terça-feira, 29 de março de 2011

Rango

Gore Verbinski e James Ward Byrkit criaram a história de Rango (Johnny Deep), o lagarto camuflado, com crise de identidade. Desta vez seria necessário levar uma criança pela mão, para saber se os pequenos gostam desse tipo de cinema. Rango e todos os personagens são diferentes. Belos como o namorado de Rapunzel ou ela própria? Nem pensar! Gostei do filme de Verbinski justamente por essa idéia de uma estética na contra mão do cinema. Os bichos são feios, muito feios, ao mesmo tempo são tão bem desenhados e elaborados, que devem ser apreciados por esta nova estética.

Rango não se sente seguro em relação à própria identidade. Experimenta vários personagens dentro de si mesmo. Quando acontece a tragédia, o aquário, onde vive, salta do carro em alta velocidade, em mais um trágico acidente de trânsito. Do meio da estrada, abandonado, e conversando com um tatu atropelado (ou uma toupeira?) ele se dirige ao deserto de Monjave. Chega à cidade de "Dirt", Poeira. Na cidadezinha poeirenta imita os habitantes locais. A reviravolta na vida de Rango, os contatos com novos personagens fazem com que experimente um novo papel, o de herói. As pessoas comuns precisam de heróis e Rango precisa acalentar seu ego para conviver melhor consigo mesmo e impressionar a nova namorada, a ratinha Priscilla, vivida por Abigail Bresley.


Verbinski faz citações aos grandes diretores do western. O drama dos moradores é a falta de água. E "Dirt" passa a ser dominada por bandidos como no velho oeste. Rango já ficara intrigado com aquela grande quantidade de água jorrando, desperdiçada no meio do nada, no deserto. Os moradores guardam o pouco que resta da água em um cofre, no banco. O Prefeito vangloria-se afirmando que quem tiver o poder de fornecer a água dominará a cidade. E "Dirt" está cada dia mais seca. Os moradores, coitados precisam de alguém corajoso para defendê-los. E assim, sem avaliar a importância da virada, Rango transforma-se no xerife da cidade, com distintivo e tudo.


Não consegue dimensionar o tamanho do inimigo. Ao preparar-se para defender a população, depara-se com bandidos poderosos e violentos. Precisa lutar contra os aceclas do Prefeito, o gordo Bad Bill (Ray Winstone) e o monstro mais temido do mundo, a cobra venenosa e pavorosa, Jake Cascavel (Bill Nighy), que ainda por cima depois de se retorcer toda - nos apavorando - usa um chapéu de cowboy.


Logo ele, um lagarto fraquinho, porque teria se atrevido a bancar o herói? Não seria mais prudente enfrentar a realidade e desistir? Aparentemente vencido, cabisbaixo, Rango se retira. Não se sabe como, vê-se frente à frente com o Espírito do Oeste, com o herói carregando o caixão, onde guarda a metralhadora. O filme era "Django" (o nome do Bolinha, meu cachorrinho amado), de Sérgio Corbucci, com Franco Nero. Lembram? Bem, se era Django, tinha a cara do Clint Eastwood. Enfim Verbinski pode ter feito uma mistura de citações, desde "Estranho sem nome", de Sérgio Leone, com Clint Eastwood até "Django", de Sérgio Corbucci com Franco Nero. Somente após esse encontro espiritual, Rango reúne forças para voltar, cumprir seu destino e lutar contra o mal.


As citações à trilogia de Sérgio Leone, " Por um punhado de dólares","Por uns dólares a mais" e "Três homens em conflito", com Clint Eastwood também estão expressas no encontro com o Espírito do Oeste. De volta, Rango luta contra o Prefeito deficiente, que sem poder andar, concretiza suas maldades através de Bad Bill e Jake Cascavel.


Enfim, o que mais gostei no filme foram as citações aos westerns e aos famosos filmes com Clint Eastwood, ou ainda à inesquecível música de Enio Morricone. Divertido também foi observar as cenas iguaizinhas às do farwest: nos primeiros planos vemos os pés do herói, o tempo pára, podemos ouvir o zumbido de uma mosca, os oponentes são vistos alternadamente ao longe, em plano médio e primeiros planos. Aproximam-se. Vemos a mão no colt, a bala que dispara, e o inimigo que cai lentamente.


Ainda temos a famosa perseguição no desfiladeiro, tudo tão bem realizado e elaborado quanto o no "Tempo das Diligências" de John Ford. Afinal Verbinski foi um bom aluno dos mestres do cinema!

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