Acho
que Érico Veríssimo apreciaria a versão de “O Tempo e o Vento” de Jaime
Monjardim. Thiago Lacerda faz jus a tudo o que a Lucinha diz dele: É lindo!
Encarna com perfeição o personagem, corajoso, inquieto e atraente. Representava
o ideal masculino da época, apaixonado por guerras, lutas e batalhas, mas que
respeitava os desejos de uma mulher: -
“Se a senhorita Bibiana não quiser falar comigo, vou embora deste lugar agora
mesmo”. A paixão pela jovem é
insuficiente para transformar o herói num pacato dono de bolicho. Os pontos
fracos do moço afloram... Afinal Rodrigo sentia-se à vontade em meio a uma luta
corpo a corpo, com punhal, faca ou espada. Mas o que restava para fazer naquele
Rio Grande medonho, com tanta pobreza e dificuldades? Restava balançar para o
lado dos maragatos ou pica-paus. Aliás, Monjardim não usa esta palavra. Ele
fala na luta entre maragatos e republicanos. Capitão à parte, graça mesmo é o
personagem do índio Pedro. Li o livro há muito tempo, sabia que Pedro morreria,
mas mais uma vez, quis mudar o desfecho da história. O
Rio Grande da época era um lugar masculino, de homens, de lutas com uma
violência desmedida. Capitão Rodrigo lamentava não ter conseguido completar a
voltinha do R, que marcara na cara do inimigo. Imagine você, a platéia
aplaudiu! E eu me diverti muito! Para
os gaúchos muito provavelmente o filme vai tornar-se um épico. É impressionante
como Thiago Lacerda está sedutor, m-u-u-u-i-to alto, verdadeiro herói de contos
de fadas! Pergunto-me: Não haveria certo exagero naquele chiripá vermelho? A
roupa usada por Bento Gonçalves em “O
homem das sete mulheres” interpretado por Werner Schunemann, me pareceu
mais adequada. Aliás, no “Tempo e o Vento” de Monjardim, o brilho fica por
conta de Thiago Lacerda. O filme é feito para ele, e somente ele - o Capitão
Rodrigo - é a verdadeira estrela. As mulheres, lindas e adoráveis, passam ao
fundo, como sombras. Como dizia Ana Terra, as mulheres teciam, esperavam e
choravam. E as atrizes sumiram junto com suas personagens. Pensando
bem, o filme não seria machista? No fundo poderíamos pensar que foi realizado
para celebrar o homem dominante - el hombre. Seria uma ode ao macho gaúcho! Coisa
que este povo vive sonhando e celebrando, tudo misturado, a saga de Érico
Veríssimo com as histórias inventadas por tradicionalistas desavisados. Ainda
bem que o mundo mudou! Que o Rio Grande mudou!
E que as mulheres pararam de chorar, tecer e esperar.
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
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