terça-feira, 16 de novembro de 2010

Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right)

"Minhas mães e meu pai" é um filme interessante. Sempre é muito bom rever as atuações de Annette Bening e Julianne Moore. Ambas são excelentes. Annette Bening além de ser considerada uma grande atriz, ficou mais famosa depois que resolveu assumir as rugas. Segundo a mídia, Annette recusa-se a realizar qualquer tratamento que a faça parecer mais jovem.

O filme dirigido por Lisa Cholodenko trata do casal homossexual Nic (Annette Bening) e Jules (Julianne Moore). As mães conceberam Laser (Josh Hutcherson) e Joni (Mia Wasikowska) através de inseminação artificial, com doador anônimo. Na maior parte dos casos que envolve homossexualismo, os filhos aceitam os fatos com maior naturalidade. Talvez deva-se a isso o título do filme "The Kids Are All Right" ("As crianças estão bem"). No caso, se um dos filhos assim o desejasse, a partir dos 18 anos poderia conhecer a identidade de seu pai, se este o permitisse.

Josh sente curiosidade e precisa da irmã com seus 18 anos para investigar seu pai doador. A visão da história enfoca dramas e problemas que se repetem em qualquer família, hetero ou homossexual. As mães são muito preocupadas com seus filhos. Sabem dar "limites", o que muito casal hetero não consegue. E se preocupam muito com a escolha das amizades.

Lisa Cholodenko mostra que o cotidiano e os problemas do dia a dia afetam a todos, Nic e Jules sentem-se frente à mesmidade. Esse é o problema, e o pai doador vem para sacudir justamente o lado mais frágil da relação. Quando Paul (Mark Ruffalo) surge, a família entra em crise existencial. De um lado os dois filhos se alegram com a figura do pai, um homem jovem, bronzeado, que cultiva hortaliças, legumes e frutos orgânicos. Estabelecido um novo elo, surge a possibilidade de uma nova família e quem sobra é Nic. A interpretação de Mark Ruffalo é tão natural que ele nem movimenta os lábios para pronunciar as palavras. Observe.

Jules representa o lado frágil da família, nunca conseguiu se impor, não trabalhava. Nic nunca a encorajou a isso. Cuidava das duas crianças. Familiar não é? Isso acontece há séculos na família patriarcal e nuclear hetero. O pai provedor impede a mulher de trabalhar. Ao que parece Jules sentia-se oprimida por Nic e agora sente-se atraída por Paul, que representa uma forma de fuga da mesmidade homo. Elas se perguntam: Mas...você já viu um homossexual, de repente, se transformar em heterossexual? Ou voltar a ser hetero? Eis o dilema que precisará ser enfrentado pelo novo triângulo amoroso.

Estão em pauta os problemas de uma nova forma de família que ainda não consta nos livros tradicionais de história da família. Uma forma de relação que já se estabeleu, e exige seus direitos ao reconhecimento. Diga-se de passagem Lisa Cholodenko tratou o tema com delicadeza. Fugiu aos estereótipos. O casal no máximo usava camisetas neutras, sem parecerem mulheres "Maria-João". Julianne Moore em "O Preço da Traição" interpretou uma mulher que teve um relacionamento fugaz e homo com a outra que tinha contratado para testar seu marido, você lembra?

Não deixe de assistir às "Minhas mães e meu pai" e observe a sua própria reação.


Um comentário:

  1. Dóris, muito legal o teu blog, um abraço da tua aluna Juliana.

    ResponderExcluir