domingo, 18 de setembro de 2011

Larry Crowne , o amor está de volta

Depois de quinze anos afastado da direção, com "The Wonders , o sonho não acabou", - alguém notou como passou esse tempos? - Tom Hanks dirige "Larry Crowne , o amor está de volta". A história tem a parceria de Nia Vardalos, de "Casamento Grego". "Larry..." reforça a imagem de bom moço, que Tom Hanks conquistou ao longo de uma carreira impecável. Assim, não é nenhuma novidade dizer que sou sua fã. Em "Larry Crowne...", ele convence com o jeito e de moço ingênuo, puro e honesto. Aliás, o que sempre foi em todos os personagens que interpretou. A isso soma-se a idéia de persistência. Tom Hanks sempre faz personagens persistentes, que vão fundo para concretizar seus sonhos e acertar na vida. Com Larry não é diferente. O personagem vive feliz, trabalhando no U-Mart. Pensa que será escolhido o funcionário do mês, quando, sem mais nem menos é despedido. Tudo devido à contenção de gastos e porque nunca estudou em uma universidade. Por isso nunca poderá ser promovido! Divorciado e desempregado, Larry separa-se de objetos que tornam-se desnecessários quando precisa mudar de vida. Impressiona a forma como aceita os novos fatos. Consegue matricular-se em uma universidade, separa-se da camioneta e adota uma moto simplezinha. Algumas coisas são muito simplificadas, como sua relação com o bando de motoqueiros e com a garota -namorada do motoqueiro de preto - que lhe dá lições de vida, arruma seu bagunçado apartamento, tudo numa boa, sem a menor maldade ou outro sentimento que não seja amor e bondade em relação ao outro. Ou será que estamos habituados a clichês? que basta ver um bando de motoqueiros para achar que vai haver confusão e violência?

Na universidade faz cursos de orátória e administração, encontra a professora Mercedes, a Mercy (Julia Roberts) por quem se apaixona. E eu que tinha perdido a paciência com Julia Roberts gostei da professora, de suas dicas de oratória e de seu cativante sorriso. Se os críticos se queixaram da falta de química entre o casal, pensem que a idéia era essa fazer um filme casto, com personagens puros e honestos, que tiveram a coragem de recomeçar suas vidas.



domingo, 11 de setembro de 2011

Cowboys & Aliens

"Cowboys & Aliens" é uma novel graphic history criada por Scott Mitchell Rosenberg. Transformou-se no romance de mesmo nome de Joan D. Vinge e está entre as novidades da Livraria Cultura. Foi adaptado para o cinema por John Favreau. O elenco impressiona, Daniel Craig, Harrison Ford, Adam Beach, Sam Rockwell, Olívia Wilde e Paul Dano. Preocupações existenciais passam ao longe. John Favreau faz um western clássico, invadido por alienígenas do mal. A perspectiva dos aliens não interessa. Destes somente aparecem monstros horrendos querendo devorar seres humanos. Quando os homens do velho oeste descobrem, usam de todas as suas forças para destruí-los. Na cena inicial, Craig encontra-se só, no meio do nada, sem lembrar o passado. Não sabe porque usa um bracelete. Descobre que este pode ser usado para abater naves alienígenas. Antes de incorporar o 007 com licença para matar, Craig já era o machão. Apesar de não possuir grande estatura, distribui seus socos e tiros certeiros, sem perda de tempo. Aplica somente os golpes necessários para deixar seus oponentes fora de acção. Durão, Craig quase sempre está envolvido com uma bela mulher, muito delicada e feminina, cujo destino pode ser trágico. Lembram da morte de Eva Green em "Cassino Royale"? Em ''Cowboys & Aliens" a bela é apenas uma lembrança esfarrapada em sua confusa memória. Surge então a misteriosa Ella (Olivia Wilde) que vem de um lugar desconhecido para ajudá-lo a combater os alienígenas. Porém, na luta entre "Cowboys e Aliens" Harrison Ford, o velho Indiana Jones ainda é o melhor, com seu olhar maroto de quem no fundo está rindo daquilo tudo, e não se importa em ter seu nome em segundo lugar. Vale anotar as presenças de Adam Beach, interpretando Nat, o filho adotivo de Harrison Ford, ou pelo menos o filho que o velho empedernido sempre sonhara ter e Sam Rockwell, o Doc, como o homem pacífico que precisa pegar em armas para finalmente conseguir a tão desejada paz. " Cowboys & Aliens" reza pelos mandamentos dos westerns clássicos, por isso mesmo vale a pena conferir.

O Homem do Futuro

Cláudio Torres, o filho de Fernanda Montenegro e Fernando Torres é o diretor e autor da comédia & ficção científica "O homem do Futuro". Parece brincadeira, mas não é. Gostei demais de ''Mulher Invisível". Em certos momentos "O Homem do Futuro" é um pouco cansativo. Mas conta com a presença de Wagner Moura, que está sempre bem. É uma delícia para as fãs vê-lo na telona. A história é criação do próprio diretor. ''O Homem do Futuro'' é um professor de física, caracterizado como um maluquinho excêntrico, que descobre uma nova forma de energia com um acelerador de partículas. O professor aciona o acelerador de partículas, fazendo parte da experiência. Diz ele: - maravilha! - depois disto vocês não pagarão mais contas de luz! Volta ao passado e tenta corrigir erros ou equívocos da própria vida. Assim Wagner Moura interpreta o físico em diversas idades. Faz uma carinha de criança, irresistível, quando é bem jovem, na famosa cena que marca sua vida em 11 de setembro de 1991. Quando o próprio volta de novo ao passado, luta para que as coisas se cumpram e aconteçam, no passado, como teriam de fato acontecido. Pois, a trama entre passado e futuro é um enredo em que um precisa do outro para existir da melhor forma. Assim a cena de humilhação do nosso querido personagem teria mesmo que acontecer, para Zero crescer e tornar-se como diz a frase feita: "um verdadeiro homem". Assim, não esqueça , se você lembrar em seu passado de momentos difíceis, em você acha que sofreu muito, foi preterido, não foi amado ou ainda foi humilhado, não esqueça, isso deveria acontecer para você tornar-se quem é hoje. Você agora é uma pessoa madura e segura de si , não é mesmo? Não esqueça, nada acontece em vão! Parece que é isso que Cláudio Torres tenta dizer em seu filme. Bom, muito bom. Ah esqueci, Alinne Morais está uma graça no filme. E Gabriel Braga Nunes o malvado interessante da última novela das oito é o personagem mau, vestido de anjo de tiara, muito sem graça! Mas como pode o belo Gabriel estar sem graça? com bracinhos magrinhos e sem nenhum músculo? Não entendi!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Octubre

O filme peruano dos irmãos Vega, Daniel e Diego explora o miserabilismo. Sabe? aquele prazer em mostrar um mundo onde todos os personagens são cretinos, pobres, miseráveis, desonestos e exploradores. Os irmãos diretores conseguem humanizar os personagens, quando - dentro da história dos embrutecidos pela miséria - Clemente (Bruno Odar) e Sofia ( Gabriela Velásquez) acolhem a pequenina abandonada em uma cesta de vime.


O gesto de amor é insuficiente para salvar o filme. Pior, filme selecionado para exibição em Cannes e fazendo parte da Mostra de Cinema. Ao compararmos "Octubre" com os "Brutti, Sporchi i Cativi ", o filme de Ettore Scola de longe é superior, chocante e surpreendente. Ao passo que "Octubre" embora neo realista, mostra a pobreza e a infelicidade de uma forma nua e crua, que não emociona. Não é possível identificar-se com nenhum dos personagens, todos são mesquinhos e sórdidos. Apesar de ser classificado como comédia dramática, ninguém ri, nem quando Sofia "dá água da bunda para Clemente beber". Aqui no Sul, reza o ditado que quem bebe "água da bunda de alguém" torna-se escravo fiel dessa pessoa! Era o que dizia Cecília, mãe do Luiz (o Merten).


Clemente é um homem que pouco fala, nunca ri e vive de explorar o outro. Funciona como um banco, cujo cofre é o forno do fogão, sem chave! Pensa que seu dinheiro está bem guardado, mas todos conhecem o local do "cofre". De início parece um homem forte a quem todos temem, mas seus devedores terminam descobrindo que se não pagarem as contas não acontece nada. Clemente é faroleiro. Sexo no filme é pago, tudo é feito por dinheiro. E o que Clemente gosta é de sexo com putas, velhas gordas, com barrigões enormes. Cansamos de ver aquele homem tirar a roupa, fazer sexo e vestir-se novamente. As gordas com cabelo crespo e enorme só comem pão com manteiga. Clemente toma um café magro com pão com ovo! Puro colesterol! E as cenas se repetem para o espectador sentir o tempo passar. Nenhuma mulher é bonita, todas são de meia idade, gastas e mal cuidadas. Sofia ama Clemente apesar de todos os seus defeitos. Mas também ela não é nenhum anjo. Apronta das suas com o homem amado e no minuto seguinte está rezando para o "Señor dos Milagres de Octubre". Outro detalhe que repete até o Cinema Novo brasileiro, a procissão com as beatas rezando, levando o Cristo e gritando histericamente, todas com véus brancos iguais - devem ter sido comprados pelo diretor na mesma loja!


Um belo dia quando volta para casa, Clemente encontra um bebê abandonado pela mãe, a outra sua amante prostituta. A história de Diego e Daniel Vega mostra que a fragilidade e a inocência do bebê é capaz de salvar os personagens. Sofia dedica-se inteiramente à pequenina. Conseguirá sensibilizar o coração do "maledeto" Clemente?

domingo, 4 de setembro de 2011

Um Conto Chinês

"Um Conto Chinês (Un Conto Chino)" é mais uma belíssima produção argentina. Ou melhor uma co-produção hispano-argentina dirigida por Sebastián Borenstein. Ricardo Darin está genial. Interpreta um homem comum, um argentino solitário. Vive sozinho, amargurado e cheio de manias. O amigo que faz a entrega dos jornais sabe que melhor seria se ele tivesse uma companheira. O rosto de Ricardo Darin é perfeito para incorporar o homem de meia idade, com cabelo levemente grisalho, algumas rugas, bolsas incômodas sob os olhos - o próprio nunca deve ter notado- mas com olhos de derrubar corações femininos, como afirma Mari (Muriel Santa Ana).

Os filmes argentinos tem um humor muito irmão, parecido com o nosso. Roberto solta palavrões a cada minuto, esses sim bem ao gosto argentino, pois os brasileiros tem predileção por outros palavrões. A narrativa é engraçada, mesmo que trate de coisas sérias. Roberto é proprietário de uma ferragem que herdou do pai. Cuida dos mínimos detalhes. Obcecado, é capaz de contar quantos pregos existem em todas as caixas que comprou. Fica furioso quando descobre que foi ludibriado, as caixas têm menos pregos. Aliás é o que acontece conosco todo dia, não é mesmo? Se os psicológos analisassem seu comportamento encontrariam, quem sabe, algo de compulsivo e repetitivo. Apesar das manias como afirma Mari, a mulher perdidamente apaixonada por ele, todos sabem que Roberto tem um coração e uma bondade enormes.

E o "Conto Chinês" fala da vaca que caiu do céu em cima dos noivos que faziam juras de amor eterno, bem na hora das alianças. A noiva morre, o noivo vem para a Argentina em busca do tio, sem saber uma só palavrinha de espanhol! Por obra do acaso, vai parar na casa de Roberto, que também por acaso colecionava casos absurdos publicados em jornais. Acredite ele recortou o caso da vaca que caiu em cima do casal de noivos! E, em meio a essa história absurda o diretor filma a vida, o amor, as carências , a capacidade de acolher o outro, de ser humano. Sebástian mostra também como a vida é efêmera, que as coisas podem mudar de um minuto para o outro. Se hoje somos que dá as cartas e dita as ordens, em poucos minutos tudo pode mudar. Como diz a propaganda da Band: "Em 20 minutos tudo pode mudar!" O que eu sempre digo pode parecer lugar comum, mas também é verdade: "A vida é rua de mão de dupla, tem a ida e tem a volta!". E para descobrir a sua volta Roberto precisa assumir que é preciso mudar, que é preciso correr atrás da felicidade e de repente, esquecer de olhar o relógio, esperando chegar as 23:00 h para apagar a luz e tentar dormir.