quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O Jogo da Imitação



Nos últimos dias este é o terceiro filme que conta a história de uma vida real. Nesta semana, tenho mais dois para assistir, a Teoria de Tudo e Sniper Americano. O primeiro foi o filme de Angelina Jolie, O Invencível, o segundo Grandes Olhos, agora,  O Jogo da Imitação.  Está estreando o filme de Clint Eastwood, Sniper Americano, com Bradley Cooper.
Benedict Cumberbatch está ótimo como  Alan Turing. Em primeiro lugar, para compreender a vida de Alan, é preciso entender o quanto ele foi verdadeiramente um gênio. Não era modéstia comparar-se a si mesmo com Einstein ou Newton. Em geral, as pessoas têm dificuldades para aceitar os gênios, simplesmente porque eles são diferentes da mediocridade que reina na face da terra. No caso do matemático, suas descobertas somente vieram a público 50 anos depois. Que pena! Pelo menos agora seu valor está sendo reconhecido!
O menino Alan era diferente, por isso não era aceito pelos colegas e comeu o pão que o diabo amassou, na escola pública Sherborne Foi até emparedado embaixo do assoalho pelo bando de coleguinhas ditos normais. Desde criança apaixonou-se pelo amigo Christopher, cultivando um amor platônico o resto da vida. Os atores que os interpretam na adolescência são muito bonitos e convincentes.
Morten Tyldum, o diretor, nos mostra sua obra em três tempos. Inicia no terceiro, quando o professor Turing tem a casa roubada. Na verdade o que ele menos queria era a polícia interferindo em sua vida. Foi denunciado pela vizinhança. Sem o menor aviso Tyldum volta para a infância de Turing em Cambridge, para depois, mostrar o segundo tempo. 1939, as pessoas abandonam a cidade, início da Segunda Guerra Mundial. O jovem matemático se candidata a um cargo no  Bletchley Park, no condado de Buckinghamshire, onde deveria desenvolver um projeto secreto para decifrar as mensagens nazistas.
Tyldum é extremamente lógico e lúcido em suas colocações, mostrando um Turing genial na tecnologia e desastrado nas relações humanas. Aliás foi esta espécie de déficit na capacidade de relacionar-se com os outros seres humanos, que permitiu-lhe o estalo para a descoberta da fórmula que decifraria o Enigma nazista.
A máquina desenvolvida por Turing, deveria fazer 159 trilhões de checagens das mensagens , o que seria impossível dentro do tempo previsto. Levaria vinte milhões de anos para concluir seu trabalho.
Em contraposição, no pub, nosso herói não entendia nada das técnicas de sedução , cantadas e namoricos empregados pelo membros do seu grupo. Seus olhos estalam quando a garota conta  que está apaixonada por um nazista que inicia todas as mensagens com as letras C -I-L-L-Y. Enfim Turing percebe que precisa fazer que nem ela - perceber que algumas palavras  chave se repetem e permitem a compreensão da mensagem. Conclui que não é necessário checar todas, regulando somente as que tem palavras decifradas  repetidas. Vejam só, Alan absolutamente não entendia que a jovem sabia que seu amigo Hugh - a quem estava paquerando  - falaria com ela em quinze minutos, simplesmente porque ele tinha fixado os olhos nela e depois não tinha olhado mais.
Imagine só, sua  descoberta foi tão genial que nos dias de hoje está na crista da onda a ideia de que as máquinas podem pensar e decidir coisas a fazer. Alan projetou uma máquina que pensava de forma diferente dos homens, era universal,  capaz  de  reprogramar-se e decidir o que fazer. Por muitos anos a humanidade estudou as “Máquinas de Turing”, que hoje em dia são chamadas  computadores.
A vida privada do gênio foi sofrida, difícil, de cortar o coração! Foi doloroso saber que, na Inglaterra até 1967, a homossexualidade era considerada um crime!
Após uma série de investigações Alan Turing é  obrigado a escolher entre a prisão ou a castração química que o destrói por completo. Sua amiga, interpretada por Keira Knightley não conseguiu ajudá-lo.
Era um pacifista, contra a violência. Pensava que as pessoas amam a violência porque ela produz uma sensação agradável, prazerosa. Entretanto, é passageira, sendo em seguida substituída pelo vazio.
Nos momentos mais difíceis de sua vida quando as pessoas o surpreendiam repetia: “Aqueles de quem menos esperamos fazem coisas que nem imaginamos!”

Nem esse conseguiram ajudá-lo. Foi abandonado em seu drama, não suportando suicidou-se no dia 7 de junho de 1954 . Um dia depois das comemorações do Dia D. E eu que achava que tudo era heroísmo, todas conquistas e batalhas vencidas. Mal sabia  - e todos nós - que Alan Turing trabalhava em segredo numa pequena cidade britânica, perto da fronteira.

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