segunda-feira, 18 de maio de 2009

ANJOS E DEMÔNIOS

Anjos e Demônios é um verdadeiro thriller, o filme envolve crime, espionagem e suspense. O diretor Ron Howard é responsável por filmes famosos e recentes, como uma Mente Brilhante, Código da Vinci e Frost Nixon. Apolo 13, Willow e Cocoon são mais antigos. A filmografia do diretor é impecável. Sempre lembro o rosto dele como o daquele diretor com cara de criança. Mas Howard já completou cinqüenta e cinco anos. É, cinqüenta e cinco e ainda com jeito de menino.

A associação com Tom Hanks só poderia resultar no sucesso que está acontecendo, milhões de dólares. As pessoas fazem filas e filas para assistir ao filme. Tom Hanks é um ator tão bom, que inspira confiança em todos. Ele já trabalhou com diretores famosos como Spielberg. Quanto aos espectadores, pelo menos para mim, a sua presença é garantia de um bom espetáculo. Se o filme é com Tom Hanks, vou correndo assistir às primeiras sessões e fico nas primeiras filas, ninguém na minha frente a não ser a telona.

Nunca vou esquecer o Forrest Gamp comendo bombons, sentado num banco, contando suas histórias. Sempre que estou sentada na rodoviária de Santa Cruz, sozinha comigo mesma, comendo algum bombom e esperando o ônibus, lembro-me dele. Também não esqueceremos o comandante sério de Apollo 13, ou ainda O Náufrago que emagreceu na ilha solitária e venceu. Ou o filme de 1986, que amei e me diverti muito, Quando a casa cai. Como não emocionar-se com O terminal em que o Victor Navorski mora no aeroporto?

Anjos e Demônios é a sequência de Código da Vinci. Em minha opinião é melhor. Ambos são best sellers escritos por Dan Brown. Achei tola a história da Maria Madalena com Cristo. Ninguém poderia saber?

Anjos e Demônios reúne todas as qualidades de um bom filme. Os problemas se passam no Vaticano. O momento é de crise e de vazio de autoridade para a Igreja Católica. O papa morre e acontece a Sede Vacante.

Na primeira cena em que aparece Patrick McKenna (Ewan Mc Gregor) - o Camerlengo –, ele destrói o anel do pescador, após a morte do papa. A cena causa impacto e mal estar, pois não sabemos quais seriam as razões. Mc Kenna era o padre que assumia a autoridade papal, substituindo-o na vacância do poder. O Camerlengo da Igreja Católica administra a propriedade da Santa Sé.

Paralelamente dois cientistas descobrem a antimatéria, pai e filha, Vittoria Vetra (Ayelet Zuru). Ela acompanha Tom Hanks e explica que a antimatéria é uma matéria da qual todos os nossos corpos são formados. A antimatéria dá a massa a toda matéria, sem ela não existiríamos. Uma gota da antimatéria daria para abastecer de energia uma cidade, pelo período de um mês. Partículas com 99% da luminosidade da luz, em movimento criaram a antimatéria.

Nesse contexto acontece a trama. Em nome dos illuminati - cientistas e artistas perseguidos pela Igreja no século XV -, seus seguidores planejam e iniciam a execução do plano para destruir o Vaticano. Para isso necessitam da antimatéria.

Além de Tom Hanks, Ewan McGregor e da atriz israelense Ayelet Zurer, que estão ótimos, o espectador tem a sua frente, a beleza de Roma. Não é sem razão que os arquitetos franceses do classicismo ambicionavam o Grand Prix de Rome, uma bolsa de estudos para estudar em Roma. No filme, as belezas da cidade estão muito próximas de nós.

Babem e fiquem maravilhados com a Catedral de San Pietro, iluminada à noite, com as pinturas da Capela Sistina, com a passagem à noite pela Ponte Sant’Angelo para entrar no Castelo de Sant’Angelo. Ó Deus, e eles continuam mostrando as belezas de Roma. Vem o Panteon, a Piazza Navona, a Piazza del Popolo. Quase tão genial como conhecer pessoalmente. O problema é que somos tão pequenos, nesses espaços tão grandes que não conseguimos perceber toda a beleza da cidade eterna. Fellini tinha razão ao fazer seu filme Roma. E o que dizer da Piazza de San Pietro? Quando a câmera se aproxima, de frente para o espaço barroco da Praça, intencionalmente, mais larga no fundo para parecer maior, e a Colunata de Bernini, com as colunas também aumentando de tamanho para engrandecer o espaço? É quase tão emocionante como estar lá.

Andamos junto com Hanks pela Catedral de San Pietro, pois no dia a dia, ela não é também uma praça onde o mundo desfila? Cristão ou não, não importa. E circulamos também pelos porões onde os papas estão enterrados. Apreciamos as belíssimas esculturas de Michelangelo. Enfim, o filme tem tudo isso e muito mais.

Tom Hanks é o professor, Robert Langdon, da Universidade de Harvard, Cambridge, especialista em semiologia. Não importa se a história de Dan Brown é verossímil ou não. Quatro cardeais são seqüestrados, os “preferiti” do papa, e paira a ameaça de explodir o Vaticano em luz, o que o aniquilaria em menos de doze horas.

Os sinais que Langdon decifra são narrados de forma eletrizante. Cenas muito rápidas, muito movimento, muitos carros correndo pelas ruas de Roma e os signos, os sinais vão sendo desvendados. A contagem regressiva das horas marca os acontecimentos. Pressiona o espectador que sente o tempo encurtar. Paralelamente o Cardeal Strauss (Armin Mueller-Stahl) tenta ignorar a caçada e, levar adiante o conclave. Os personagens são mostrados para que o espectador desconfie, o diretor nos dá pistas falsas. Não imaginamos o desfecho da história!
Interessante é lembrar os quatro elementos: terra, ar, fogo e água. Envolto nesse mistério o professor segue as pistas e vai descobrindo um a um os sinais. O quinto elemento seria a purga que no filme equivale ao desejo dos illuminati, de fazer a igreja purgar seus pecados. Pois a purga era a nódoa do cristianismo.

Na sequencia de descobertas, eles buscam o símbolo terra. Dirigem-se para a tumba de Rafael, no Panteon, fundado 27 AQ. C. e verificam que a Cova do Demônio não está no óculo do Panteon. Buscam a Capela de Santi de Rafaela na Capela da Terra, na Piazza del Popolo. Langdon descobre tardiamente o sinal na Capela de Chigi. Como um Sherlock Holmes, decifra que a Capela é de Rafael, mas a escultura é de Bernini. E Bernini era um illuminati. O anjo aponta o dedo para o local seguinte. A perseguição aos sinais é genial. O passo seguinte é buscar o sinal que tenha algo relacionado ao ar, a sudoeste de San Pietro como apontava o anjo do Habacuc.

O terceiro elemento é relacionado ao fogo. O thriller não dá um segundo de descanso ao espectador. O indicativo levava à Igreja de Santa Maria della Vittoria, onde repousa a escultura de Bernini, com o anjo Serafim apontando a lança para Santa Tereza, em fogo, inflamada pelo amor e pelo êxtase. Dá o indicativo do fogo.

O último elemento, a água, leva Langdon à Piazza Navona. E quase no desfecho final o espectador se emociona quando pessoas comuns ajudam Langdon a salvar o cardeal, preso na maca, que afunda na Fontana dei Fiumi.

Assim Langdon descobre todos os signos, desde os ambigramas que poderiam ser lidos da mesma forma dos dois lados.

Entretanto a reviravolta nos acontecimentos que deixa o espectador intrigadíssimo, tem que ser vista pelo olho de cada um de nós. Assim não deixe de assistir a este belíssimo thriller de Dan Howard.

O filme mal estreou e já gerou muita polêmica, desde as que afirmam que o cientista Antonio Zichichi, da Universidade de Bolonha disse em entrevista a Luiz Carlos Merten, que a antimatéria não pode ser guardada em um tubo. Zichichi criou a antimatéria, em 1965. Outras controvérsias atestam que o Vaticano não contribuiu com as filmagens. O diretor parece não importar-se com as especulações. Para nós, acho que não faz mesmo a menor diferença. (Veja o Caderno 2 do Estadão de 15 de maio de 2009).

Um comentário:

  1. eu adorei esse blog ta muito bem feito para bens para vc é que continue muito bom sempre e que ñ peca essa esencia maravilhosa que ele tem bijos e muitoooooo sucesooo

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