sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Na Terra de Sangue e Mel

Angelina Jolie, a bela, faz um filme sobre o tema mais doloroso da face da terra. Sobre o tema mais difícil de entender - pelo menos para nós, brasileiros- a "Guerra da Bósnia", um país onde as diversas etnias têm problemas seculares e irreconciliáveis entre sérvios cristãos ortodoxos, croatas católicos e bósnios muçulmanos.
Em sua vertente de defensora das causas humanitárias, Angelina faz uma veemente denúncia dos abusos e crimes contra a humanidade que aconteceramn na antiga Iugoslávia, entre 1992-1995. Desde a Segunda Guerra Mundial nada de tão violento e criminoso tinha acontecido. Os militares sérvios dominam pela força, adotam métodos de extermínio e limpeza étnica semelhantes aos do nazismo.
Em Na Terra de Sangue e Mel assistimos à cenas repulsivas e de extrema covardia. Os créditos mostram a extrema violência contra as mulheres, duas em cada dez mulheres foram violentadas. Os números oficiais confirmam entre 20.000 e 44.000 mulheres que foram sistematicamente violentadas pelas forças sérvias.
A população fica à mercê da barbárie. Bombardeios e execuções destróem praticamente tudo. A Bósnia é um país devastado, onde não seria difícil contar os poucos que sobraram.
O foco está em dois personagens que tinham uma relação amorosa antes da guerra. E o que poderia ter sido amor se corporifica em conflito entre homem e mulher, em  relação doentia entre vítima e torturador. Psicólogos explicam a relação de dependência abjeta que existe entre  a vítima e seu algoz. Danijel (Guran Kostic) o militar sérvio,  tem a ambiguidade característica de filho dominado pelo pai, ditador-totalitário.
Na Lista de Schindler sentimos a ambiguidade do nazista, que empregava mão-de-obra judaica em benefício próprio. Mesmo assim, ele construiu sua lista e salvou muitas vidas. Danijel,  ao contrário, viveu atraído por Ajla (Zana Marjanovich), mas foi incapaz de amá-la, dominado pelo preconceito contra os muçulmanos.
Ajla também é ambígua. Se lutou em prol de suas crenças e de seu povo, isso a diretora deixa para o espectador concluir.
Sentia atração é ódio por Danijel, infiltrou-se para fazer o papel de espiã, e o fez? Quando foi abandonada pelo amante no museu em ruínas, caminhando de salto alto, com um mantô azul, delicada e feminina, teria avisado seus companheiros?
Danijel é o covarde, o filho fraco. Apanha do pai como um menino levado, mas não tem coragem de enfrentá-lo. Mesmo sabendo que foi ele quem ordenou o estrupro de sua vítima por um soldado raso. Humilhado e desesperado Danijel reage. Emprega o método de execução nazista, que conhecemos do cinema. Um tiro rápido na cabeça da vítima , que não percebe a própria morte. Forte com os fracos, perde a voz diante do pai dominador. Que nojo!
A dúvida permane Ajla lutou por seus princípios ou entregou-se à dolorosa dependência na relação com seu dominador- amante-torturador?
É preciso conhecer a Guerra da Bósnia para saber onde está o inferno. Imagine , Angelina Jolie disse que algumas cenas foram cortadas simplesmente porque não suportaríamos.
 
 
 
     

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