segunda-feira, 30 de abril de 2012

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos olhos

"Eu receberia as piores notícias dos seus lindos olhos",  interpretado por Camila Pitanga, decepciona. O filme é dirigido por Beto Brant e o enredo se baseia no livro de  Marçal Aquino, de mesmo nome. O título é belíssimo, mas o mesmo não se pode dizer do filme. E se a história procura mostrar os grandes problemas da Amazônia, a destruição da natureza, o desmatamento em uma terra que parece ser de ninguém, perde um pouco a credibilidade quando mistura a história de Lavínia ( Camila Pitanga) e do fotógrafo Cauby (Gustavo Machado).

O filme é verdadeiro, quando mostra a Amazônia como pano de fundo. Uma terra sem lei e sem alma, destruída por grilheiros,  ocupada por gente criminosa e desonesta. Crivada de missionários mistificadores e de gente humilde e fraca,  sem o menor poder de mudar um status quo... Até aí o filme pode ser autêntico e um clamor por justiça. Mas,  quando desvela os personagens... não parece misturar objetivos? Com tanta ênfase em cenas de sexo? como que para garantir bilheteria?

E o galã? Nenhum dos dois chega aos pés da bela Camila. Os pastor Ernani (Zé Carlos Machado) e o fotógrafo Cauby,  os dois , sim,  parecem bastante subdesenvolvidos. E ela? quando vai convencer alguém que é a pobre Lavínia, uma jovem com problemas mentais e que ainda por cima abusada pelo padrasto? Impossível.  A bela Pitanga parece muito mais uma deusa do que a coitadinha da Lavínia "louca de atar", não é mesmo?

domingo, 29 de abril de 2012

O Príncipe do Deserto

"O Príncipe do Deserto" é um dos filmes recomendados desta semana. Claro, existem muitas razões para gostarmos do filme. O diretor é o francês Jean Jacques Annaud, um talento, autor de filmes como "O nome da Rosa", "L'Amant" e "Sete anos no Tibet", apenas citando os que lembro de ter visto. É um respeitável diretor, tem 68 anos e estudou cinema no Institut des Hautes Études Cinématographiques (IDHEC), em Paris. É preciso dizer mais alguma coisa?

A história fala de honra, lealdade, laços de família, amor fraterno, princesas do deserto, guerreiros fiéis e para completar, descreve a beleza do deserto. Adoro filmes que mostram as grandes planícies do desérticas, onde não se vê viva alma. De repente, ao longe vão se formando pontinhos, que se transformam em colares de pessoas. Crescem, aproximam-se rapidamente e mudam a situação de qualquer filme em milésimos de segundo!

É isso, "O Príncipe do Deserto" parece já visto, mas como dizia a minha professora de psicologia, nenhuma situação na vida se repete. E esse "déja vu" é pura ilusão. É um já visto muito bonito e repaginado. Você lembra ou já ouviu falar em "Beau Geste" aquele belíssimo filme com Gary Cooper?

O pano de fundo são os países árabes dos anos 30, com inúmeras tribos em disputa. A história conta que dois irmãos Saleh (Akin Gazi, lindo de morrer!) e Auda (Tahar Rahim) são deixados como garantia de que o acordo entre dois chefes tribais será cumprido. O pai dos dois, Ammar, o Sultão de Salmaah e Nesib (Antonio Banderas), o Emir de Hobeika selam um acordo de não ocupação da Faixa Amarela, uma terra de ninguém que existe entre os territórios de ambos. Após a morte da mãe, que pertencia à tribo Zamiri, os filhos são criados por Nesib.

O motivo da disputa é a Faixa Amarela, rica em petróleo, que o Emir decide explorar, aliando-se aos americanos. Ammar é interpretado por Mark Strong. O ator encarna com perfeição o Sultão árabe, magro, calvo, barbas levemente encaracoladas, olhos líquidos e esverdeados. O Sultão representa a oposição aos desígnios de Nesib. É contrário ao desejo de riqueza material. Nesib não tolera a pobreza e pensa que no século XX, os árabes são os garçons no banquete dos países enriquecidos com petróleo.

"O príncipe do Deserto" é instigante porque sempre vai nos fazer lembrar alguma coisa que lemos, não sabemos quando, nem onde. É recheado de parábolas pronunciadas pelos personagens, mostrando a sabedoria dos povos do deserto e lembrando quem sabe, "As mil e uma noites "ou "Malba Tahan". As belas citações de Ammar conferem encantamento ao filme. No início, o Sultão consola o filho e diz: "Não chore, lágrimas são água desperdiçada"! (pense sobre essas palavras de Sultão) .

Auda é o jovem pacato, intelectual, que lê muitos livros e encarrega-se da biblioteca do reino. Saleh deseja voltar para Salmaah. A figura de Saleh, com sua águia treinada impressiona mais que a de Audi, que sequer pratica atividades físicas. Seu meio- irmão, o Dr. Ila (Riz Ahmed) diz que ele é como um filhote de águia. Muito mais forte e inteligente do que aparenta. Assim, Audi volta para Salmaah como emissário de paz, representando os interesses de Nesib. Muda de idéia,  une-se ao pai, com quem aprende valores tão importantes para sua vida, como aqueles que o pai de cada um de nós nos ensinou. O Sultão de Ammar é contra a exploração petrolífera, toda e qualquer riqueza material:

_ "Para que quero dinheiro se fui abençoado mil vezes?", afirma. Ou ainda:

_ " É melhor morrer por uma causa nobre do que apodrecer na prisão". De fato, Ammar não concorda que petróleo e dinheiro governem o mundo. Prefere morrer.

Porém, o mundo do pai não é o mundo filho. Audi se descobre um predestinado, como seu irmão Eli previra. Vence seus inimigos. Transforma-se no grande líder de todas as tribos, no príncipe magnânimo, moderno e conciliador. Sabe usufruir dos benefícios do petróleo e ainda poupa o Emir de Hobeika, que sequestrou sua infância, mas o criou como filho.

Audi aprendeu com seu pai a máxima, que afirma, "tudo o que pode ser comprado não tem valor". Você já pensou na importância do pensamento de Ammar em nossas vidas? Você já pensou que nossos seres amados, sejam pessoas ou bichos, adquirem importância em nossas vidas devido à importância que nós conferimos a eles? E que isso é o que preenche nossas vidas? E que por isso mesmo jamais poderíamos trocá-los por ouro ou prata? Enfim podemos repetir Ammar, "tudo o que pode ser comprado não tem valor", não é investido de amor. Por isso é muito verdadeiro aquele versinho que cantávamos quando criança, nas brincadeiras de roda: "A minha filha eu não dou, nem por ouro, nem por prata, nem por sangue de barata!"

Assim, sem mancha, Audi pode voltar para sua bela princesa Leila. Não é a princesa Léia? As cenas de guerra e luta são tão geniais que às vezes parece que estamos assistindo à "Star Wars".

domingo, 15 de abril de 2012

À toda prova

Steven Sodernberg é o diretor de "À toda Prova". O elenco tem gente famosa, Michael Douglas, Antonio Banderas, Ewan McGregor, Michael Fassbender e Bill Paxton só para se ter uma idéia. Para Soderberg interessa Mallory Kane. O enredo é tão complicado que o espectador deixa de se preocupar em entender. Seria propositadamente uma forma de linguagem de Sodernberg? Mas o que ele quer mesmo é colocar a lutadora de Mixed Martial Arts em ação. Ela é Gina Carano a Mallory Kane. Parece uma deusa grega, tipo Athena, sem nenhuma doçura. Mallory é dura como pedra. No mundo, relaciona-se bem somente com o pai, Bill Paxton. Quando Kenneth ( Ewan Mcgregor) lhe pergunta qual a sua relação com ela? O pai responde: - Eu a criei. Mas como? De que forma o pai a educou para ela ficar assim? De uma dureza, frieza e insensibilidade? Sem dó nem piedade de ninguém, portadora sim, de desumanidade. O que houve? Isso ninguém soube , nem quis explicar.

Mallory é treinada por seu companheiro Kenneth. Prestam serviços de espionagem particular e executam missões que governantes fingem desconhecer. O que houve é que Mallory ao descobrir-se traída, persegue seus judas e os destrói, um de cada vez. E a lutadora de MMA, o esporte da moda, que todo mundo assiste na TV (menos eu que não dou a mínima) distribui golpes de combate em pé, ou luta no chão. Imobiliza o traidor. Fassenbender paga caro ao ver-se imobilizado pelo pescoço. A luta é muito pesada e os grandões terminam se entregando! Aliás, nudez - se vemos alguma - é a de Fassbender, branco como ele só, enrolado em toalha de banho e sem barriga. Mas ela, a deusa grega - com cara de muito má- está sempre coberta de roupas escuras até o pescoço. Quando vai à praia para o acerto final com Kenneth, prepara-se. Faz um penteado de trancinhas (tipo tererê), muito grudado à cabeça. Aliás, pinta-se para uma guerra particular. E quando pretende vingar-se do traidor Antonio Banderas, Sonderberg interrompe, não nos deixa ver. Ora... mas eu queria ver a deusa destruindo o terrível Banderas (um chato mesmo), feio como um traidor , irreconhecível, de barbas e bigode. Pena que terminou...

Espelho, espelho meu

A história da Branca de Neve é virada ao avesso na versão de Tarsem Singh. Porém, nada se compara ao clássico conto dos Irmãos Grimm, em versão perfeita da Disney. O autor tenta ser criativo. Às vezes é irreverente e divertido, apenas isso. Se a versão é para adultos, fica meio sem graça. Se é para crianças tem muita violência e pancadaria.

Na história do século XXI, os anões se transformam em ventrílocos, com pernas de pau, tipo molas. O príncipe é um bobão, pelo menos é um bobão lindo! Lembram-se de Clyde, o companheiro de J. Edgar, no filme de Clint Westwood? Lembram de seu sorriso inesquecível? É ele, Armie Hammer, um belo ator, que a gente reconhece pela risada maravilhosa.

Temos pureza sim, e somente em Branca de Neve (Lily Collins). Nesta versão ela continua linda e branquinha, com pitadas de comportamento politicamente correto. É expert em artes marciais.. Mesmo assim o filme é dark. Nunca se vê o sol. Tudo se passa em cenários excessivamente artificiais. A floresta onde a Rainha Má manda matar Branca de Neve simboliza o perigo e o abandono. Oprime a todos, sem profundidade, somente árvores e gelo.

Julia Roberts, a Rainha Má, não parece tão má quanto rídícula, tentando competir com Branca de Neve, a própria juventude e perfeição. Não há como negar, o filme tem momentos engraçados, como quanto a Rainha Má fica perturbada ao ver o príncipe de torso nu, muito peito e músculos à mostra. Chega a pedir que ele vista uma camisa. Ela literamente não suporta ver tanta " beleza".

Apesar das falas artificiais e decoradas muita gente gosta do filme. Eu prefiro as lembranças do filme e do álbum de figurinhas da Disney, Branca de Neve e os Sete Anões. Ali, eu vi e vivi a magia!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Xingu

Os irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo Villas-Bôas tiveram sua merecida homenagem em Xingu. Cao Hamburger chega em hora certa para fazer lembrar a quem sabia e esqueceu, e para dar conhecimento à gerações novas que desconhecem a epopéia dos irmãos indigenistas. Os atores João Miguel, fazendo Cláudio, Felipe Camargo, interpretando Orlando e Caio Blat fazendo o jovem Leonardo estão realmente muito bons. Difícil saber quem está melhor. Mas Felipe Camargo reproduz com perfeição o visual de Orlando, nas tantas fotos que vi em jornais e filmes desde longa data.

Orlando, Cláudio e Leonardo jovens e aventureiros, em 1943 tinham respectivamente 29, 27 e 25 anos. Certamente não imaginavam o alcance de sua aventura e a importância de seu trabalho como indigenistas. A expedição para desbravar e ocupar o Oeste desejada por Getúlio Vargas, em seu plano de integração nacional, mudou a vida e fez a cabeça dos três irmãos. Eles foram muito além, integraram-se à vida dos povos indígenas. E podemos afirmar que de homens brancos - vistos em geral como os que desejam dominar e exterminar os povos indígenas - transformaram-se eles próprios em indígenas. Absorveram sua cultura e sua maneira de viver. Nunca mais conseguiram voltar.

Hoje, a voz que valoriza a sustentabilidade e a vida em comunhão com a natureza é um reconhecimento tardio ao pensamento dos irmãos Villas-Bôas. Há 69 anos atrás eles já sabiam o que era sustentabilidade, amor e respeito pela natureza e pelo indígena. Orlando, Cláudio e Leonardo aprenderam com o Marechal Rodon, de quem recebiam cartas de próprio punho com saudações de respeito e carinho. O mestre lhes ensinou que os povos indígenas precisam ser protegidos e preservados da sanha do homem branco. Dos plantadores que arrasam a floresta com monoculturas. Destróem as civilizações dos povos indígenas, não oferecem emprego e beneficiam a si próprios. Enquanto aumenta o desmatamento nessas áreas, as secas e inundações assolam outras regiões do país.

Os irmãos Villas-Bôas superam Rondon quando percebem que a riqueza cultural e a integridade física dos índigenas deve ser preservada a todo custo. O que eles defendiam, hoje é uma verdade incontestável ao alcance de todos. Sabemos que os indíos somente sobrevivem em sua própria cultura e sabemos que os processos de integração indiscutivelmente têm provocado a desagregação das tribos indígenas.

Xingu é um filme educativo, sincero e honesto que conta essa história patética da Marcha para o Oeste. Óbvio, colocava os povos indígenas em perigo. E a situação agrava-se quando constróem a Transamazônica. A famosa estrada que virou chacota, a famosa estrada que leva de lugar nenhum para nenhum? Mas que todos sabem, colocava em perigo a vida de povos indígenas que nunca tiveram contato com o homem branco.

Princípios rígidos de respeito aos indígenas fazem com que os irmãos obriguem Leonardo a deixar a expedição. Mas e Cláudio? Não fez igual? Também ele não teve um filho com uma índia?

Os irmãos permaneceram em sua missão por 42 anos, lutando pela causa indígena. Seu trabalho se reveste da maior importância. Orlando transforma-se no estrategista que batalha por seus ideias nos meios diplomáticos, enquanto Cláudio transforma-se em índio e Leonardo, no esquecimento e no exílio branco, não consegue sobreviver. Por isso é emocionante ver a tomada aérea, no final, mostrando o Parque Indígena do Xingu. É emocionante saber que o parque possui 27.000 km2. E é emocionate saber que ele abriga em torno de 5500 índígenas de 14 etnias. E nós que procurávamos heróis no Capitão Marvel ou no Superman e não enxergávamos estes pequenos grandes homens?

O Porto (Le Havre)

O finlandês Aki Kaurismaki toca no ponto frágil dos franceses ao filmar "O Porto" ( Le Havre). Na atualidade, o problema da imigração clandestina gera controvérsias na França. É um tema difícil e delicado. No Brasil, muitas pessoas que pensam saber tudo sobre a França, juram que todos os franceses odeiam os imigrantes e tudo o que eles representam. Dois filmes, porém, vêm para desmentir essas afirmativas. O primeiro, "Bem Vindo" de Philipe Loiret, com Vincent Lindon, mostra o drama do adolescente, imigrante curdo que a todo custo quer fazer a travessia França-Inglaterra. Vincent Lindon interpreta o professor de natação que o ajuda. O filme causou tanta polêmica que o Partido Socialista francês propôs uma lei que descriminaliza a ajuda a imigrantes clandestinos.

"O Porto" trata do mesmo problema. Em Le Havre a vida é dura como em Calais, onde se passa "Bem Vindo". Loiret afirma que Calais é uma terra de ninguém, onde busca por oportunidades e sistema repressivo se chocam com leis que excluem os imigrantes. A França, como país colonialista agora tem o retorno e precisa encarar de frente o problema da imigração. Existe muita pobreza em Le Havre. Aki mostra a fisionomia da cidade, pequena, pobre e charmosa. Ali vive Marcel Marx (André Wilms), um homem de meia idade, calejado que ganha a vida como engraxate. Marx enfrenta o submundo nos arredores do metrô, onde sempre existem testemunhas de roubos, assassinatos, atrocidades e injustiças que acontecem durante o dia ou na calada da noite. Testemunhas mudas, marginais ou investigadores que perseguem imigrantes podem tomar atitudes decisivas e até impensáveis. O mistério que ronda os personagens torna o filme atraente.

Aki Kaurismaki filma com câmera parada, ao gosto de Jean Luc-Godard, planos estáticos, de longa duração que causam uma certa ansiedade. Como quando a esposa de Marcel fala para a câmera e prepara-se para hospitalizar-se. O enquadramento é fruto do diretor-observador, que artista cria cenas belíssimas de colorido impressionante, com pessoas verdadeiras, autênticas e enrrugadas. Os planos estáticos mostram casas com mobília simples, colorida e kitsch. Uma estética às avessas do lugar comum. Ou ainda que contraria a estética promovida por arquitetos e decoradores de interior, tão bem aceita pela burguesia.

Marcel casualmente encontra-se com um menino fugitivo de um container de imigrantes ilegais. Fora do container ele vive como um cachorro abandonado, no escuro, dentro d'água e onde for preciso se meter para fugir da repressão. O engraxate sem pensar, sem saber porque adota o menino e encontra aliados dispostos a ajudá-lo. Silenciosos, os amigos mostram solidariedade.

O drama da criança comove a quem não se espera comoção, o investigador, interpretado por Jean Pierre Darrousin. Ele salva a vida do garoto duas vezes. Na primeira, baixa a arma do policial que mira o menino fugitivo. Afirma: "Não atire, não vês que é uma criança?" Enfim, Ika mostra que os caminhos do senhor são insondáveis e mais uma vez o implacável perseguidor e cumpridor da lei ganha a oportunidade de salvar um imigrante.

Acredite, "O Porto" é imperdível! Pense, ontem o Brasil deu oportunidade de regularização, com carteira de identidade e tudo, a quatorze haitianos que desejavam imigrar para o Brasil. Pense, uma de minhas primeiras viagens foi a Rivera. Fui com meu pai, minha mãe e minha irmã. Meu pai e minha mãe nos disseram: " Vejam a gente atravessa a rua e está em outro país." Enfim podemos pensar como é bom viver em um Brasil, que apesar de tantos problemas é civilizado e pode servir de exemplo à França.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Um Método Perigoso ( A Dangerous Method)

Jung e Freud, que problema para mim hein? E eu? Simples mortal, não sou psiquiatra, nem psicóloga. David Cronenberg coloca os dois mitos na minha frente para eu pensar. Em "Um método Perigoso" o cineasta revive a história de relação entre o Mestre Freud e seu discípulo Jung. Evidenciando as diferemças e contradições entre os dois.

Há poucos dias , acho que foi em função da estréia do filme, ouvi em algum lugar, que as pessoas que desejam ser psiquiatras são, justamente, as que possuem grandes problemas psicológicos. O filme confirma. Jung tem uma paciente histérica que depois de anos e muitas sessões de terapia pela palavra, transforma-se ela também em analista, ou psicóloga.

Mas que pais problemáticos teve a psicanálise! Agora entendo porque muita gente que conhece a intimidade de alguns de seus amigos ou conhecidos que se tornaram psiquiatras, duvida da capacidade deles, por considerá-los muito loucos. Pelo visto, até aí, nada demais.

"Um Método Perigoso" demonstra que os deuses são mortais e tanto Jung como Freud cometeram erros. Mas viveram em outra época e foram pioneiros, desbravaram caminhos. Hoje o melhor mesmo para você tentar ser feliz é participar e aceitar plenamente o famoso método de Freud e Jung. Psicanálise ou terapia comportamental, não importa, desde que ajude cada um a se conhecer, tentar melhorar e enfrentar os seus medos.

Vigo Mortensen está ótimo como Freud e Michel Fassbinder é um Jung insinuante. Mesmo sabendo que era um outro tempo, Jung escandaliza com suas mentiras e brincadeiras sádicas com a amante. Pior mesmo foi tentar esconder tudo do Mestre! Precisou que sua amante o mandasse dizer a verdade! O machismo hipócrita vem de longa data. O marido Jung trai, a esposa aceita desde que ele volte para casa. E Jung continua sua vida de macho com outras amantes. Ninguém esperava isso do maior psicólogo que o mundo já teve...