O Dançarino do Deserto , dirigido por Richard Raymond, é a história verdadeira de Afshin Ghaffarian, um dançarino iraniano , que hoje vive seu sonho em Paris.
Desde criança o menino amava a dança. Justamente uma das atividades artísticas absolutamente proibidas pelo governo de Ahmadinejad. Se pensarmos que um dia o Irã se preocupou com os direitos humanos, essa proibição é impressionante e espantosa. Principalmente quando sabe-se que a cultura milenar do país tem sido proibida no regime dos ayatolás. Qualquer semelhança com o Brasil, não é mera coincidência!
Se dissermos para um jovem que nos anos 60 e 70 precisávamos viajar a Montevideo para assistirmos a filmes como A Laranja Mecânica de Stanley Kubrick ou Estado de Sítio de Costa Gavras, ele pensará que se trata de uma brincadeira! A faixa dos 20 não consegue imaginar o quanto a ditadura militar cassou a liberdade e o sonho dos estudantes da época.
Pensem nos tempos difíceis de hoje, tem gente pedindo a volta dos miltares! Nem estes conseguem acreditar em tal disparate!
No Irã, o pesadelo é aqui e agora! Ashin se inscreve em uma Escola de Dança, e logo sente a repressão. Quando o grupo de amigos é abordado pela polícia local, o clima de tensão faz lembrar o dia em que a polícia parou seus cavalos defronte à Arquitetura da UFRGS. A bala ficou cravata na parede da Biblioteca para todo verem! Diziam que o porteiro era dedo duro e que os próprios professores foram denunciados pelos colegas… Imagine a barbárie! Sempre pensei que ninguém deve ser submetido a esse tipo de tratamento, nem Afshin e nenhum de nós!
A vontade de aprender e de ser alguém foi mais forte. O dançarino desenvolve seu talento praticamente sozinho. Quando consegue formar o grupo de dança, falta-lhe plateia. Surge a ideia genial de fazer uma apresentação no deserto. O bailarino é uma figura delicada, doce, bonita. É o próprio gênio da dança! Só falta prová-lo para o mundo. Por um acaso do destino, desembarca na França, país que desde a Revolução Francesa leva a sério valores como liberdade, igualdade, fraternidade e laicidade.
Afshin aprende com seu professor, que a dança liberta-se das palavras para expressar sentimentos de dor, revolta, paixão, medo ou alegria. Para ele a dança transforma-se em uma forma de protesto e denúncia. Não é sem razão que reza o ditado, um gesto vale mais que mil palavras! Não perca este filme e sinta a beleza das cenas de dança no deserto!
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