sexta-feira, 15 de maio de 2009

VITUS

Se você quiser sentir-se feliz assista a Vitus, um filme suíço, dirigido por Fredi M. Murer. O filme foi selecionado no Palm Springs International Festival Film. Foi vencedor no Audience Award, no AFI Film Festival e no Rome Film Festival. Foi apresentado na 33ª Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, em março de 2009.

Vitus é um menino superdotado, que não suporta a mediocridade do mundo que o rodeia. O menino vive com os pais, Julika Jenkins (Helen von Holzen) e Leo von Holzen (Urs Jucker). O clima de exploração de sua condição de superdotado pelos próprios pais, irrita e cansa o menino. A mãe deixa de trabalhar para dedicar-se ao filho. Ela deseja que Vitus se transforme num grande pianista. O pai pensa demais nos negócios da empresa onde trabalha. Assim, Vitus, diferente de todos e indiferente a todos somente se diverte quando está na casa do avô. No ambiente escolar, as queixas caem sobre o menino. Todos reclamam da insolência de Vitus, tão pequeno e tão desaforado. A professora obesa é chamada por ele, candidamente, de Obelix. A mãe tenta explicar que não é ofensa, pois Vitus ama Obelix. Assim, mesmo conseguindo fazer cálculos estatísticos e percentuais mentais, sem o menor esforço, Victor é odiado pelos professores. Quando surge a polêmica se alunos sabem mais que professores, Vitus pergunta: se James Watt inventou a máquina a vapor, porque a descoberta não foi feita por seu professor? Assim a atitude de Vitus é puro bom humor. Desde muito pequeno ele sabe valorizar e distinguir o que é importante. E importante mesmo é seu relacionamento com o avô. Bruno Ganz faz o avô de Vitus. O ator é excepcional, e para mim que não conheci meu avô materno, nem paterno, esse relacionamento cheio de doçura e amor me emociona e me encanta.

O ator que faz o pequeno Vitus (Fabrizio Borsani) é uma graça de menino, seu olhar esperto me faz lembrar o Luiz Felipe - hoje com 25 anos -, com quatro ou cinco aninhos, que provocava meu cachorro fazendo rhrhrhrhrhrhrh! E quase recebia uma mordida na bunda! Eu pegava o danadinho no colo e o Bolinha mordia o ar.

Vitus ficava impassível quando os pais saíam e o deixavam com a babá. Fechava-se no quarto para ler e só permitia que ela entrasse se ficasse calada. Depois os dois faziam aquela festa de arromba com fantasia e tudo – Isabel vestia as roupas da mãe -, ao som do piano de Vitus. Isabel (aos 12 anos, Kristina Lykowa ) foi a primeira e grande paixão do pequeno herói.

Vitus von Holzen (Teo Gheorghiu), o filme, fala de um menino superdotado que para não ser explorado pelo mundo medíocre que o rodeava, finge que está desaprendendo. Vitus como o avô amava voar. Quando os dois se encontram o avô lhe diz que das nove profissões que gostava, ser piloto estava no topo, escrito em vermelho. Com a perspicácia de sempre Vitus pergunta: “e fazer caixões em que lugar estava?” Os dois divertiam-se construindo planadores.
Os pais falam em paradoxo, e o pequeno Vitus pergunta o que é paradoxo. Os pais não respondem, ele procura na enciclopédia e sai empregando a palavra paradoxo!

A estas alturas, a platéia ama o filme. Das poucas pessoas que estavam no cinema, muitas, na imaginação conversaram e discutiram o filme quando saíram da sala de projeção. Fica meio sem graça sair sozinho do cinema, rindo de um filme tão legal!

As mãozinhas de Vitus voavam no teclado, ele era um gênio no piano. Adorava morcegos e as asas de Ícaro. Queria voar, voou e estatelou-se no chão. Foi parar no hospital, quando ouviu do médico - tinha o ouvido muito aguçado- que as seqüelas poderiam ser sentidas algum tempo depois. Então, o menino que iria cursar o Instituto de Tecnologia aos 12 anos, agora só consegue tocar o Hanon, o cachorro vai cachorro vem que eu também tocava. A mãe se desespera.

Vitus aproveita e intensifica seu relacionamento com o avô. Diverte-se na casa do avô e descobre que a empresa onde seu pai trabalha está a um passo da falência. O relacionamento com o avô é tão puro e sincero que o menino permite que ele saiba a verdade, desde que não a revele a ninguém. Vitus continua um gênio com um QI incalculável.

O filme torna-se realmente divertido quando ambos combinam investir na Bolsa de Valores seguindo os planos mirabolantes do menino. Vitus transforma-se no “Fantasma da Bolsa de Valores” e o dinheiro começa a cair na conta bancária do avô. Genial e super, super mesmo, Vitus esconde sua pequena identidade de menino de 12 anos, agora ele é o Dr. Wolf. Consegue assistentes que o representam em negócios geniais e ultra secretos. As cenas se contrapõem, enquanto o pai se desespera e até é posto para a rua, da empresa, o menino compra a empresa falida. Quando Leo vem pedir seu emprego de volta não sabe que é o novo dono da empresa.

Bonito é ver Vitus no apartamento modernista que compra para o pai. Ele pequenino, tocando piano, na sala enorme e vazia, com pilotis de Niemeyer, sumido atrás do instrumento. Apesar de tão pequeno, Vitus sofre sua primeira grande perda. Quando ele encontra o avô na cama do hospital diz: “ vô, não faz isso comigo, vô....”, e o abraça, termina adormecendo, abraçado aquele a quem mais amava.

O avô morre, não sem antes declarar seu amor incondicional aos filhos e ao neto e não sem incentivar Vitus a voar. Amadurecido aos 12 anos, Vitus pilota o pequeno avião. Agora literalmente Vitus voa em todos os sentidos. Ele tem vontade de tocar piano para todos e exibir seus dotes de menino prodígio.



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