"O Vencedor" é um dos filmes candidatos ao Oscar em 28 de fevereiro. O diretor David O. Russell conta a história de dois irmãos, Dicky Eklund e Micky Ward. Irmãos muito próximos, mas que possuem diferenças enormes. Mark Wahlberg é Micky, Christian Bale é Dicky. Mais que uma história de boxe é uma crônica da família moderna americana. A mãe Alice (Melissa Leo) e Dicky (Christian Bale), o meio-irmão dominam Micky, um lutador jovem, que vem de uma série de derrotas e precisa de uma luta para vencer. Unidos, mãe e irmão não têm pruridos de o entregarem aos leões, quando acertam uma nova luta, em que o adversário é substituído por um peso pesado, mais forte que ele. Sem nada encaminhado na vida, sem nenhuma certeza, Micky ainda é massacrado pelo adversário.
Pergunto-me se o fato de Micky servir de "trampolin" para outros lutadores brilharem nos ringues estaria se repetindo na vida real? Afinal, o candidato ao Oscar de ator coadjuvante é Christian Bale e não Mark Wahlberg . É visível que David O. Russell dá mais espaço para Christian do que para Wahlberg até a metade do filme. Afinal a questão que se coloca: quem é mesmo o ator coadjuvante? Por que tanta oportunidade para o estrelismo de Christian Bale?
A criação do personagem também é quase uma caricatura. Dicky é magro, magro, com péssimos dentes, aliás faltam alguns maxilares. O ex-lutador é viciado em crack, vive rodeado dos piores elementos e está enredado com a polícia. Não foi possível notar a fala tatibitate de Christian Bale, que se superou como o viciado que deseja dominar o irmão. Mas que fundamentalmente não se importa com ninguém, a não ser seu vício destruidor.
Micky é agenciado pela mãe e pelo irmão. Em sua insegurança, precisa de Dicky, sem o qual não consegue treinar. Encontra uma namorada, Charlene Fleming -interpretada por Amy Adams - que o faz conscientizar-se de sua situação de desvalia perante a família e o resto da cidade. Para conseguir ser um "vencedor" é preciso mudar tudo.
A luta do personagem - parece que também é a do próprio Mark Wahlberg- é a busca da superação da própria insegurança e da libertação dos laços familiares castradores. Todos os olhares da família estão grudados em Micky. O bando das sete irmãs, verdadeiras bruxas loiras o persegue e à sua namorada. Em momento crítico parece que Charlene vai apanhar das tresloucadas.
Finalmente vence a persistência e a teimosia. A família de Micky é representativa da família da atualidade. A mãe é casada pela segunda vez. O pai não é o verdadeiro pai de todos os filhos. Casualmente é o que dá mais apoio à Micky. Os pais são desconectados e não podem servir de exemplo. As irmãs não ficam atrás, são mais loucas ainda. O irmão Dicky, muito menos seria o bom exemplo. Paradoxalmente, Micky faz a sua opção. Quer todos por perto, a mãe, o irmão e o amigo treinador. Dicky vence a vaidade e procura Charlene para um acordo: todos unidos em prol de Micky. Se a história passa pelo desencanto pela família, onde a mãe ainda prefere um dos filhos, no final a sua força está na união como grupo, que apóia "O lutador" .
Micky é sim exemplo de superação quando afirma: "Nunca se sabe o que pode acontecer. Não se pode desistir nunca! Quanto a isso estou plenamente de acordo. Além do que gosto muito de Mark Wahlber e de Melissa Leo também. Ela está ótima como a mãe cafona, de cabelos loiros, duros e muito mal vestida!
Um recado para os espectadores que não gostam da violência do boxe. "O Vencedor" é menos violento que "Cisne Negro" que trata da delicadez do balé...
Nenhum comentário:
Postar um comentário