sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O Tempo e o Vento

Acho que Érico Veríssimo apreciaria a versão de “O Tempo e o Vento” de Jaime Monjardim. Thiago Lacerda faz jus a tudo o que a Lucinha diz dele: É lindo! Encarna com perfeição o personagem, corajoso, inquieto e atraente. Representava o ideal masculino da época, apaixonado por guerras, lutas e batalhas, mas que respeitava os desejos de uma mulher: - “Se a senhorita Bibiana não quiser falar comigo, vou embora deste lugar agora mesmo”.  A paixão pela jovem é insuficiente para transformar o herói num pacato dono de bolicho. Os pontos fracos do moço afloram... Afinal Rodrigo sentia-se à vontade em meio a uma luta corpo a corpo, com punhal, faca ou espada. Mas o que restava para fazer naquele Rio Grande medonho, com tanta pobreza e dificuldades? Restava balançar para o lado dos maragatos ou pica-paus. Aliás, Monjardim não usa esta palavra. Ele fala na luta entre maragatos e republicanos. Capitão à parte, graça mesmo é o personagem do índio Pedro. Li o livro há muito tempo, sabia que Pedro morreria, mas mais uma vez, quis mudar o desfecho da história. O Rio Grande da época era um lugar masculino, de homens, de lutas com uma violência desmedida. Capitão Rodrigo lamentava não ter conseguido completar a voltinha do R, que marcara na cara do inimigo. Imagine você, a platéia aplaudiu! E eu me diverti muito! Para os gaúchos muito provavelmente o filme vai tornar-se um épico. É impressionante como Thiago Lacerda está sedutor, m-u-u-u-i-to alto, verdadeiro herói de contos de fadas! Pergunto-me: Não haveria certo exagero naquele chiripá vermelho? A roupa usada por Bento Gonçalves em “O homem das sete mulheres” interpretado por Werner Schunemann, me pareceu mais adequada. Aliás, no “Tempo e o Vento” de Monjardim, o brilho fica por conta de Thiago Lacerda. O filme é feito para ele, e somente ele - o Capitão Rodrigo - é a verdadeira estrela. As mulheres, lindas e adoráveis, passam ao fundo, como sombras. Como dizia Ana Terra, as mulheres teciam, esperavam e choravam. E as atrizes sumiram junto com suas personagens. Pensando bem, o filme não seria machista? No fundo poderíamos pensar que foi realizado para celebrar o homem dominante - el hombre. Seria uma ode ao macho gaúcho! Coisa que este povo vive sonhando e celebrando, tudo misturado, a saga de Érico Veríssimo com as histórias inventadas por tradicionalistas desavisados. Ainda bem que o mundo mudou! Que o Rio Grande mudou!  E que as mulheres pararam de chorar, tecer e esperar.
 

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