um primeiro momento poderíamos pensar que narra apenas o retorno doloroso do personagem Glass, sem grandes conflitos. Não é verdade, O Regresso mostra os limites de resistência do ser humano em luta pela vida e pela dignidade. O Regresso conta a história verdadeira de Hugh Glass, um caçador de peles, que foi abandonado semi morto por seu companheiro de aventuras John Fitzgerald (Tom Hardy). 
O diretor escolheu um cenário belíssimo, gélido e da mais difícil sobrevivência. Leonardo DiCaprio foi submetido às mais dolorosas condições de trabalho. A temperatura atingia verdadeiros 40 graus abaixo de zero. A paisagem do Alaska é fascinante e assustadora. A   história é verdadeira e se baseia em um romance de Michael Punke. Em 1823, no Velho Oeste, uma  expedição do exército deve caçar e carregar peles. Glass faz parte do grupo, juntamente com o filho Hawk ( Forrest Googluck). 
Desde o início estão presentes as ideias de companheirismo, amor paterno, compaixão, e generosidade ou sua ausência completa. O personagem de Tom Hardy mostra esta última em sua incapacidade de partilhar a vida, dominado  pela enormidade do mal, alguém capaz de matar sem jamais sentir remorso. Temos também,  o medo da morte, desejo de vingança e instinto de sobrevivência.
De início Fitzgerald mostra a que veio, provoca Glass, afirmando que seu filho índio é um selvagem, que não merece consideração. Logo, logo, vem a luta pela sobrevivência quando Glass é atacado pela ursa. O animal era uma fêmea, cuidava de dois filhotes. O ataque é violento e foi uma das poucas cenas criadas pelos realizadores, sem enfrentamento direto com a natureza. Quando DiCaprio está com o rosto, face a face, com o monstro recebe uma lambida, a ursa prova o seu sangue. Ataca uma vez, pára, volta uma segunda vez e na terceira leva o tiro e as facadas. Finalmente, cai sobre o corpo dilacerado do caçador.
O sofrimento do personagem está apenas iniciando, o grupo é liderado por um homem integro, mas frágil, (Domhnall Gleeson), que decide deixar dois homens acompanhando Glass em seus momentos finais. Os exploradores estão seguros que ele sobreviverá apenas algumas horas. O ato criminoso de Fitzgerald é quase inacreditável, intimida o jovem companheiro Bridger (Will Poulter), abre uma cova para enterrar Glass, ainda vivo, não satisfeito dá uma punhalada mortal em seu filho. 
Assim, o sofrimento do herói é quase insuportável, impotente , assiste à morte do próprio filho, e tal qual uma Phenix, renasce, cheio de ódio e desejo de vingança. 
Não é somente Glass que sabe e conhece o medo de seu inimigo Fitzgerald. Coberto de experiência ele sabe que renasceu das cinzas, que morreu uma vez, deixou de temer a morte  e vai cumprir seu desejo de vingança. 
Bonito no filme é a trajetória do herói, em seu renascimento. Cruza com personagens diversos que lhe dão lições de vida como índio, que lhe ensina que a vingança deve permanecer nas mãos de Deus.
Assista a este belíssimo filme e torça para que Leonardo DiCaprio ganhe seu merecido Oscar!

domingo, 7 de fevereiro de 2016

O Filho de Saul

O Filho de Saul é um filme sobre o Holocausto. Aliás é o mais doloroso que existe sobre o tema. O diretor não permite dois minutos de descanso para o espectador. Do início ao fim , o horror está escancarado na tela. Se cada um pode interpretar à sua maneira,  entendo que Saul assiste abismado, ao assassinato de um menino, que se transforma em sua razão de viver e lutar. Fazia parte do grupo de judeus que era obrigado a participar da matança de seu povo, nos campos de concentração. Deveriam juntar cadáveres,  roupas, pertences e  partes dos corpos que sobravam após as dissecações. Tudo deveria ser incinerado. Não havia espaço para tantos corpos. Sempre chegava mais um caminhão cheio de judeus. 
Estas são as cenas que tomam conta do filme em seus 120 minutos de duração aproximadamente. O espectador jura que não vai suportar assistir à tanta violência, olha no relógio, o tempo todo. Mas o tempo pára!
Saul tenta esconder o corpo do menino para dar-lhe um enterro digno. Ali, ninguém era enterrado! Todos os pedaços de corpos nus eram cremados… O menino transforma-se no Filho de Saul, que pateticamente mantém e jamais se afastará de sua missão nesta vida de sofrimento, enterrar seu filho…. 

Trumbo: Lista Negra

Dalton Trumbo revive o período da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética, quando os americanos iniciaram uma perseguição aos comunistas. Os adeptos do  macartismo, fizeram alegações injustas e tentaram restringir qualquer crítica ao capitalismo. Atores famosos como John Wayne ou a jornalista Hedda Hopper fizeram uma campanha difamatória que atingiu gente importante. Esse período de caça às bruxas permitiu que profissionais de renome, geniais e talentosos fossem impedidos de trabalhar. Muitos foram para a prisão, outros permaneceram nessa situação por muitos anos, e outros até cometeram o suicídio. O macartismo faz referência ao  Senador McCarthy, que  liderou a patrulha anticomunista em Wisconsin. 
Em Hollywood, atores, diretores e roteiristas que tivessem  simpatia pelo comunismo eram considerados traidores. Daltron Trumbo era um deles. Negou-se a cooperar com o Comitê de Atividades Antiamericanas. 
O filme é interpretado por Brian Cranston - o ator da série Breaking Bed -, que está ótimo como o roteirista que não pára de trabalhar!
Esta característica de Trumbo, esta necessidade de trabalhar é impressionante! Acho até que o magnetismo do personagem deve-se a esse fato.  No que se refere ao  desejo de produzir, ele e o Luiz Carlos Merten são parecidos, com a diferença que Trumbo bebia e fumava enquanto batia naquela máquina de escrever e ainda tomava benzedrina! Afinal, com tantos problemas...
O filme é baseado no livro  sobre a vida de Dalton Trumbo, revela detalhes de sua vida. Para o espectador o genial é descobrir a trajetória do roteirista, alguém que simplesmente  não desiste. Ele nunca deixou de criar,  conseguiu fazer de sua família, um time. Amigos  assinaram seus trabalhos e ainda ganharam dois Oscars por ele. 
Gostei de aprender alguma coisa a mais sobre Hollywood, por exemplo, sobre o empenho de John Wayne e Hedda Hopper - dois odiados - que fizeram de tudo para perseguir seus colegas. Isso - eu sempre ouvI - que John Wayne era um reacionário, mas que no cinema era um gentleman, respeitava as mulheres. De que adiantou esta imagem de bom moço? O que fazia na vida real, poderia cobrir quem quer que fosse de vergonha. 
Guardadas algumas diferenças, no Brasil da ditadura, quando cheguei na arquitetura da Ufrgs, os melhores professores tinham sido expurgados, delatados que foram por seus colegas. Muitas disciplinas não eram ministradas - Planejamento Urbano, por exemplo -  Não sabiam o que fazer sem o meu querido professor Demétrio Ribeiro...
Posso ter gostado em geral do filme, por esclarecer muita coisa sobre Hollywood e valorizar a genialidade de Trumbo. Mas, duas coisas são imperdoáveis em Jay Roach, o diretor, a escolha dos atores que encarnaram John Wayne e Kirk Douglas. Credo! 
David James Elliott estava um fracasso como John Wayne, tão ruim quanto Anthony Hopkins tentando interpretar Alfred Hitchcock. Dean O'Goorman não estava melhor como Kirk Douglas. Acho que Roach subestimou o espectador. Afinal interpretando Spartacus ou falando  por si mesmo, Kirk Douglas era um verdadeiro charme! E carisma não lhe faltava, como do diretor não percebeu?
Finalmente, se não faltou perseverança  a Trumbo, ressalta-se a  sua luta, em busca de trabalho. Lamentavelmente muita coisa foi omitida, por exemplo,  as razões que levaram Trumbo, -  antes do início da narrativa do filme - a delatar pessoas que lhe enviaram cartas solicitando uma cópia de seu livro Jonny Vai à Guerra, quando ele suspendeu a  sua reimpressão. Nazistas estariam interessados e Trumbo os delatou ao FBI. A história é bem mais complicada…
Passado o tempo, os motivos persecutórios caíram de maduros. Trumbo teve seu nome reconhecido, com o apoio de Otto Preminger e Kirk Douglas. Juntamente como outros nove diretores e roteiristas, ele integrava a Lista Negra de Hollywood, que levou-o à prisão por nove meses. 

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Carol

Carol é um filme feminino e delicado. Conta uma história de amor entre duas mulheres. Nesta  questão sexual, principalmente, a luta está longe de terminar. Lembro o quanto  nossas avós  precisaram batalhar para conquistar a liberdade.  O filme se passa nos anos 50, tempo em que o homossexualismo era considerado doença. Por falar em liberdade feminina, sempre que vejo uma mulher com vestido comprido até o tornozelo, me parece que ela está indo na contra mão de tudo, de todas as razões pelas quais nossas bisas lutaram. Certo, eu poderia pensar que usar vestidos longos também é uma conquista libertária, mas não. 
O filme é belíssimo, as duas mulheres são lindas, diferentes uma da outra,  talvez por isso,  se completam. Carol Aird (Cate Blanchett) é uma mulher rica, elegante, poderosa e dominante, para ela dinheiro não é problema. Difícil sim,  é suportar a presença do marido, Harge Aird (Kyle Chandler), - de quem está se separando - e da sogra. Therèse Belivet (Roney Mara) é mignon, lembra Audrey Hepburg, com um rostinho pequenino e olhos de bichinho de estimação, uma graça. 
A caracterização da família do esposo rejeitado, é perfeita, os Aird são o protótipo do conservadorismo, nos Estados Unidos. Com certeza pertenceriam ao Partido Republicano,  se fosse no Brasil seriam simpáticos à TFP, quem sabe...Tudo isso transparece nos assuntos à mesa. Flagrada pelo marido, Carol deve submeter-se às imposições da família, almoçar com o sogro e a sogra, ter as visitas à filha monitoradas e prestar contas de seu tratamento com o psiquiatra. 
O filme mostra a evolução da relação entre as personagens, até o momento em que precisam se separar.
O guarda roupa de Carol é sofisticado, circulam em ambientes glamourosos, desfila terninhos, casaco de pele, chapéus e casacões godê. A mim parece que Carol representa uma burguesia endinheirada, nada simpática aos olhos do público. Mas quem se importa com isso, quem detesta por tabela mulheres que usam casaco de pele?- eu, por exemplo! levantaria timidamente a mão. Mas não é esta a questão que o diretor Todd Haynes coloca, e sim o direito que Carol e Thèrese possuem, de fazer o que quiserem com seus corpos. Para Hynes, isso é o que realmente interessa. 
Fique atento à coragem da personagem quando decide rejeitar as imposições de uma sociedade hipócrita e conservadora. Escandaliza a todos quando afirma que não deseja mais a guarda da filha, que é preciso dar uma basta em tudo aquilo e que não pretende negar suas inclinações. Eis aí o recado do diretor. 
Finalmente observe a beleza do filme, das roupas que combinam com a personalidade de cada uma e o décor  de Todd Haynes. As fotos de Therèse evidenciam o sentimento do belo. As cenas eróticas perfeitas, como se o diretor entrasse de vez na estética do Renascimento, corpos nus, róseos, que se entrelaçam e completam.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Snoopy e Charlie Brown- Peanuts, o Filme

Snoopy e Charlie Brown estão mais próximos de minha filha Lucia. Guardo até hoje o carro de bombeiros pilotado pelo Charlie Brown, em companhia de Snoopy e Woodstock. Mesmo assim, eu não poderia perder uma aventura dessas. 
Amei o filme, o que mais me interessou foi a personalidade do Charlie Brown, muito sério, honesto e inseguro! Quem não se viu, quando criança, ou quem sabe nem tão criança... na pele desse menino adorável? Afinal são muitos os questionamentos e ele quer saber!
- Afinal, quem sou eu? O que quero da vida ? Como devo me comportar?
O bom mesmo em Charlie Brown, é que ele não desiste nunca de querer acertar e ama verdadeiramente seu Snoopy! Ele sabe, que o cachorro "sabe'' de seus fracassos, mas não julga jamais, só presta atenção no dono!
E quando o menino se apaixona, lá estão os questionamentos:
- Ela é alguma coisa e eu não sou nada! Então não posso falar com ela! Deus, como o rosto dela é bonito!
E Charlie Brown ainda não acredita em si mesmo, quando se pergunta:
- Por que ela me escolheu? Ela sente pena de mim... Numa hora sou herói, na outra não sou ninguém!
Enquanto ele filosofa sobre a própria existência, Snoopy nos diverte. O cachorro é o oposto de Charlie. Não se importa em transgredir, e sai furioso atrás do aviãozinho vermelho, o vilão da história, o avião mais famoso da Primeira Guerra!
E preste atenção! Os questionamentos de Charlie Brown valem para qualquer um de nós! 
- Gostam de mim pelo que eu sou ? Ou pelo que acham que eu sou?
Sem a menor dúvida todos nós amamos Charlie Brown pelo que ele é, amoroso, honesto, e inseguro!

domingo, 17 de janeiro de 2016

A Grande Aposta

Para gostar de "A Grande Aposta" seria importante entender de finanças e do mundo dos negócios. Mesmo não correspondendo a nenhum desses itens, gostei do filme. O elenco é de primeira, inclui Christian Bale, como o excêntrico Michel Burry, dono de uma empresa de médio porte que depois de ler profundamente sobre o sistema imobiliário americano, chega à conclusão que tudo vai desabarar. A história é verdadeira e aconteceu em 2007. Até nós brasileiros, sabíamos que nos Estados Unidos, qualquer um sem sequer comprovar renda conseguia um empréstimo para comprar um imóvel. Todos acreditavam na estabilidade do sistema. Como ideia geral o diretor mostra que a fraude existe no mundo inteiro, não é apenas no Brasil. Na terra dos dólares não é diferente. Se milhões de americanos, nesses anos, ficaram na pobreza, muitos investidores levaram vantagens. 
É desse rolo todo que o diretor trata, com "timming", e uma certa eletricidade. Para o espectador não ficar tão bobinho, sem entender grande coisa, ele faz analogias, com ingredientes de cozinha. O Grand Chef de cozinha mostra, que os títulos podres que o grupo adquire, são como o peixe na cozinha, se não for comprado e consumido, tudo é misturado. O peixe, antes fresco e genuíno transforma-se numa sopa, que será servida, quem sabe no dia seguinte. Assim, Michel Burry consegue comprar a ''famosa sopa podre'', que ganha um nome novo no mercado e é uma aposta de seguro a descoberto! Ou seja se houver inadimplência, ele, Michel Burry, o comprador dos títulos podres, levará a melhor.

No desenrolar da história, outros investidores percebem o mesmo, o diretor nos mostra Ryan Gosling, como o corretor Jared Vennett. Aliás, o que houve com o charme de Ryan Gosling. Sumiu? que nem o dinheiro? Acho que sei, ele deve ter colocado placas dentárias, para ficar com dentes lindos, não foi o que aconteceu. E o cabelo e a barba? Pintados , credo! que desastre! Será que o personagem exigia tal transformação?
Steven Carrel está ótimo como o corretor nervoso, Mark Baum, que só ouve a si mesmo. Não sabe e não quer ouvir o que seus colegas falam. Além do que nega-se a falar de seu mais recente problema psicológico, enfrentar a morte do irmão. 
Finalmente conseguimos ver Brad Pitt, uma graça! Fazendo o investidor de Wall Street aposentado, que ajuda dois espertos iniciantes, que também querem se dar bem, sem terem a menor consciência que tudo aquilo poderia prejudicar sua próprias famílias
Não perca este filme inquietante e divirta-se com o visual de Christian Bale,  que não dá a mínima para placas dentárias!


domingo, 10 de janeiro de 2016

Diplomacia

Diplomacia é um filme sério, conta a história verdadeira do que aconteceu no final da Segunda Guerra Mundial, quando o general nazista Dietrich von Choltitz prepara-se para cumprir as ordens de Hitler e destruir Paris. O relato é impressionante e as atuações de Niels Arestrup, o nazista, e André Dussolier, o diplomata, são impecáveis. 
Tudo o que o espectador pode sentir, além de observar o quarto de hotel onde o  general está hospedado, é a paisagem de Paris à noite e quando a escuridão do céu vai sendo iluminada pela aurora, tudo também simbolizando o final que todos conhecemos.
O general e o diplomata iniciam um diálogo, que se estende por toda a noite e por todo o filme. De início, Choltitz é o perfeito nazista, cruel, insensível, não  cansa de afirmar que somente cumpre ordens. Em muitos filmes se pode observar a falsa cegueira dos nazistas que dizem estar cumprindo ordens. Lembram de Kate Winslet em O Leitor? Hanna Schmitz, a personagem justificava o fato de ter fechado a porta da igreja, permitindo que dezenas de judeus fossem queimados vivos, simplesmente porque cumpria ordens. Triste e abominável comportamento... 
O horror quase se repete, não fosse a genialidade do diplomata. O ator, André Dussolier é soberbo, fiquei magnetizada e emocionada. Você consegue imaginar se os desígnios de Hitler tivessem sido cumpridos? 
A habilidade do diplomata aos poucos vai minando o duro general, titubeante e inseguro, chega o momento em que o próprio nazista resvala em sua suas convicções, criticando o Fuhrer, revelando para o cônsul, que após e sua chegada em Paris, Hitler teria baixado uma ordem para prender executar sua mulher e filhos se ele não denotasse as bombas nos principais prédios e monumentos. 
Quando Choltitz confessa seus planos, percebemos que nos dias atuais a Cidade Luz pode estar passando por momentos semelhantes, sabe-se lá que planos podem estar sendo germinados em mentes perversas…
Depois que você assistir ao filme, diga-me, tudo o que Raoul Nordling (André Dussolir) promete para o general nazista,  no sentido de retirar sua família da Alemanha era blefe? Enfim a realidade mostrou a grandeza do diplomada, quando este entregou sua medalha para Choltitz, após os dois anos de prisão do general. Observem, o ponto alto do filme é quando o nazista sente-se sufocado devido à asma, e Nordling lhe alcança os medicamentos. Chotitz lhe pergunta:
- Porque você não me deixou morrer? Ao que Nordling replica, eu trabalho com a vida, não com a morte!
Anote, este filme é obrigatório em sua agenda! Não perca!