sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Gloria

Gloria interpretada pela atriz Paulina Garcia sai quase toda noite para dançar em bailes da terceira idade. É mais uma forma de preencher o tempo. Existem milhares de Glórias, em Santiago ou Porto Alegre. Todos nós passamos por uma  fase da vida, em que cedo ou tarde, ficamos sozinhos. A família existe, mas cada um leva a sua vida. E Glória precisa aprender a ser idosa. Aliás, o idoso deve ter muito cuidado na relação com os filhos e parentes,  muito mais do que quando era jovem. Precisa aprender a encontrar um sentido para a vida, um rumo certo, saber viver consigo mesmo, para finalmente encontrar a tão desejada paz de espírito. 
Glória está em busca de valores e sentido para a sua vida. E precisou sofrer muito para perceber que de nada adianta namorar o primeiro que passa! Rodolfo foi uma má escolha, um idoso inseguro, sem graça, dominado pelas filhas e ex-mulher. 
O filme perdeu o embalo quando comecei a achar Glória igual à Tootsie - interpretada por Dustin Hoffman - e ainda dormia de óculos a nossa Glória! Era o próprio Dustin Hofman de saias!
Não se pode negar a coragem da personagem em busca do que imagina ser a felicidade: sai à caça de senhores idosos, gordos beberrões, fuma, bebe uísque (bebida destilada!) e ainda prova muitos baseados como se tivesse vinte anos! Ora Glória os cinquenta e oito anos não  lhe proporcionaram nenhuma experiência ou responsabilidade? Porque maltratar-se tanto a ponto de se deixar cair abandonada na praia, bêbada, descalça e sem dinheiro para pagar o hotel? Enfim, repito é preciso aprender a ser idoso, nem que seja para evitar tanto sofrimento!
Este é o filme do diretor chileno Sebástian Lelio, que ainda está em cartaz na Casa de Cultura Mário Quintana. Se você quiser assistir às peripécias de Glória, corra, pode estar nos últimos dias em cartaz. Preste atenção na cena em que a filha viaja para o exterior e pede que a mãe não entre no aeroporto. Inconformada, Glória volta e espia sua filha fofa, sem que esta perceba. Uma graça, coisa de mãe!
Finalmente, aos poucos encontra o seu eu quando, por exemplo,  aceita a amizade do gato, o eterno companheiro das idosas! He, he, he! Parece que falta para a personagem um pouco mais de amor próprio e sabedoria para escolher seus homens! Tarefa nada fácil...

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