terça-feira, 11 de março de 2014

RoboCop

RoboCop é a consagração de José Padilha. Difícil escolher o melhor filme, se Tropa de Elite ou RoboCop. As cenas de ação e violência protagonizadas pelo Homem-Máquina atingem a um plano de perfeição. Excitantes,  o espectador pode se deixar levar, se jogar na tela, voar na motocicleta junto com RoboCop e até inspecionar as possíveis ameaças olho a olho, pode se transformar na máquina que analisa o olho do possível inimigo, concluindo : "no treath". 
O primeiro RoboCop de 1987, mostrava a história trágica e instigante do homem que se transforma em máquina. Peter Weller era o herói, um ator bonito, jovem. O diretor mostrava somente a boca do personagem, belíssima. Nem queiram ver o Peter Weller de hoje, o tempo passou... Padilha mostra o rosto inteiro e os olhos líquidos e esverdeados do ator sueco Joel Kinnaman.
O diretor aprendeu a lição com George Lucas e Spielberg. No início, robôs ED-2009, patrulham ruas de Teerã, que nem "Star Wars". Ao mesmo tempo em que pronunciam "assalami alaikume" (a paz esteja convosco), exigem a rendição dos terroristas suicidas e os metralham. Matar terroristas com drones, isso pode em outros países, mas é proibido nos Estados Unidos! A Lei Dreyfus os proibe  em território americano,  lógica tipicamente "yankee".
José Padilha discute sobre a validade em empregar meios que rasgam qualquer ética, em nome de fins decididos por empresários como Raymond Sellars (Michael Keaton) e ainda analisa o tema da humanização-desumanização da máquina.
A empresa OmniCorp liderada por Sellars, na tentativa de burlar a lei,  propõe  a criação de um Homem-Máquina. A oportunidade surge quando  o policial Alex Murphy é seriamente ferido em um atentado. Do homem sobram  cérebro, cabeça, coração, pulmões e uma mão. O cientista Dennet Norman (Gary Oldman) cria o robô-humano. Transformado em caveira, Alex humaniza a máquina e lhe confere um pouco de consciência.
Enquanto RoboCop tiver um mínimo de consciência atenderá aos anseios do povo americano, que não quer robôs combatendo a violência. Querem uma máquina que sinta como um ser humano. O próprio empresário afirma que as pessoas não sabem o querem até que alguém lhes diga o que fazer. Seu objetivo é aumentar a potência de sua empresa da Omnicorp. Na verdade, para ele a violência robotizada é mal menor porque evita a morte de policiais e poupa vidas. Enquanto não conseguir revogar a Lei Dreyfus, aposta no super RoboCop que tem em seu software todo o banco de dados da polícia!
Em entrevista aos jornais, Padilha explica que a desumanização progressiva dos robôs e a aceitação da automatização da violência é meio caminho andado para o fascismo. Regimes autoritários e nazistas podem ressurgir com essa proposta! Quem vai culpar uma máquina que mata o inimigo em guerra? A crítica recai sobre a posse ou não da consciência por parte dos robôs. Por isso mesmo, o cientista interpretado por Gary Oldman é enfático ao explicar a relativa presença de consciência na mente de Alex Murphy quando ele está em ação.
A OmniCorp quer uma máquina parcialmente consciente: você é a sua capacidade de processar informação e  o diretor mostra o dilema do músico que tem as mãos automatizadas. Se a emoção impede o cérebro de processar as informações, ao mesmo tempo, o músico precisa da emoção para se expressar. O dr. Deennet Norman explica que RoboCop redescobre as funções cognitivas. Alex lembra de si mesmo dançando com a esposa Claire ao som de Frank Sinatra,  cantando  - não por acaso - " Another world" . O cérebro decide como agir baseado no cognitivo.  Porém, na hora do confronto, RoboCop não é capaz de tomar decisões, o software assume o controle e Alex se transforma no passageiro dentro da armadura de lata. Orgulhoso de sua criatura, o criador afirma que Alex possui a ilusão do livre arbítrio, ele pensa que está no controle. Aliado aos poderosos, como Judas, o cientista se vende por trinta moedas de prata e Alex cada vez mais se transforma numa máquina que pensa que é Alex Murphy!
E me digam se este diretor brasileiro José Padilha e sua equipe, também brasileira não fizeram um filme genial?

Nenhum comentário:

Postar um comentário