domingo, 25 de agosto de 2013

Tese sobre um homicídio

Os créditos da qualidade de  "Tese sobre um homicídio" devem-se em grande parte à novela de Diego Pazkowski. A trama é surpreendente. Assisti duas vezes e gostei mais na segunda. Hérnan Golgfrid, o diretor, desde o início fornece as pistas para o espectador descobrir o criminoso. Mais fácil do que num romance de Agatha Christie, quem sabe até de forma bastante explícita. Assim, não é segredo para ninguém a identidade do criminoso. 
Em "Tese sobre um Homicídio" Roberto Bermudez (Ricardo Darin),  professor criminalista da Universidade de Buenos Aires, mantém uma espécie de duelo com seu aluno Gonzalo (Alberto Amman).
O espectador talvez não perceba, mas o interesse de Gonzalo pelo professor vai muito além do de um aluno por seu brilhante mestre. Os flashbacks redundam quando mostram Bermudez em festas familiares com Gonzalo, ainda menino, o pai e a mãe. O professor parece próximo demais da mãe do menino... Em conversa com Bermudez, Gonzalo fala que o único desejo de sua mãe era ficar longe de seu pai. A causa da tamanha desgraça que se abate sobre os dois,  seria o desafio de um possível filho mal amado e não reconhecido pelo pai?  As explicações geniais ficariam por conta de psicólogas e psiquiatras. Chamem as psicólogas e psiquiatras, por favor!
O clima do filme torna-se interessante quando se estabelece a disputa entre  Bermudez e Gonzalo. E tudo em tentativa mortal de provar que o aluno é melhor que o professor.
Dentro do campus da Universidade, uma mulher é brutalmente assassinada. Usa uma correntinha em formato de borboleta, Bermudez nota que a correntinha não deixou nenhuma marca no pescoço, após as sevícias que causaram a morte.
Em discusão anterior, Gonzalo dissera ao professor que não exista justiça, que a lei estava a serviço dos poderosos. Se alguém matasse uma borboleta não seria preso, a menos que ela pertencesse a um poderoso colecionador.
A morte é  anunciada, no meio da aula, Gonzalo é o último a levantar-se. Não olha pela janela, como todos os outros, quer ver a reação do professor... Bermudez não resiste a fazer suas próprias investigações. Tem como certa a identidade do assassino. No meio jurídico, e na vida real, uma coisa é suspeitar, outra é provar. Emocionalmente envolvido, o professor tropeça.... Ao perder a cabeça, perde a razão...Invade a casa de Gonzalo, obtendo provas por meios ilícitos.
Ironia do destino, para matar sua próxima vítima,  parece ao espectador, que simbolicamente o assassino usará uma pequena espada da justiça. Não por acaso, Gonzalo tinha entregue uma pequena espada da justiça como presente de seu pai  ao professor.
Parece que Diego Pazskowski e Hérnan Gilfrid se divertem fornecendo  pistas ao espectador...Bermudez vai caindo aos poucos. Todas as suas provas são refutadas e até usadas contra ele. Bebe muito, torna-se um alcoólatra ou já era dependente do álcool, devido a problemas não resolvidos, quem sabe com a mãe de Gonzalo? Isso sim, o diretor deixa para o espectador decidir.
O aspecto de Bermudez piora, ele definha. Os olhos ficam empapuçados de tanta bebida. Mas enfim, e aquela barriguinha proemiente, e as calças sem corte? E os sapatos marrom? Seriam de um professor desleixado ou os homens de meia idade, na Argentina e no Brasil, são descuidados consigo mesmos? Parecia o meu tio de Dom Pedrito, falecido há muitos e muitos anos. A beleza dos olhos azuis, nessa hora, sumiu... Darin tem mesmo bolsas sob os olhos ou é só para interpretar?
E Gonzalo rouba tudo de Bermudez, desde a capacidade de mostrar que é superior até a mulher que atraía o professor. Para humilhar, lhe sussurra ao ouvido, dizendo baixinho, que tem seguido  seus conselhos,  tem praticado muito sexo! Finalmente,  com frieza e crueldade suprema, ironiza  o mestre, quando afirma que não vai prestar queixa à  polícia. É mais ou menos como matar uma barata e esmagar com o pé...
Não perca, os filmes argentinos estão cada dia melhores!


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário