"Des Hommes et des Dieux" fala de violência, morte e tempos obscuros na localidade de Tibhirine, na Argélia. Conta a história verdadeira do massacre de sete frades católicos, em 1996, instalados em um mosteiro, durante a guerra civil dos anos 90. O filme é dirigido por Xavier Beauvois. Os personagens são Christian (Lambert Wilson), Luc (Michael Lonsdale), Christophe (Olivier Rabourdin), Celéstin ( Philippe Laudenbach), Amédée ( Jacques Herlin) e Jean- Pierre ( Loic Pichon), Abdelhafid Metals (Nouredine). Ganhou o Grande Prêmio do Festival de Cannes em 2010. É imperdível! Paradoxalmente "Des Hommes et des Dieux"é filmado com doçura e muito amor. Emociona. Provoca um tipo de sentimento que faz o espectador chorar quando o filme termina e fica sabendo que a história é verdadeira. Os incautos se perguntam: Onde estava eu em minha alienação? Oito padres pertencentes à religião católica escolhem viver em uma comunidade sob constantes ameaças terroristas. Predominam as tonalidades azuladas, de fim de tarde ou amanhecer, ajustadas ao semblante calmo e doce do padre Christian, o líder. O tempo passa lentamente dentro do mosteiro. Mãos rudes plantam, colhem e limpam. O trator Ursus 2812 faz seu duro trabalho de arar a terra. O Zetor 25K era gracioso quando o Abrilino o manobrava. Meu pai ficou triste quando soube que rolou em uma encosta após ter sido devolvido. Mas esta é outra história. O diretor alterna e contrapõe cenas de religiosidade e introspecção às de violência. Do lado de fora caminhões ruidosos, estradas inseguras, pessoas mortas numa guerra sem trégua. Os sentimentos que perturbam cada um dos oito frades calam fundo no espectador. Autoridades locais ordenam que se retirem. Christian, firme e inabalável, fala para seus companheiros: "Ta vie tu est dejà donné". Não há razão para fuga. A câmera perscruta o rosto de cada um daqueles homens solitários, buscando desvelar suas dúvidas e sentimentos. Ir embora? Abandonar o mosteiro? Voltar para a França, onde vivem os familiares? Haveria algum sentido nisso? Os religiosos buscam uma razão para suas vidas, não querem transformar-se em mártires. A beleza do filme está na interpretação dos atores, revelando o medo, o pavor da morte e da violência, desde Amédée, frágil e amedrontado, até Christophe - com bolsas sob os olhos-, respiração curta, coração angustiado, batendo forte, atormentado até o momento da tomada de decisão. Esse contraponto é belíssimo. A frase de um dos cânticos diz tudo: "Deus, não me dê dor que eu não consiga suportar". Meu Deus! Isso é tudo o que mais tememos. Daí a idéia da fé - presente no filme - e que também é tão importante em nossas vidas. Quando vencem o medo, libertam-se, ao som do "Lac de Cygnes" de Tchaykovski. Podem reassumir suas vidas e fazer uma refeiçãocompartilhada e regada a um bom vinho. Em sua dor e tristeza, os padres sabem que não podem abandonar o rebanho aos lobos. E as beatas, crédulas, repetem: "Os pássaros somos nós, os galhos vocês, se forem embora não teremos onde pousar"...
quarta-feira, 25 de maio de 2011
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