terça-feira, 20 de julho de 2010

À Prova de Morte

Quentin Tarantino é meu novo ídolo! "À Prova de Morte" é um filme genial. Acho que entendi Tarantino - talvez um pouco tarde, é bem verdade... O diretor faz um cinema para ele mesmo divertir-se, e para quem ama o cinema. Segundo o que soube, Tarantino "se acha" o máximo. Possui absoluta certeza que escreve muito bem, que é o melhor roteirista. Concordo, os diálogos e a caracterização do grupo de mulheres conversando é o grande atrativo do filme. Não sei qual delas é a melhor. Todas estão ótimas.

Kurt Rusell é perfeito como psicopata, é claro. Está um nojo só de olhar. Come como um porco, e se comporta como um Rotweiller treinado para matar. Imaginem um filme com todos esses ingredientes e com dois carros absolutamente envenenados. O primeiro - do Stuntmen psicopata, ao estilo do Norman Bates, de "Psicose" - é um carro capaz de suportar muitas e muitas toneladas além das que um carro normal aguenta em uma colisão. O outro é um carro de coleção, um Dodge, 1970, 440 HP. O mesmo que Kowalski deveria entregar em "Corrida Contra o Destino".

Quentin Tarantino realizou "À Prova de Morte", em dupla com "Planeta Terror", de seu amigo Robert Rodriguez, para exibí-los em sessão dupla, como os filmes comercias dos anos 70. Filmes em tudo semelhantes à "Corrida Contra o Destino", um filme B, de Richard Sarafian, de 1971. Era a metáfora do fim do sonho americano, com todos os problemas da Guerra do Vietnã.

Muitas das personagens citam outros filmes, como "Fuga Alucinada". Mas "À Prova de Morte" tem a assinatura de Tarantino e se diferencia dos demais, pela reação das supostas vítimas. Se o Stantmen é o predador, mal sabe ele que os papéis irão se inverter. E aí a platéia curte de verdade as façanhas das belas e predadoras mulheres, interpretadas por Zoe Bell , a Zoe que faz a aposta com a amiga que ficará no capô do carro em movimento, segurando-se apenas com um cinto Prada. As outras duas mulheres liberadas e com super desejo de aventuras perigosas são Kim, a motorista (Tracie Thoms) e Rosario Dawson (Abernathy). As três valem o filme.

Mas, não podemos esquecer do primeiro grupo de mulheres, as que também curtem bares, fumam e bebem. Uma delas é filha de Sidney Poitier, chama-se Sydney Tamiia Poitier. A outra é Vanessa Ferlito, a Arlene, uma bela morena que termina tendo que cumprir uma aposta de dança erótica. Mesmo com a roupa mais simples, um shorts e uma blusa branca, a morena mostra o quanto é sensual. A dança em volta do Stantmen Mike é uma das cenas mais eróticas do cinema. Mas, tem embutida em si, muito da violência que vai explodir. Tudo isso chega a assustar o espectador.

Delicioso é ouvir as conversas femininas. As meninas querem comprar uma revista italiana, de moda e fazem uma vaquinha, coisa de mulher, tudo papo feminino, onde "homens" são o principal assunto. Tarantino afirma que conhece o "mundo feminino", e que confia mais na força das mulheres. Para dar voz às "elas" basta ouvir e dar voz ao grupo de amigas com quem sai para bater papo, ir a bares , conversar e beber.

Em "Bastardos Inglórios", Tarantino já tinha repetido este humor ácido e cruel que muita gente adora! "À Prova de Fogo" é de 2003 e "Bastardos Inglórios", de 2009. O detalhe "tarantinesco" nesse filmes é a chance de reação que o diretor entrega às vítimas. Lembram-se de "Thelma & Louise"? Da mesma forma que Kowalski, as duas mulheres não viram nenhuma possibilidade à sua frente. Mas em "À Prova de Morte" a reviravolta e a pancadaria são uma verdadeira catarse. É genial. Todos aplaudimos o diretor no final da sessão.


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