terça-feira, 29 de julho de 2014

Grande Hotel Budapeste

Grande Hotel Budapeste é um belo filme, diferente de tudo o que tenho visto nos últimos tempos.  É necessário ficar atento à três coisas:
Primeiro, à história do mordomo e de seu Concierge. Segundo à técnica e à forma inusitada com que o diretor realiza a sua filmagem. Terceiro, tente reconhecer todos os atores, a lista  é enorme.
O que fica na memória é a foto de cartão postal do Grande Hotel Budapeste. A história se passa na República de Zubrowka, embora as filmagens tenham se passado na Alemanha.
O autor (Tony Wilkinson) conta a história do Mordomo e de seu Concierge, o Zero Moustafa, interpretados por Ralph Fiennes e Tony Revolori.
De início, o espectador  é surpreendido pelo décor do Grande hotel. Tudo lembra um livro de contos de fadas, com cores em tons pastel. Wes Anderson, elabora seu filme, nos permitindo uma descoberta dentro da outra. Assim, quando o Mordomo chama o seu subalterno para saber se Zero foi selecionado corretamente. O homem surge, no centro da fachada cor de rosa, e nos permite entrar no hotel - através da janela -, onde os ambientes se descortinam, um atrás do outro.
Tudo acontece como se fosse uma história escrita, na qual cada frase tem início com uma composição simétrica, com o ponto de interesse em primeiro plano e os pontos de fuga  sumindo no horizonte. A câmera parada permite cenas que são verdadeiras obras de arte. Difícil seria enumerar cada uma delas. Toda vez que entram no elevador, por exemplo, o fundo é vermelho, e os personagens posam para a câmera, como o fariam para uma foto antiga!
O Mordomo é descrito como alguém cujo tempo já tinha se perdido, mas que conseguiu aproveitar esse tempo que não era seu, com o máximo de charme. Ele era fútil, vaidoso, superficial, educado, embora pronunciasse muitos palavrões, enfim era alguém que dedicava sua vida inteira ao Grande Hotel Budapeste.
A forma como os personagens se movimentam dentro do filme é genial. Como bonequinhos de brincadeira, os serviçais, servem à mesa, caminham rápido, em fila, correm. Nas  cenas de movimento, os bonequinho correm, passam no sentido horizontal de um lado para outro na tela. Tudo é muito divertido. Quando carregam a escada para auxiliar o Mordomo a fugir da prisão, esta passa na horizontal dividindo o quadro em duas partes. Na cena seguinte, a escada é colocada no sentido vertical e assim por diante, todas as cenas parecem ensaiadas como se fossem mil e uma cenas de uma peça de teatro.
A relação entre o Mordomo e seu Concierge, à parte a relação entre chefe e subalterno, transforma-se em amizade e companheirismo.
 Quando o autor começa a contar sua história, divaga, falando sobre o escritor, afirmando que o verdadeiro contador de histórias, sempre terá uma nova para contar se souber observar e ouvir com atenção as pessoas. Mais um detalhe interessante, da mesma forma que o narrador de Ettore Sccola, o autor participa do filme, quando começa a contar a história do Grande Hotel, em 1932. Agora o jovem autor é Jude Law.
Enfim entre as peripécias do Mordomo, está a de atender as mulheres que se hospedam no hotel com a maior dedicação. Muitas senhoras idosas não dispensam seus serviços, literalmente, de cama e mesa. Entre elas,  está Madame Céline Villeneuve - a Madame D"- Desgoffe und Taxis.
O mau pressentimento de Madame se concretizou, morreu. Não sem antes nomear o Mordomo como proprietário da famosa obra de arte O menino com a Maça. E o enredo vai se amarrando quando finalmente surge um segundo testamento, que altera o primeiro, caso Madame fosse vítima de homicídio!
E por aí vai esta adorável história do Hotel Budapeste, e não esqueça, preste atenção no vilão Jopling ( William Defoe), com presas horríveis e um mau caráter, tão mau que compará-lo a um cachorro buldogue seria uma ofensa ao pobre animal!
Finalmente, como não poderia deixar de ser, o Mordomo tem seu grande momento de heroísmo e glória, defendo causas justas numa guerra suja! Não perca, assista uma, duas ou quem sabe três vezes, você vai se surpreender com as descobertas!

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