Antoine d´Anthac poderia ser o próprio Alain Resnais, o grande cineasta de 90 anos. O diretor ficou famoso com "Hiroshima meu amor", e surpreende mais uma vez com sua genialidade. O filme conta a história da morte do dramaturgo D´Anthac, que convida treze atores que atuaram em sua peça "Eurídice", para a cerimônia de abertura de seu testamento. De fato o legado de Anthac é a discussão sobre o mistério da vida e da morte. Alain Resnais fala de morte, como se estivesse fazendo sua obra póstuma.
Os treze atores são os próprios: Mathieu Amalric, Pierre Arditi, Sabine Ázema, Anne Consigny, Anny Duperey , Hyppolite Girardot, Michel Piccolli, Michel Vuillermoz, Lambert Wilson, Jean Crétian...
Rubem Alves diz que dentro de cada um nós vivem muitos outros, a quem até podemos dar nosso próprio nome ou inventar outros. Precisamos descobrir esses muitos que vivem cá dentro.
Assim, o dramaturgo D´Anthac pode ser Resnais anunciando a própria morte. E os outros treze, são os muitos Alain Resnais que vivem dentro dele mesmo. O diretor trabalha com a encenação teatral como forma de falar de si, da vida e da morte. Tudo é dramaturgia. De fato não existe público. Aliás, o público somos nós, e não os atores que assistem à encenação. Os treze vivem seus próprios papéis, mas não são eles mesmos, são a matéria usada pelo diretor para falar de si próprio. Cada ator conhece muito bem o seu papel - na história de Orfeu e Eurídice - que é encenada como se fosse o testamento do autor.
Assim, o dramaturgo D´Anthac pode ser Resnais anunciando a própria morte. E os outros treze, são os muitos Alain Resnais que vivem dentro dele mesmo. O diretor trabalha com a encenação teatral como forma de falar de si, da vida e da morte. Tudo é dramaturgia. De fato não existe público. Aliás, o público somos nós, e não os atores que assistem à encenação. Os treze vivem seus próprios papéis, mas não são eles mesmos, são a matéria usada pelo diretor para falar de si próprio. Cada ator conhece muito bem o seu papel - na história de Orfeu e Eurídice - que é encenada como se fosse o testamento do autor.
Orfeu apaixona-se por Eurídice, mas surge Aristeu, um ser estranho que ameaça esse amor. Tentando fugir da traição, Eurídice tropeça e é picada pela serpente. Orfeu, transtornado pela tristeza, desce ao mundo dos mortos, tentando trazê-la de volta. A agonia da música de Orfeu emociona Hades - rei das trevas - que atende aos desejos de Perséfone, sua mulher. Permite a Orfeu trazer Eurídice de volta à vida, desde que ele não olhe dentro de seus olhos. No final do túnel, desconfiado, Orfeu olha para trás. Vê Eurídice pela última vez, transformando-se em tênue fantasma, como um sopro que escapa do mundo dos mortos.
Na dramaturgia de D´Anthac, surgem as falas que afirmam que, na vida encontramos seres estranhos, como os que aparecem para o casal de namorados. E Resnais fala de solidão, de como cada um de nós pode estar rodeado pela família, e de fato, sem perceber, pode estar vivendo na maior solidão. E fala de morte, que pode ser doce e serena. Problemas - estes sim - temos em vida.
Resnais fala das lembranças e de sua importância para nossas vidas. É preciso estar atento à beleza do filme. Da mesma forma que na tragédia grega, o dramaturgo, que amava finais supreendentes e reviravoltas, faz cumprir o destino de Orfeu.
O mito de Orfeu e Eurídice me fez lembrar a própria infância. Eu adorava ir ao circo-teatro Biduca assistir à peça '' E o céu uniu dois corações" - uma versão caipira do mito de Orfeu. Enfim, os sentimentos vividos, de dor ou tristeza nos acompanham, não escapamos de nossas lembranças. Mas elas, as lembranças poderão transformar-se em doce consolo: "Nous avons nos souvenirs pour nous défendre." ( Nós temos nossas lembranças para nos defender)...
Na dramaturgia de D´Anthac, surgem as falas que afirmam que, na vida encontramos seres estranhos, como os que aparecem para o casal de namorados. E Resnais fala de solidão, de como cada um de nós pode estar rodeado pela família, e de fato, sem perceber, pode estar vivendo na maior solidão. E fala de morte, que pode ser doce e serena. Problemas - estes sim - temos em vida.
Resnais fala das lembranças e de sua importância para nossas vidas. É preciso estar atento à beleza do filme. Da mesma forma que na tragédia grega, o dramaturgo, que amava finais supreendentes e reviravoltas, faz cumprir o destino de Orfeu.
O mito de Orfeu e Eurídice me fez lembrar a própria infância. Eu adorava ir ao circo-teatro Biduca assistir à peça '' E o céu uniu dois corações" - uma versão caipira do mito de Orfeu. Enfim, os sentimentos vividos, de dor ou tristeza nos acompanham, não escapamos de nossas lembranças. Mas elas, as lembranças poderão transformar-se em doce consolo: "Nous avons nos souvenirs pour nous défendre." ( Nós temos nossas lembranças para nos defender)...
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