"Gonzaga de pai para filho" não é um filme qualquer, é muito, muito bom! Tem mais, além de falar da vida de Luiz Gonzaga e de seu filho Gonzaguinha, fala um pouco de todos nós. Você pode se ver lá dentro, como fã de Luiz. Enfim, se não era você, era seu pai, não era? ou quem sabe seu avô? Você também pode identificar-se com o personagem do jovem Gonzaga. Como muitos brasileiros, ele precisou sair de casa em busca de um lugar ao sol. A experiência no exército foi particularmente dura. Imagine um jovem de 18 anos encontrar, no militarismo e no autoritarismo, a saída para enfrentar o mundo. Naquela época, ao conseguirem dar baixa do exército, muitos soldadinhos se recusaram a voltar ao quartel para receber o soldo!
Afinal Luiz Gonzaga andou pelo país inteiro dirigindo seu caminhão. Até parece aquele hino (?) que fala do Oiapoque ao Chuí, pois não é que Luiz Gonzaga viajou de norte a sul, e chegou a Dom Pedrito? Só sei que meu pai curtiu muito. Só podia. Você consegue imaginar que só um grande talento poderia compor Asa Branca?
Afinal Luiz Gonzaga andou pelo país inteiro dirigindo seu caminhão. Até parece aquele hino (?) que fala do Oiapoque ao Chuí, pois não é que Luiz Gonzaga viajou de norte a sul, e chegou a Dom Pedrito? Só sei que meu pai curtiu muito. Só podia. Você consegue imaginar que só um grande talento poderia compor Asa Branca?
Quando "oiei" a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
O hino Asa Branca me parece que não é só do nordeste, é nosso também, é brasileiro antes de mais nada. Quando Luiz Gonzaga dançou e cantou encantando uma multidão, na laje de um hotel no Rio de Janeiro, aquilo me pareceu o máximo da consagração do artista. Fez o mesmo sucesso dançando na carroceria de um caminhão em inúmeras cidades do Brasil. Imagine eu um dia estive lá, em Dom Pedrito, e assisti ao vivo esse deus da música brasileira. Não lembro muito, é verdade, mas minha irmã - a outra, não a gêmea - falou que ele dançou na carroceria de um caminhão. Não sou só eu quem fala que adora ver Luiz Gonzaga cantando "Baião de Dois" ou "Vira e Mexe", quem fala de cátedra são nomes como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Dorival Caymi e Raul Seixas, os outros deuses que sempre amaram e respeitaram o grande cantor e compositor.
O diretor Breno Silveira não faz concessões ao personagem, mostra suas virtudes e fraquezas, qualidades e defeitos. Gostei, desconhecia a verdadeira relação de Luiz Gonzaga com seu filho Gonzaguinha. E eu que achava o Gonzaguinha muito chatinho, reavaliei, compreendi o personagem. É importante tentar melhorar, compreender, entender e aceitar as pessoas.
Algumas cenas são tão emocionantes que provocam uma profunda dor na garganta, não dá para aguentar... a gente só pode mesmo chorar. Você já pensou que só mesmo um verdadeiro artista pode decidir que um anão e um engraxate desconhecidos - assim, sem mais nem menos - farão parte de sua troupe? Pois é Luiz Gonzaga substituiu dois músicos beberrões pelos dois, o anão e o engraxate! Ensinou-os em uma tarde, todos dançando pelados dentro de um rio. O resultado foi um sucesso! E o anão era uma graça requebrando! A historia é verdadeira e eles se chamavam Osvaldo Nunes Gonzaga e Juraí Miranda. Dois que nunca souberam nada de música, viraram artistas da tarde para a noite. O show foi um sucesso em Santo Antonio de Jesus.
Assim prepare-se para ser feliz e sofrer junto com "Gonzaga de pai para filho". Finalmente cabe assinalar os ótimos atores que representaram Luiz Gonzaga nas diversas fases de sua vida. Destaque para o jovem (Land Vieira) e para o velho Gonzaga (Adélio Lima), imbatível, com olhos vermelhos e muitas cicatrizes
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