domingo, 23 de fevereiro de 2014

Ela

Luis Fernando Veríssimo escreve sobre o inacreditável e o incrível. O inacreditável seria o aspecto negativo. Então é inacreditável que "Ela", um filme que teria tudo para ser incrível, possa tornar-se tão cansativo. Assistir a duas horas de um filme que  mostra praticamente a mesma cena: Theodore (Joaquim Phoenix) falando  com a voz  (Scarlet Johansen) do SOS mesmo que seja  de Scarlet Johansen, torna-se enfadonho. Quando as estrelas são o homem e o computador, é difícil fugir de cenas de câmera parada e meios planos. O personagem passa inúmeras vezes pelo hall do prédio onde trabalha para marcar a passagem do tempo. Sai para a rua  e caminha - muitas vezes - pela passarela de pedestres de uma bela cidade, que me pareceu Seattle. Vocês viram o belíssimo projeto de Rem Koolhaas, da Seattle Public Library? Não tenho certeza. 
Mas voltando, Theodore é um caso patológico, como diria a psiquiatra, amiga da dra . Miriam Vontobel. Para elas tudo é patológico! He, he, he! Será que já classificaram esse tipo de distúrbio? 
As dificuldades de comunicação de Theodore, chegaram ao limite, o personagem se envolve, emocionalmente, com um SOS, sistema operacional inteligente, que simplesmente é a voz de Scarlet Joahnsen.
Alguém que fica falando o tempo todo com o SOS do seu computador  é tão chato, quanto aquele que vive pendurado em e-mails, ou ainda, outros que possuem 30.000 amigos virtuais, ou os que frequentam as páginas de sexo da NET, ou ainda, o mais comum, aquele que está sempre grudado no seu IPhone, como quem diz para mim e para os outros que não quer falar conosco, que a nossa companhia não lhe agrada, que prefere enfiar sua cara no seu IPhone. Diante desse tipo de gente, muitas vezes pensei em desistir de falar pessoalmente, e telefonar para a criatura! 
Ao chamar a atenção para esse comportamento, intencionalmente, Spize Jonze quer  falar de seu aspecto corrosivo e doentio. A escala do patológico vai num crescendo que a própria máquina envia um corpo substituto para humilhação de Theodore! Até finalmente o próprio perceber que relacionar-se emocionalmente com uma voz, sem corpo, é loucura e insanidade, principalmente quando o coitado descobre que a vozinha fazia o mesmo com mais de 3.000 usuários. O mais doloroso é quando Theodore olha ao redor e percebe-  como todos nós percebemos hoje dia - as pessoas, na rua, no ônibus, no cinema, no shopping, todos com os olhos grudados no seu celular!
Pior ainda foi assistir ao lindo Joaquim Phoenix fazer um Theodore com uma calça de lã, de cintura alta, sem cinto  e bunda caída! Acreditem, é muito triste!  



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