Ridley Scott, o realizador de "Prometheu" faz uma síntese dos filmes de ficção científica e terror. O diretor afirma que não gostava das cenas de Alien, 1979, sua primeira criação do verdadeiro monstro. Se antes Alien assustava até porque não era visto claramente pelo espectador, era insinuado, em Prometheu, o terror nasce e cresce às claras. Ridley, em entrevista a Luiz Carlos Merten (Zero Hora, 18-06-12), diz que o filme tem de tudo. Desde indagações filosóficas sobre a origem e o futuro da humanidade até hipóteses de Eric Von Danicken sobre os deuses astronautas. De fato, ninguém soube explicar até hoje, como foi construída a fortaleza de Sakssahuaman em Cuzco. E aí temos matéria de sobra para indagações e especulações. Prometheu é o herói da mitologia grega, que roubou o fogo de Zeus para dá-lo aos homens. Foi punido por ele. Os homens, em sua arrogância e prepotência, ambicionando poderes ilimitados sobre o universo estariam se comportando como Prometheu. Diante de tantos questionamentos, à maneira de Stanley Kubrick em "2001, Uma Odisséia no Espaço", Ridley Scott propõe uma reflexão filosófica sobre a origem e a condição material da humanidade, sobre a efemeridade da vida. Kubrick resolveu melhor os questionamentos sobre vida e morte. Um de seus personagens, o homem no fim da vida, retorna com Ridley Scott, em busca de uma resposta para o segredo da vida eterna. A arqueóloga Elisabeth Shaw, em seu trabalho de pesquisa científica, identifica sinais que remetem à explicações sobre a origem da vida. Encontra o desconhecido e mais indagações. Como no primeiro Alien, as mulheres sãos as heroínas, Sigourney Weaver e Naomi Rapace. Ambas estão excelentes, embora Sigourney ainda supere Naomi. Mesmo assim, em "Prometheu", Naomi convence. Foi escolhida pelo mestre porque ele desejava uma heroína que transparecesse força e delicadeza ao mesmo tempo, sem perder a ternura jamais. O robô interpretado por Michael Fassbender é a peça estratégica num jogo de forças e destruição. Louro frio e de olhos azuis, tem o mesmo olhar distante do astronauta David, de Kubrick. Aliás, em "Prometheu" seu nome também é David, o mesmo do astronauta. Em " 2001..." , o Al 9000 é a máquina que se revolta contra o homem. Em "Prometheu", é o robô, a não criatura, criada à imagem e semelhança de seu criador. David quebra seu compromisso com a humanidade. Quebra todas regras estabelecidas por Isac Asimov sobre o conceito de comportamento de um robô: - "Um robô nunca fará mal ao ser humano". Da mesma forma que Al 9000, David pensa, sente inveja, deseja ser "o homem". Transgride e pretende eliminar seu criador. Em "Prometheu", as fontes de nossos medos ancestrais estão presentes. Alien representa o medo visceral do desconhecido e do grande início. David é tão maligno quanto ele. É o próprio o mal onipresente, que não deve ser ignorado ou menosprezado. Como a Dra. Elisabeth não percebe que o mal mora ao lado? O nascimento de Alien do ventre do homem espacial é uma inversão das funções ancestrais do homem-garanhão reprodutor. Scott é o visionário, um criador e um interpretador do mundo, que projeta nossas fantasias sobre o presente e o futuro. Sem a participação de H. R. Giger, o artista gráfico que cria o universo de Alien, o terror teria sido impossível. Os produtores julgavam que os desenhos de Giger eram obscenos. Talvez porque ao invés de cara, o centro do monstro seja fálico e masculino. O golpe final na vítima acontece quando o falus sai de dentro do Alien e entra na boca da vítima. Horror e humilhação é pouco se tentarmos imaginar o que o dominado estaria sentindo... Sem aceitar derrotas, a cientista parte para outros confins do universo. A descoberta é tão importante? Seria melhor para a humanidade não saber que os ancentrais que Elisabeth descobre possuem o mesmo DNA dos seres humanos?
terça-feira, 26 de junho de 2012
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