segunda-feira, 25 de maio de 2015

A Incrível História de Adaline

O tema parece insólito e incrível, uma mulher que não envelhece. A Incrível História de Adaline  possui uma temática que agrada ao público. Nas séries de heróis tipo Superman, há uma explicação para o personagem principal possuir super poderes. Adaline (Blake Lively), depois de um acidente de carro, adquire o poder maior de tornar-se imortal. A explicação parece lógica e o que intriga o espectador é a ausência da sensação da relatividade do tempo. Não a relatividade de Einstein, mas a de nossas lembranças e memórias. 
Adaline, nascida em 1908, mais de 50 anos depois, parece a mesma jovem, bela,  cintura fina e cabelos longos! Para sempre? quando sua filha já está uma senhora de cintura grossa, cabelos brancos e muitas rugas, ela permanece impassível. 
Para uma simples mãe mortal, a sensação de ser mais jovem que a filha, torna-se um drama incomensurável.  A cena em que mãe e filha se encontram é emocionante. Mas, parece que o diretor ainda não conseguiu explorar todas as potencilidades de tremendo drama.  Mesmo assim, me emocionei, pensando no horror que seria se minha adorável filha ficasse mais velha que eu, como se fosse minha mãe. O diretor  Toland Krieger até brinca com esse detalhe, quando a filha afirma que é mãe de Adaline.
Enfim, fugindo do preconceito e não querendo ser tratada como um ET, ela deixa de atender e de viver com a filha. 
Finalmente Adaline vive praticamente duas vidas. Enamora-se do filho (Michiel Huisman), quando descobre que o pai ( Harrison Ford) foi seu verdadeiro amor! 
Enfim, as cenas mais divertidas e emocionantes ficam por conta da relação com o pai, que não cansava-se de afirmar o quanto tinham sido íntimos!
Por mais que a história fosse diferente, o espectador sabe quando o óbvio vai acontecer. E por mais lindo que seja o filho - o ator  Michiel Huisman é belíssimo - preferimos a história de amor do velho Harrison Ford.

sábado, 2 de maio de 2015

O Dançarino do Deserto

O Dançarino do Deserto , dirigido por Richard Raymond, é a história verdadeira de Afshin Ghaffarian, um dançarino iraniano , que hoje vive seu sonho em Paris.
Desde criança o menino amava a dança. Justamente uma das atividades artísticas absolutamente proibidas pelo governo de Ahmadinejad. Se pensarmos que um dia o Irã se preocupou com os direitos humanos, essa proibição é impressionante e espantosa. Principalmente quando sabe-se que a cultura milenar do país tem sido proibida no regime dos ayatolás. Qualquer semelhança com o Brasil, não é mera coincidência!
Se dissermos para um jovem que nos anos 60 e 70 precisávamos viajar a Montevideo para assistirmos a filmes como A Laranja Mecânica de Stanley Kubrick ou Estado de Sítio de Costa Gavras, ele pensará que se trata de uma brincadeira! A faixa dos 20 não consegue imaginar o quanto a ditadura militar cassou a liberdade e o sonho dos estudantes da época.
Pensem nos tempos difíceis de hoje, tem gente pedindo a volta dos miltares! Nem estes conseguem acreditar em tal disparate!
No Irã, o pesadelo é aqui e agora! Ashin se inscreve em uma Escola de Dança, e logo sente a repressão. Quando o grupo de amigos é abordado pela polícia local, o clima de tensão faz lembrar o dia em que a polícia parou seus cavalos defronte à Arquitetura da UFRGS. A bala ficou cravata na parede da Biblioteca para todo verem! Diziam que o porteiro era dedo duro e que os próprios professores foram denunciados pelos colegas… Imagine a barbárie! Sempre pensei que ninguém deve ser submetido a esse tipo de tratamento, nem Afshin e nenhum de nós!
A vontade de aprender e de ser alguém foi mais forte. O dançarino desenvolve seu talento praticamente sozinho. Quando consegue formar o grupo de dança, falta-lhe plateia. Surge a ideia genial de fazer uma apresentação no deserto. O bailarino é uma figura delicada, doce, bonita. É o próprio gênio da dança! Só falta prová-lo para o mundo. Por um acaso do destino, desembarca na França, país que desde a Revolução Francesa leva a sério  valores como liberdade, igualdade, fraternidade e laicidade.
Afshin aprende com seu professor, que a dança liberta-se das palavras para expressar sentimentos de dor, revolta, paixão, medo ou alegria. Para ele a dança transforma-se em uma forma de protesto e  denúncia. Não é sem razão que reza o ditado, um gesto vale mais que mil palavras! Não perca este filme e sinta a beleza das cenas de dança no deserto! 

Em um Pátio de Paris

Em um Pátio de Paris ( Dans la Cour)

Antoine (Gustave Kevern) não consegue levar a vida adiante, sofre de insônia, apático, não se importa com nada, a não ser conseguir um lugar para trabalhar. Demitido,  busca uma vaga como zelador no prédio onde Mathilde ( Catherine Denéuve ) vive com o marido. Todos passam pelo pátio central, onde nada é bonito, tudo mal cuidado. Mas ela está ocupada demais atendendo ao telefone, sem parar. Seria uma senhora muito ocupada?  Talvez, mas o tempo irá demostrar que não é somente Antoine , o zelador, o problemático!
Assim começa a trajetória e o encontro entre os dois personagens. De início Pierre Salvadori faz uma narrativa bem humorada, cheia de graça, irônica e debochada. Antoine não sabe dizer “não” para ninguém. Sem especialidade alguma, seu trabalho é fraquinho como ele, embora na aparência seja um homem forte. O fato é que todos os moradores aprovam o trabalho do novo zelador!
Salvadori mostra que ele não é o único com problemas,  atende em sequência a uma coleção de malucos! Às vezes surgem personagens tão fora dos trilhos, que ao invés de parecerem “os três patetas”, parecem os “muitos patetas”! O humor é sutil e inteligente!
Se o  vizinho do segundo andar reclama dos uivos e ruídos à noite. Antoine descobre que é o próprio reclamante que, no mesmo horário, abre a janela  e começa a uivar!
A sequência de gags prossegue, a mais engraça é a que caracteriza os problemas de Mathilde. Inconformada com o papel de parede que o marido mandara Antoine colocar para esconder as fissuras, ela rasga tudo, quer conferir  o problema novamente. Mesmo depois dos técnicos terem afirmado que os prédios não tinham problemas estruturais, espalha pela cidade que foram construídos sobre um aterro de xisto.
Algo está errado com Mathilde, os problemas  se agravam, Antoine é o único que a compreende e lhe  dá apoio.  O próprio não consegue esconder sua dependência das drogas, único alívio imediato para o que não consegue enfrentar.
Tudo se encaminha para um verdadeiro drama! A plateia para de rir! Mathilde teria Depressão, Alzheimer ou início de Demência? Hoje em dia, os idosos são  cuidadosamente vigiados, qualquer deslize e são taxados como dementes! Depressivos! E para alívio de consciência de parentes e  médicos, dá-lhe remedinhos de faixa preta não é mesmo?
Enfim, é preciso que tudo atinja  um ponto limite para Mathilde reagir! Ela conseguirá?