sexta-feira, 7 de maio de 2010

Tudo pode dar Certo (Whathever Works)

"Vicky Cristina Barcelona" é um filme muito caricato do antigamente genial Woody Allen. Antes de casar com a filha adotiva de sua mulher, Mia Farrow, Woody reproduzia em seus filmes tudo o que falava no divã do psiquiatra. Depois de casar com Soon Yi - fato deplorável para mim, pelo menos - Woody Allen não fez nenhum filme instigante. Não pela idade da menina, mas por ser filha adotiva, poderia ser sua filha também. Essa relação sempre me pareceu muito próxima do incesto. Os filmes anteriores a 1997, quando se divorciou de Mia Farrow provocavam um frenesi e um riso solto nos espectadores. Dois dos melhores em minha opinião são "Um misterioso Assassinato em Manhatan" e "Poderosa Afrodite".

É provável que Woody Allen tente compensar seu aspecto pequenino, esmirrado, com óculos de aros escuros e grossas lentes, com o convencimento sobre sua superioridade intelectual. Todos, em sua opinião são burros, ignorantes, simplórios, sem cultura e educação, como o demonstra personagem de Larry David no filme de hoje, "Tudo pode dar Certo". Da mesma forma que o "clown" que se dá bem em "Um convidado bem Trapalhão" do genial Peter Sellers, Woody sempre conquista as mulheres mais lindas, maiores e mais altas que ele, grandonas e sexys. Lembram da poderosa Mira Sorvino? Ele desejaria mulheres desse tipo para exibir como troféu?
'Tudo pode dar certo" mostra a mesma tendência. Com a diferença que a loira burra - como Larry David pensava e evidenciava - termina encontrando alguém de sua idade para namorar. Não sem antes ter passado pelos braços de Woody, quer dizer, Larry David.

O filme parece uma peça de teatro, com diversos atos. No primeiro o personagem de Boris Yellnikoff (Larry David) é apresentado. No segundo, surge a jovem Melodie St. Ann Celestine (Evan Rachel Wood) . Cada vez que batem à porta do apartamento de Boris tem início um novo ato. No penúltimo temos o encontro de Larry com seu destino, com a sua sorte e no último todos se encontram.

Assim este novo Woody Allen não encanta. A platéia ria mais do que eu. Seria cautela de minha parte? O personagem de Boris Yellnikoff, interpretado por Larry David é o alter ego de Woody Allen, aquele que substituiria o próprio Woody com perfeição. Mas enfim, porque um alter ego? Se o próprio Woody representasse a si mesmo seria mais convincente. Woody Allen é infinitamente melhor que o antipático Larry David.

O personagem é um velho mal humorado, que não acredita no mundo. Tentou se matar , mas apenas chamou atenção dos outros. Divorciou-se e foi morar no centro. Por mero acaso encontra Melodie e abriga a jovem em seu apartamento. Larry vê os outros de forma malévola, irônica e maliciosa. Seu riso e meias palavras invariavelmente expõem os outros ao ridículo, desdém ou menosprezo. Tudo de forma cômica, é óbvio. Aliás, um menosprezo que o próprio Larry sente por si mesmo. Seu visual parece falso e patético. Está sempre de bermudas ou com um chambre sobre estas. E o pior, é manco. É pateticamente manco. Se as manquinhas não conseguiam namorado, como Eugênia, a manca e pobre em "As Memórias Póstumas de Brás Cubas" porque seria diferente como o horroroso Larry? Com certeza Woody Allen nunca leu Machado de Assis.

Mesmo assim a ingênua Melodie casa como Larry. Quando percebe que não o ama, conta-lhe que se apaixonou por um jovem de sua idade, Randy James (Henry Cavill). Ele recebe a notícia com desdém procurando diminuir em tudo a bela jovem, que poderia ser sua filha ou neta.

Finalmente, de forma rápida e caricata, o filme trata de outras formas de relacionamento amoroso, que rompem barreiras. No final todos se acertam e confraternizam. Larry finalmente se expressa de forma adequada quando exorta a platéia a viver, amar e contar com a sorte.


Um comentário:

  1. Oi Dóris.Gostei do seu comentário sobre Woody Allen.Também não sou muito fã de seus filmes.
    Dá uma olhada no seu e-mail.Enviei uma mensagem sobre a palestra do meu amigo, agora com mais detalhes.Nesta semana acho que não vou ver você na Unisc, para conversarmos, mas assim que der nos falamos.abraço!
    E parabéns pelos comentários dos filmes, estão cada vez melhores.

    ResponderExcluir