domingo, 7 de fevereiro de 2016

Trumbo: Lista Negra

Dalton Trumbo revive o período da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética, quando os americanos iniciaram uma perseguição aos comunistas. Os adeptos do  macartismo, fizeram alegações injustas e tentaram restringir qualquer crítica ao capitalismo. Atores famosos como John Wayne ou a jornalista Hedda Hopper fizeram uma campanha difamatória que atingiu gente importante. Esse período de caça às bruxas permitiu que profissionais de renome, geniais e talentosos fossem impedidos de trabalhar. Muitos foram para a prisão, outros permaneceram nessa situação por muitos anos, e outros até cometeram o suicídio. O macartismo faz referência ao  Senador McCarthy, que  liderou a patrulha anticomunista em Wisconsin. 
Em Hollywood, atores, diretores e roteiristas que tivessem  simpatia pelo comunismo eram considerados traidores. Daltron Trumbo era um deles. Negou-se a cooperar com o Comitê de Atividades Antiamericanas. 
O filme é interpretado por Brian Cranston - o ator da série Breaking Bed -, que está ótimo como o roteirista que não pára de trabalhar!
Esta característica de Trumbo, esta necessidade de trabalhar é impressionante! Acho até que o magnetismo do personagem deve-se a esse fato.  No que se refere ao  desejo de produzir, ele e o Luiz Carlos Merten são parecidos, com a diferença que Trumbo bebia e fumava enquanto batia naquela máquina de escrever e ainda tomava benzedrina! Afinal, com tantos problemas...
O filme é baseado no livro  sobre a vida de Dalton Trumbo, revela detalhes de sua vida. Para o espectador o genial é descobrir a trajetória do roteirista, alguém que simplesmente  não desiste. Ele nunca deixou de criar,  conseguiu fazer de sua família, um time. Amigos  assinaram seus trabalhos e ainda ganharam dois Oscars por ele. 
Gostei de aprender alguma coisa a mais sobre Hollywood, por exemplo, sobre o empenho de John Wayne e Hedda Hopper - dois odiados - que fizeram de tudo para perseguir seus colegas. Isso - eu sempre ouvI - que John Wayne era um reacionário, mas que no cinema era um gentleman, respeitava as mulheres. De que adiantou esta imagem de bom moço? O que fazia na vida real, poderia cobrir quem quer que fosse de vergonha. 
Guardadas algumas diferenças, no Brasil da ditadura, quando cheguei na arquitetura da Ufrgs, os melhores professores tinham sido expurgados, delatados que foram por seus colegas. Muitas disciplinas não eram ministradas - Planejamento Urbano, por exemplo -  Não sabiam o que fazer sem o meu querido professor Demétrio Ribeiro...
Posso ter gostado em geral do filme, por esclarecer muita coisa sobre Hollywood e valorizar a genialidade de Trumbo. Mas, duas coisas são imperdoáveis em Jay Roach, o diretor, a escolha dos atores que encarnaram John Wayne e Kirk Douglas. Credo! 
David James Elliott estava um fracasso como John Wayne, tão ruim quanto Anthony Hopkins tentando interpretar Alfred Hitchcock. Dean O'Goorman não estava melhor como Kirk Douglas. Acho que Roach subestimou o espectador. Afinal interpretando Spartacus ou falando  por si mesmo, Kirk Douglas era um verdadeiro charme! E carisma não lhe faltava, como do diretor não percebeu?
Finalmente, se não faltou perseverança  a Trumbo, ressalta-se a  sua luta, em busca de trabalho. Lamentavelmente muita coisa foi omitida, por exemplo,  as razões que levaram Trumbo, -  antes do início da narrativa do filme - a delatar pessoas que lhe enviaram cartas solicitando uma cópia de seu livro Jonny Vai à Guerra, quando ele suspendeu a  sua reimpressão. Nazistas estariam interessados e Trumbo os delatou ao FBI. A história é bem mais complicada…
Passado o tempo, os motivos persecutórios caíram de maduros. Trumbo teve seu nome reconhecido, com o apoio de Otto Preminger e Kirk Douglas. Juntamente como outros nove diretores e roteiristas, ele integrava a Lista Negra de Hollywood, que levou-o à prisão por nove meses. 

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