Voltei, e revi "A chave de Sarah", um dos filmes mais emocionantes de 2011, baseado no romance de mesmo nome de Tatiane de Rosnay. Kristin Scott Thomas é Julia, uma jornalista que pesquisa o massacre dos judeus em 1942, na Paris ocupada pelos nazistas. Gilles Paquet-Brenner dirige esse belíssimo filme em três tempos. Alternam-se passado e presente. O passado da barbárie e a Júlia dos anos 2000 tentando descobrir a verdade e reorganizar a própria vida. Cena inicial, duas crianças, Sarah e seu irmão Michel, brincam e riem debaixo das cobertas. Será a última brincadeira, a última risada de criança. Fortes e ameaçadoras, as batidas à porta interrompem para sempre a brincadeira dos irmãos. Nazistam arrecadam judeus para prendê-los. Nunca mais se ouvirá o riso infantil. Sarah, e seus pais são levados para o velódromo Vel d'Hiv. O drama que acompanhará Sarah pelo resto de sua vida é simbolizado pela chave. A verdade aterradora que destruirá sua vida é simbolizada pela chave, que desvenda a verdade. A menina esconde e chaveia o irmão dentro de um armário. Michel em sua inocência pensa que está brincando. "A chave de Sarah" sensibiliza o espectador profundamente. Marcou a vida de Sarah e de milhares de judeus. Os acontecimentos dramáticos não têm retorno, ninguém jamais devolverá Michel ou Sarah aos braços da mãe. O mal esmaga para sempre. Por isso o personagem de Julia Tézak- embora ela preferisse usar seu sobrenome de solteira- é forte e importante, busca a verdade para colocar as histórias, os sentimentos, os sofrimentos e as dores nos seus devidos lugares.
Graças à Julia os que participam da história - inclusive ela própria - podem conhecer, reconhecer e rever seu passado. A primeira condição para superar a dor e o sofrimento é o conhecimento e a aceitação da verdade. Se esta possui um preço, é infinitamente melhor encará-la- mesmo que obrigado - para enfim conseguir aceitar o passado e a própria identidade.
Assim, se você nasceu na "Lagoa do Forno" grite em alto e bom som: "sou de lá" de Dom Pedrito, sou da "Lagoa do Forno"! A "Lacfourville" da história do Curso da Aliança Francesa, a paródia do "Cão dos Baskerville" de Sir Arthur Conan Doyle! Mas essa é outra história...
A menina Sarah Starzynsky (Mélusine Mayance)tenta voltar à casa para salvar o irmão. O episódio envergonha a França, que enviou milhares de judeus para o velódromo de inverno de Paris, o Vel d'Hiv, condenando-os à morte, ao confiná-los e mantê-los presos em condições desumanas.
A pequena Mélusine garante a dramaticidade da primeira parte. Outros atores como Kristin Scott Thomas, Niels Arestrup (o pai adotivo de Sarah) e Aidan Quinn ( seu filho) também estão excelentes. Preste atenção, observe-os. Perceba a emoção em seus olhos, no sorriso e na forma como articulam as palavras. Aidan Quinn é um grande ator - embora não seja tão popular. Lembrava James Dean quando era jovem e mais magro.
Sarah consegue voltar para salvar Michel, mas o tempo passou. Jamais conseguirá superar o sofrimento do encontro com o corpo do irmão morto. Jamais irá superar as recriminações do pai, quando ele lhe pergunta incrédulo porque deixou o irmão preso no armário? Ou ainda quando perde a chave e a encontra embaixo do sapato do soldado nazista.
Na segunda parte do filme Sarah cresceu. É uma jovem bela e amargurada. Foi adotada por Jules e Geneviève Dafaune(Dominique Frot).
As histórias de Júlia e Sara se cruzam quando a jornalista ao preparar a matéria sobre a vida de Sara Starzynsky descobre que a família de seu marido viveu no apartamento da família Starzynsky, desde que foram deportados e mortos. Descobre que Sarah nunca foi deportada, pode estar viva.
Os obstáculos ao trabalho de Julia são colocados pelos próprios personagens da história. A família do marido Bertrand opõe-se às suas buscas. O sogro sabe de tudo, mas todos desejam enterrar e esquecer um passado de vergonha. Afinal teriam se apropriado do apartamento dos judeus deportados? Ajudavam Sarah como quem distribui esmolas? Para aplacar consciências?
A parte final nos reserva o resultado da alienação. William , o filho de Sarah usa outro o sobrenome, Ransfeld. Não tem passado, não sabe quem é verdadeiramente. Seu pai ocultou-lhe a verdade. Julia, a presença incômoda, salva-se a si mesma ao salvar o outro. Quando o pai moribundo conta a verdade a William Ransfeld, o filho descobre que é judeu, que é um Starzynsky. Sua mãe negava-lhe o sobrenome para protegê-lo. Assim, um após outro os personagens emocionam o espectador, Julia e Sarah pela coragem. Sarah, com o instinto de sobrevivência e o amor de mãe, nega a verdade. Julia, para sobreviver, busca a verdade. E William, hah! William é o grande personagem alienado e equivocado que reencontra o seu ser, sua consciência e a identidade. Somente o enfrentamento com a verdade produz as condições de superação da dor e do sofrimento. E, finalmente permite o crescimento de cada um dos personagens desta história trágica e verdadeira.
Você sabia que segundo o professor Gunter Weimer, os Bittencourt- que significa plantador de beterrabas- eram judeus novos, que fugiram para Portugal? Como Sarah renegaram a própria identidade e adotaram outros nomes. Esta poderia ser a sua própria história? Hah! Entendi tudo agora!
Graças à Julia os que participam da história - inclusive ela própria - podem conhecer, reconhecer e rever seu passado. A primeira condição para superar a dor e o sofrimento é o conhecimento e a aceitação da verdade. Se esta possui um preço, é infinitamente melhor encará-la- mesmo que obrigado - para enfim conseguir aceitar o passado e a própria identidade.
Assim, se você nasceu na "Lagoa do Forno" grite em alto e bom som: "sou de lá" de Dom Pedrito, sou da "Lagoa do Forno"! A "Lacfourville" da história do Curso da Aliança Francesa, a paródia do "Cão dos Baskerville" de Sir Arthur Conan Doyle! Mas essa é outra história...
A menina Sarah Starzynsky (Mélusine Mayance)tenta voltar à casa para salvar o irmão. O episódio envergonha a França, que enviou milhares de judeus para o velódromo de inverno de Paris, o Vel d'Hiv, condenando-os à morte, ao confiná-los e mantê-los presos em condições desumanas.
A pequena Mélusine garante a dramaticidade da primeira parte. Outros atores como Kristin Scott Thomas, Niels Arestrup (o pai adotivo de Sarah) e Aidan Quinn ( seu filho) também estão excelentes. Preste atenção, observe-os. Perceba a emoção em seus olhos, no sorriso e na forma como articulam as palavras. Aidan Quinn é um grande ator - embora não seja tão popular. Lembrava James Dean quando era jovem e mais magro.
Sarah consegue voltar para salvar Michel, mas o tempo passou. Jamais conseguirá superar o sofrimento do encontro com o corpo do irmão morto. Jamais irá superar as recriminações do pai, quando ele lhe pergunta incrédulo porque deixou o irmão preso no armário? Ou ainda quando perde a chave e a encontra embaixo do sapato do soldado nazista.
Na segunda parte do filme Sarah cresceu. É uma jovem bela e amargurada. Foi adotada por Jules e Geneviève Dafaune(Dominique Frot).
As histórias de Júlia e Sara se cruzam quando a jornalista ao preparar a matéria sobre a vida de Sara Starzynsky descobre que a família de seu marido viveu no apartamento da família Starzynsky, desde que foram deportados e mortos. Descobre que Sarah nunca foi deportada, pode estar viva.
Os obstáculos ao trabalho de Julia são colocados pelos próprios personagens da história. A família do marido Bertrand opõe-se às suas buscas. O sogro sabe de tudo, mas todos desejam enterrar e esquecer um passado de vergonha. Afinal teriam se apropriado do apartamento dos judeus deportados? Ajudavam Sarah como quem distribui esmolas? Para aplacar consciências?
A parte final nos reserva o resultado da alienação. William , o filho de Sarah usa outro o sobrenome, Ransfeld. Não tem passado, não sabe quem é verdadeiramente. Seu pai ocultou-lhe a verdade. Julia, a presença incômoda, salva-se a si mesma ao salvar o outro. Quando o pai moribundo conta a verdade a William Ransfeld, o filho descobre que é judeu, que é um Starzynsky. Sua mãe negava-lhe o sobrenome para protegê-lo. Assim, um após outro os personagens emocionam o espectador, Julia e Sarah pela coragem. Sarah, com o instinto de sobrevivência e o amor de mãe, nega a verdade. Julia, para sobreviver, busca a verdade. E William, hah! William é o grande personagem alienado e equivocado que reencontra o seu ser, sua consciência e a identidade. Somente o enfrentamento com a verdade produz as condições de superação da dor e do sofrimento. E, finalmente permite o crescimento de cada um dos personagens desta história trágica e verdadeira.
Você sabia que segundo o professor Gunter Weimer, os Bittencourt- que significa plantador de beterrabas- eram judeus novos, que fugiram para Portugal? Como Sarah renegaram a própria identidade e adotaram outros nomes. Esta poderia ser a sua própria história? Hah! Entendi tudo agora!
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