quarta-feira, 27 de junho de 2012

O Último Dançarino de Mao

A história do "Último Dançarino de Mao" é verdadeira. Li Cunxin é o menino levado de sua aldeia na província chinesa de Qingdao, aos 11 anos para aprender a dançar em uma escola de balé de Madame Mao. Em 1979, Li desembarca em Houston, para um intercâmbio cultural. Nos Estados Unidos fica sob os cuidados de Ben Stevenson (Bruce Greenwood), diretor artístico da Companhia de Balé Houston. Bruce Greenwood está muito bem, representando com naturalidade a forma como um homem dedicado à dança - homossexual - se movimenta, caminha, se veste, fala e se articula. Uma interpretação perfeita, sem trejeitos ou afetações. Li Cunxin vê um outro mundo, apaixona-se pela América e nega-se a voltar para seu país. A situação é compreensível. Quando o cônsul chinês fica sabendo, sequestra Li, na própria embaixada, criando uma crise diplomática. Contra as expectativas de Ben, um homem íntegro e correto, Li insiste em não voltar. Uma das razões seria seu casamento com uma jovem americana. "O Último Dançarino de Mao" não chega a atingir um grande nível de qualidade, até mesmo por ser uma visão de americano sobre um país culturalmente diferente. A visão dos americanos sobre a China é linear, elementar. Os chineses são vistos como primários e simplórios. Que o governo chinês seja autoritário, todos concordam , mas que sejam uns bobos, idiotas e simplórios, não pode ser. Afinal foi a própria China que produziu um talento como Li. A questão merece reflexão... Se o filme apela para nossos sentimentos! Ou para uma certa pieguice, concordamos em nos emocionar e chorar um pouquinho. Mas a personagem que se destaca, embora não esteja entre as principais, é a mãe de Li. Quando os militares lhe dão a notícia que seu sexto filho não poderá voltar à China porque desertou, ela não aceita as acusações. Indignada, revolta-se contra um regime autoritário que roubou-lhe o filho, roubou-lhe a infância, tirou-o de seus braços, afastou-o do lar, privou-o do convívio familiar e ainda faz acusações! Ela grita: "vocês levaram meu filho quando ele tinha 11 anos. Tragam-no de volta! Devolvam meu filho!" Essa cena e a do reencontro com Li na grande apresentação no teatro valem o filme. Você pode emocionar-se com o dançarino, com a perfeição de sua arte, e não esqueça que para Li, o grande modelo era Mikhail Baryshnikov. Mas, que nem eu, você poderá emocionar-se com aquela adorável senhora chinesa, a mãe de Li.

 

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