sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Welcome New York



Welcome New York não é uma mera semelhança com seres vivos, mortos conhecidos ou desconhecidos. É uma história verdadeira, e o personagem é Dominique Strauss- Kahn. Na dura realidade Depardieu está um verdadeiro " pig" para representar um verdadeiro "porco"! Quando fica nu, verdadeiramente pelado, é um Deus nos acuda. Pior, as mulheres não davam a mínima para o barrigão! Enfim... regiamente pagas… Acho que o próprio Depardieu, na vida real não se importa consigo mesmo. 


Representou com perfeição o homem poderoso, que na intimidade, é um porco que grunhe e faz roc, roc, roc... Os primeiros quarenta minutos são longos demais para descrever toda a farra e orgias sexuais de M. Devereaux.

A seguir vem as cenas do cai na realidade. O personagem parece não se importar muito, tem certeza que seu infortúnio é passageiro. Permanece alguns dias na prisão, precisa se humilhar, nu na frente dos guardas, mas não se abala muito. Devereaux sabe que ele e a humanidade não querem ser salvos de si mesmos!
O porco é casado com uma mulher rica (Jaqueline Bisset) que não o abandona e ainda luta por ele. Faz planos e contrata bons advogados para salvá-lo. Mas o que se passa na cabeça de uma mulher dessas, além de se preocupar com as aparências?
Nosso personagem continua atendendo a seus instintos, vivendo sob o império dos sentidos, molestando as mulheres que encontra. Em geral, procura as mais frágeis, camareiras, mucamas, empregadas domésticas, que na escuridão e na solidão do lugar onde são atacadas, não possuem meios para provar sua inocência. E a vida continua, no mundo, quantas mulheres são mortas por dia, vítimas dessa violência?
E os senhores Devereaux continuam por aí, soltos ou absolvidos. Vocês leram o jornal de hoje? Viram que o atleta, na África, que deu um " tiro por engano" na própria mulher, foi inocentado de assassinato premeditado? Teria matado a mulher sem a menor intenção! Me enganem que eu gosto!
O filme de Abel Ferrara provoca mal- estar e indignação!
Pensem bem, até do psiquiatra ele debocha e faz pouco! Numa única coisa estava certo! Não pasmem! M. Devereaux estava certo da impunidade!


quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A cem passos de um sonho

O filme chama-se "A cem passos de um sonho" ou "O Dia em que os franceses aceitaram os imigrantes"? Assim estava escrito que a família de indianos quebraria o freio do carro na entrada de St. Antonin,  um belo e romântico vilarejo no interior da França. O carro desgovernado pára em uma ribanceira. A família é socorrida pela meiga Marguerite (Charlotte Le Bon). Ironia do destino, um chef de cozinha que busca aperfeiçoamento na Europa, se encontra justamente com a sub-chefe de cozinha do mais badalado restaurante francês da cidade.
De início,  o clima é de verdadeira "guerra"e muitas batalhas entre os contendores, o pai de Hassan e M. Mellory ( Helen Mirren). Helen Mirren interpreta a famosa " chef de cuisine française",  uma elegante senhora de 66 anos, aproximadamente, que faz qualquer coisa para conseguir, nem que seja duas estrelas Michelin para seu restaurante.
Se a dupla de mais velhos está em pé de guerra, os jovens parodiam Romeu e Julieta, indiferentes ao ódio que move indiano e francesa. São eles, os filhos, que aos poucos fazem desaparecer mágoas e rejeições. Tudo o que a mãe ensinou se transforma em patrimônio imaterial da família, cheiros, sabores, segredos da cozinha, enfim, o saber sentir até a alma dos temperos e seres vivos que fazem parte de nossa alimentação.
Indiferente aos sentimentos do pai, Hassan precisa da aprovação de Mellory para sua omelete e para sentir-se um verdadeiro chef. Finalmente, com a expectativa de ambos, ele conquista os degraus da fama, primeiro em St. Antonin, depois em Paris. Nessa hora parisiense, o décor era o da Maison du Monde Arabe de Jean Nouvel?
Se para franceses a realização do grande sonho é participar da caça às estrelas do Michelan, Hassan é capaz de perceber que a vida pode oferecer valores maiores, amor, companheirismo, aceitação do outro e do diferente. Enfim, comunhão de espíritos e muitos manjares!
O filme é belíssimo, desde o brilho e imagens de frutas e legumes frescos, até a beleza da juventude  e o charme de adultos na maturidade.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Magic in the Moonlight

Somente Woody Allen consegue escolher músicas tão adequadas e belas para seu cinema. Se A Oeste do fim do mundo nos envolve com som, ruído e imagem, quase um cinema mudo, onde a palavra foi cassada, o filme de Woody Allen é o exercício da palavra, ao som de uma melodia leve e saltitante. 
Desta vez a heroína não é a mulher mais sexy do mundo. Ainda bem! É  a meiga Emma Stone.
A historinha divertida é como uma disputa entre "amigos-rivais" sobre quem é mais esperto? O mágico ou a medium? O mágico Colin Firth, muito alto, usa roupas em tom bege, é um perfeito inglês charmoso. A petulância do personagem só faz rir.
Ela é a própria menina de vestidinhos ingênuos, muito mais esperta do que parece. Os papéis de cada personagem são estereótipos, muito engraçados e dá para ver que cada um representa seu papel e se diverte muito! O que dizer do jovem apaixonado, que toca um instrumento muito pequeno, tão pequeno quanto ele, embora tivesse quase quase dois metros de altura!
O clímax da diversão, prestem atenção, é a hora em que o mágico pede a garota em casamento.   O máximo da prepotência, insolência e auto-promoção!
Como ninguém é santo nessa história, quando  um pensa que enganou o outro, o outro já está de volta! Empate no final! Não percam!

O último amor de Mr. Morgan

O último amor de Mr. Morgan é um olhar impiedoso sobre a velhice. Os idosos são monitorados por todos. Todas as idades os observam com restrições. Até mais porque, para os mais jovens, eles são tudo aquilo que se recusam a aceitar - pensar no dia em que terão que enfrentar a própria velhice. O mundo de hoje endeusa a juventude.
Michael Caine transforma-se em Mr. Matthew Morgan, para o ator não deve ter sido difícil. Afinal, Mr. Morgan era charmoso, inteligente. Fica depressivo com a morte de Joan, sua esposa (Jane Alexander).  No ônibus, encontra uma adorável professora de dança, Pauline (Clémence Poésy). Na verdade, Michael e Mr. Morgan deviam ter se descuidado. Ambos estão com um barrigão. Ou você acha que Michael Caine engordou para o papel? Duvido.
Enfim, ele sacudia o barrigão, dançando com a adorável professorinha. Porém, para o filho, ver seu pai dançando com uma mulher que tinha idade para ser sua filha era insuportável!
É assim, chamem as psicólogas, elas diriam que ali estavam expostos todos os Complexos: 
O de Édipo, da filha que quer o pai e precisa amadurecer. O pai, que encontra na mulher mais jovem, algum sinal que lhe assegure que ainda está vivo. E o filho, que simbolicamente precisa matar o pai para crescer.
Acreditem, Michael Caine é muito bom. Mr. Morgan diz para Pauline que terminou de decifrá-la. Os dois voltam à antiga propriedade da família, em Saint Malo.  De longe ele a observa, olhando-se no espelho, com o vestido de sua mulher na frente do corpo. Descobre e decifra o enigma de sua vida. Como se a própria mulher voltasse no corpo da professora para restabelecer o equilíbrio e a ordem das coisas, amenizar erros e permitir a felicidade do filho. O mais belo gesto de amor é dar-lhe de presente o vestido de sua mulher...