Os Intocáveis dirigido por Eric Toledano, por enquanto é o melhor filme de 2012. Não sei bem como isso acontece, mas sei quando estou diante de um grande filme e foi exatamente a sensação que tive quando o filme iniciou. O trailer antecipara as emoções de Philippe ( François Cluzet) francês rico que após um acidente fica tetraplégico. Na tela o motorista negro, carrega seu passageiro para emoções extremas. A cena é uma loucura, mesmo que o espectador esteja farto das corridas de carro de filmes americanos, aqui é diferente. Um deus grego faz o carro voar, roncando como louco pelas ruas da grande cidade. Philippe vibra com a emoção que Driss (Omar Sy) lhe proporciona, alegria e felicidade que ninguém permite a um tetraplégico. Nem que para isso o motorista tenha que transgredir muitas regrinhas de bem viver. Na verdade o que impressiona o espectador é o contraste entre a força de Driss, o cuidador e a fragilidade de Philippe. Quando o primeiro se apresenta simplesmente para conseguir uma assinatura para um seguro desemprego, atrai a atenção de um homem doente, mas saudável a ponto de não aceitar a piedade de ninguém.
Philippe vive em um palacete, rodeado de governantas, cozinheiros, secretárias e jardineiros. Driss chega com uma tal vitalidade e alegria de viver que ofusca a todos. Torna-se alvo das atenções. Óbvio, também tem seus problemas. Não aparece em casa por seis meses simplesmente porque está preso por roubo. Ninguém fica sabendo. Isso não se conta para ninguém. Quando volta, o surpreendemos tomando banho numa minúscula banheira com os joelhos dobrados. Agora tem direito a um quarto com banheira e muita sofisticação bem dentro do gosto dos franceses pela tradição. A decoração do palacete é inspirada na tradição clássica do Ancièn Régime. Não possuindo sofisticação, Driss fala o que pensa e diz algumas verdades não permitidas aos membros da elite freqüentada por Philippe. É justamente este lado do caráter de seu cuidador que o atrai e o faz dar boas gargalhadas nas horas em que normalmente deveria estar sentindo-se o mais miserável dos homens.
Não é apenas o espectador, ninguém consegue parar de olhar para Driss. Pudera, de onde saiu criatura tão exuberante? Que nem a Vênus Negra, aqui temos o Apolo ou o Júpiter Negro. O visual é o de um atleta com 2,00 m de altura aprontando todas as travessuras inimagináveis com seu "boss"' e sem papas na língua!
Assim aparentemente sem a menor qualificação para o posto, Driss surpreende, ensina e propõe a Philippe mil e uma formas de superação. Quando o vemos empurrando a cadeira de Philippe em um passeio na madrugada à beira do Sena, não temos a menor idéia do que um poderá aprontar para o outro em termos de desafios. E quando vemos tudo o que os paralímpicos são capazes de fazer, constatamos que nosso lema além de ser a frase de Jean Cocteau: "Ele não sabia que era impossível, foi lá e fez", também poderá ser: "Desista dos limites, acabe com eles, faça com que deixem de existir; destrua de vez esses limites". Afinal se vive uma só vez! Esta é a lição de grandeza e humanidade que Driss foi capaz de ensinar a Phillipe, que por sua vez também ele foi capaz de transformar uma vida, com uma mente aberta, forte e sem preconceito.
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