sábado, 27 de dezembro de 2014

Êxodo: Deuses e Reis



O filme bíblico evoca as super-produções de Cecil B. DeMille, na Hollywood, dos anos 50, como os "10 Mandamentos". Óbvio essas lembranças são privilégio de quem está acima dos sessenta e assistiu ao filme! Charlton Heston era bem mais dramático e bíblico do que Christian Bale, embora eu prefira o segundo. Todas as super produções passavam no Cine Teatro Glória, em Dom Pedrito, filas enormes se formavam na calçada. No mundo do cinema do século XXI, Êxodo é o equivalente. A comparação chega a ser impiedosa, se pensarmos na evolução tecnológica do século XXI. 
Adorei, mesmo porque não sou especialista em assuntos bíblicos. Se Charlton Heston exagerava no "overacting", Christian Bale parece mais humant, vai ficando fraquinho no final. Gostei também da forma como Ridley Scott desenvolve o tema. Ninguém precisa possuir determinada crença para gostar do filme. E o espectador começa a ficar feliz quando reconhece John Turturro como o faraó Seti. A maquiagem é muito perfeita, ele ficou parecido com Sesóstris III (1862 a.C.-1844 a.C.) , o faraó que construiu muitas fortalezas no Egito. 
Você pode até não concordar, a melhor parte do filme é quando as fofocas, sobre a verdadeira identidade de Moisés, chegam aos ouvidos de Ramsés I, o irmão, que sempre sentiu-se mal amado. O faraó pai não esconde sua preferência por Moisés. A família real, mãe e irmã são questionadas, Bithiah, a irmã do faraó emociona. Não é para menos - ela recolhe o menino das águas e o cria como filho - e  é interpretada por   Hiam Abbass, a melhor atriz da atualidade. Você lembra de Lemon Tree, O Visitante ou a Noiva Síria? 
Em sequência, assistindo ao sofrimento de seu povo, Moisés, muito lentamente toma a decisão de rebelar-se. Não sem antes ter inúmeras revelações do Senhor, que aparece sob a forma de um menino de 11 anos. Acho que esta foi a parte que muita gente não gostou, o menino discute com o profeta e teima em aplicar um tipo de castigo, tão cruel, que este não pactua. Em uma única noite, morrem todos os primogênitos não hebreus, inclusive o filho do faraó. Aliás a única coisa que tocava os sentimentos de Ramsés. Toda vez dizia para o filho que ele dormia como um anjo - dormir como um anjo é uma expressão que eu adoro! - porque era muito amado! 
E Ridley Scott não esquece das pragas do Egito, começa com as rãs, sangue, moscas, peste sobre o rebanho, tumores nos homens e animais, e finalmente fogo e gelo. Aliás esta foi a  parte da história bíblica que me pareceu atual. Diariamente assistimos na TV a desastres semelhantes, como se a versão bíblica fosse uma espécie de alegoria do desrespeito dos homens em relação à natureza. Quem sabe, aconteceu no Egito, na civilização maia e nos dias de hoje? Aquela água toda destruindo as cidades egípicias não lembra o tsunami que matou 220.000 pessoas no Oceano Índico e que completou dez anos neste último Natal?
E o momento dramático  que rivaliza com a encenação da família  é a separação das águas do Rio Vermelho. Se em Cecil B. DeMille esta era a cena memorável, acredite nas razões pelas quais é tão bom estar vivo e poder assistir às maravilhas das novas tecnologias no cinema! Assista a Êxodo e entenda porque o mar é tão assustador e misterioso, e que por isso mesmo prefiro contemplá-lo e não entrar nele jamais!



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