Leonardo di Caprio está genial como sempre, interpretando o corretor de valores de Wall Street que em algumas horas aplica um dos maiores golpes na bolsa. A parceria com Martin Scorsese vem de longa data e tem rendido filmes de autor. Você sabe, se o filme é de Martin Scorsese deve ir ao cinema!
Desta vez o diretor mostra a histeria em que pode se transformar a vida sob o jugo e sob o jogo da rotina frenética da bolsa de valores. O próprio personagem Jordan Belfort escreveu sua biografia, que por sua vez foi reescrita por Terence Winter. É necessário ter muita frieza para suportar tanta histeria, tanto palavrão e tanto sexo sem emoções. Como afirmam os analistas do sistema, Martin Scorsese escancara os grandes problemas e as distorções do sistema capitalista americano. O filme tem uma duração de quase quatro horas. Nas duas primeiras, prepare-se, eles gritam sem parar! E o clima de frenesi, confusão, festa, gritaria, sexo e palavrões domina por completo!
O diretor não está fazendo uma apologia do mundo sem limites de Jordan Belfort. Permite que o espectador "leia" os pensamentos de Jordan, ao mesmo tempo em que este faz seus discursos e diz exatamente o oposto. Por isso mesmo, permite uma certa cumplicidade com o anti herói, sem caráter cujo único objetivo é explorar o outro. Em alguns momentos parece que Scorsese, involuntariamente, está dando uma lição às empresas imobiliárias de como fazer, para manipular a opinião pública e conquistar otários em benefício do objetivo de lucro. Grandes empresas que vendem apartamentos, por exemplo, chamam isso de técnica de vendas. Não importa se tudo o que vendem... parece ter sido feito de papelão!
O filme tem lances hilários, em meio à tanta loucura. E bem engraçado é o personagem de Jean Dujardim, mais gordo do que em "O Artista", tão sexy, quanto um bom bife uruguaio de carne de entrecot! Aliás, os gerentes de bancos, na Suíça, ensinavam o que era necessário fazer para se dar bem num paraíso fiscal!
O final não é surpreendente, e lembra o Spielberg de "Prenda-me se for Capaz". Comparando os dois, este último é melhor, mais divertido e menos corrosivo. Se em Spielberg o personagem atinge à redenção, o Lobo de Wall Street afunda cada vez mais, sem a menor autocrítica, pisa fundo no tom messiânico do discurso final, de quem continua acreditando que enganar os outros e tirar proveito de qualquer situação, ainda é o comportamento mais louvável nos dias de hoje. Martin Scorsese é impecável em sua crítica a seu país, sonho das Américas! Confira!
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