quinta-feira, 29 de julho de 2010

Toy Story 3

Le Hunrick dirige o delicioso filme infantil "Toy Story 3". Ainda bem que não pedem carteira de identidade e nos permitem assistir a um filme de bonecos, ou melhor, de brinquedos que falam, brigam, gritam , correm e fazem de tudo, na ausência de seres humanos. Com adultos, parece que a história funciona através da lembrança dos brinquedos que tiveram quando criança. Para crianças é como se os brinquedos sentissem e falassem. Por isso eles amam e riem muito durante o filme. Você lembra o nome de sua boneca? Era uma Barbie? Ou era uma boneca magra e loira de cabelos duros que se chamava Gina Lolobrigida? E o boneco, igual a uma criança, era o Richard? Dormia em um carrinho de vime azul? Como você conseguiu separar-se deles? Como isso pôde acontecer? Eram tão amados...

E os brinquedos de sua filha? Ela conseguiu separar-se deles, mas você não. Continuam na sala sentados em uma cadeira? O Monkey, de óculos de sombra? E a Fofa, continua usando as roupas de sua filha? Confesse, você compra roupas novas para atualizar o guarda roupa da danadinha até hoje! E a Ambulância? e o Carro de Bombeiros? E o Transformer de sua filha que foi roubado pelo coleguinha do Pato? Você chegou a ligar para a avó do menino. Ela não deu a mínima. Todos esqueceram, menos você não é verdade? Esses personagens estão todos em "Toy Story 3", que tem tudo a ver com cada um de nós.

O filme conta as novas aventuras de Woody e Lightyear - os brinquedos de Andy, o menino que cresceu e vai para a Universidade. Nesse rito de passagem para a vida adulta, Andy também não consegue doar todos os seus brinquedos. Precisa levar Woody, o cawboy que não se separa de seu chapéu. Entre tantas aventuras e confusões, os outros brinquedos, ao invés de irem para o sótão, vão parar em uma creche, a Sunny Side, onde são literalmente massacrados por um bando de criancinhas agitadas. Pior, quando os adultos somem de vista, os brinquedos ganham vida e todos são dominados pelo bando de Lotso, o ursinho de pelúcia cor de rosa.

Como muitas pessoas que conhecemos, à primeira vista, o ursinho é fofo. É velho, usa uma bengala, mas parece um anjo. Não é preciso muito tempo para ele revelar quem realmente é, um ditador e um manipulador de emoções. Tudo muito próximo não é verdade?

"Toy Story 3" está repleto de chavões. Isso importa? Nem um pouco, torna a história mais divertida. Prestem atenção na cena do herói que pula para o trem em movimento tentando salvar os inocentes. E a cena da morte por macacos, não é um pouco Indiana Jones? Observem o namorado da Barbie, um metro sexual, que ama as aparências e adora desfiles de moda! E Lightyear quando carrega nos braços a heroína desfalecida, não poderia ser John Wayne carregando Natalie Wood nos braços, em "Rastros de Ódio"?

As cenas do grupo tentando fugir da esteira que teima em arrastá-los para o fogo escaldante são clássicas no cinema. Fazem parte da própria linguagem cinematográfica. O tempo precisa se dilatar para que nossa emoção seja mais forte! Assim Toy Story está cheio de citações a valores como coragem, honestidade, fidelidade, companheirismo e amor, muito amor. Finalmente, como acontece nas histórias infantis, para as coisas ficarem nos seus devidos lugares, os maus devem ser punidos. Lotso, o urso cor de rosa de aparência angelical é punido por Bib Baby, um bebê, com um olho semi fechado. O bebê era a Fofa. Ambos caíram em desgraça quando foram esquecidos no parque pela dona, uma doce menina. Ou ela não teve tempo de levá-los para casa? Se tudo é chavão, também é uma homenagem ao próprio cinema.

Sei, as crianças precisam que Lotso seja punido. Mas dá uma pena quase insuportável ver que ele transformou-se em mau elemento porque acreditou ter sido abandonado. Tudo o que Lotso e Big Baby precisavam era de amor!


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