sábado, 16 de abril de 2016

A senhora da van

Fui assistir à comédia dramática, "A senhora da van". Tinha certeza que ía gostar muito, enfim Ms. Sheperd apesar de excêntrica, não era tão simpática…
A ideia do filme é boa, trata-se de uma relação que durou 15 anos, entre um escritor e uma senhora, que morava numa van.
Em um bairro de Londres, o escritor tentava resolver seus próprios conflitos. Até por isso, ele o autor , era duplo, como a personagem Marinalva, do meu blog Marinalvamaisdezessete, que tem mais de dezessete Marinalvas, falando ao mesmo tempo,  dentro dela.
No filme eram dois, um que vivia e o outro que escrevia. O que vivia era o tipo de pessoa folgada. Não fazia nada e sentia o maior prazer em criticar o seu outro. Os dois eram iguais, como um par de vasos. O diretor, sutilmente permite que eles se alternem, um e outro surge com o colarinho aberto, como que a sinalizar que naquele dia estaria menos ferino nas críticas  ao seu gêmeo.
Ms. Sheperd, por sua vez, como toda idosa, fazia chantagem emocional, gritava para quem quisesse ouvir que ela era  muito doente, que estava à beira da morte! Buscava satisfazer o próprio interesse, que lhe ajudassem a empurrar a van, que lhe permitissem estacionar defronte a alguma garagem. Enfim - dentro das limitações de vida de uma idosa que vive dentro de uma van - ela desejava o melhor para si…Ranzinza,  permaneceu indiferente e nunca quis saber quantos minutos de seu precioso tempo o autor dedicou a ela.
Este por sua vez, tinha uma certa fascinação pela velhinha. Se a própria mãe ele cuidava quase por obrigação, permitia que Ms. Sheperd avançasse os limites e invadisse sua privacidade. Ela morava na vaga externa da garagem de nosso duplo e usava o seu banheiro sempre que estava apertada! Fora a quantidade de lixo que produzia e jogava em torno da van! Para espanto do autor e seu duplo, os cocôs da velha senhora saltavam a mais de 1 km. de distância!
Ms. Sheperd não teve uma vida fácil. Mas isso aí de vida fácil não existe hoje em dia! Pena da idosa, isso, acho que alguém na plateia deve ter sentido, quem sabe…
Enfim, o autor que descobria a si mesmo discutindo e enfrentando seu duplo, com certeza estava resolvendo seus conflitos e "A senhora da Van", com certeza  lhe ajudou na empreitada. Pois, como ele mesmo dizia: "Você não se coloca naquilo que escreve, você se encontra!" 

sábado, 9 de abril de 2016

Cemitério do Esplendor

Cemitério do Esplendor mostra o lado místico e pobre da Tailândia. O diretor Apichatpong Weerasthakul fala de pobreza e da irresponsabilidade do ditador. Era dele a foto na sala enorme , sem mobiliário? O diretor, imagino, tinha quase nada de recursos para fazer o filme, tipo uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. Tudo o que envolve a história é um verdadeiro drama sem solução. Soldados sofrem da doença do sono e dormem, sem a menor possibilidade de cura. O filme fala sobre o tempo, a exasperação de um tempo perdido. Por isso a cena do dormitório coletivo, somente o ruído dos ventiladores girando, num movimento perpétuo. Quando os irmãos Wright inventaram o cinema, o fizeram passando vinte e quatro quadros por segundo. Apichatpong, tentando passar a ideia da relatividade do tempo, exagera, a câmera literalmente pára em determinadas cenas, tudo permane imóvel por mais de 30 segundos! Quem suporta tanta exasperação de um tempo que não passa?
Acho que ele escolheu a Jenjira Pongpas  - que fazia o papel da enfermeira voluntária - porque de fato ela tinha uma perna mais curta que a outra?… Enfim, Jenjira sente-se atraída pelo soldado adormecido, Itt ( Banlop Lomnoi) - que lá pelas tantas acorda e novamente cai dormindo. Consegue comunicar-se com ele, através da vidente que lambe a sua perna deformada, num misto de erotismo e comportamento canino! - dai-me paciência! - Lembrei que a enfermeira o chamava  de meu cachorrinho! Enfim, quando fala de sexo, novamente Apichatpong provoca mal estar e desassossego... 

Entre Gigantes

Se você puder alugue o filme, já saiu de cartaz! Mesmo assim aqui vai um comentário!
Embora não tenha concorrido ao Oscar "Entre Gigantes" é um belo filme que conta uma história verdadeira. O médico legista Dr. Omalu Bennet trabalha em autópsias. Quando é contestado na justiça por ter descoberto a ETC, uma doença causada por choques violentos em lutas de box americano, discorre com tal fluência sobre suas especialidades médicas que encanta a plateia do filme e do cinema. Will Smith está muito bom como o médico  legista. Como todo imigrante, o Dr. Bennet achava que o sonho americano existia de verdade. Só não conseguia acreditar que na América alguém pudesse posicionar-se contra a ciência. Que nem Galileu e Copérnico, é pressionado pela poderosa NFL, a desmentir suas descobertas. Além de telefonemas ameaçadores, sua família é intimidada. Afinal, como  um imigrante africano  teria a coragem de dizer que a Liga da NFL não dá a mínima para os problemas de saúde que acometem ex-jogadores? Médicos conceituados estudam os casos que levam à ex-jogadores à morte precoce. Justificam com Alzheimer, depressão ou demência aos 50 anos! A doença é negada por antecipação no país que mais ama o seu futebol de porradas e pancadas na cabeça. Dr. Omalu explica que se o pica-pau suporta bater a cabeça num tronco de árvore, o cerébro humano não possui o mesmo tipo de proteção, está apenas envolvido por um líquido protetor. Assistir a esta história de um homem que se preocupa com sua contribuição médica para o futuro da humanidade é uma benção!
Lamentavelmente assistimos às artimanhas e aos desmandos do FBI.. Teriam algumas coisa em comum FBI e Lava Jato? Estariam acima de tudo e de todos?