Nossa cultura será julgada pela maneira como enfrenta um dos períodos mais negros da história da humanidade, o holocausto. Eis o tema em discussão no filme ''À Espera por Turistas''. Trata-se da forma como alemães e judeus "lidam" com o drama atual de manter viva a memória do holocausto.
O diretor é Rupert O cenário é a cidade de Auchwitz, no Museu do Holocausto, onde se desenvolvem atividades para turistas. Aos 18 anos, o jovem alemão Sven (Alexander Fehling) trabalha como voluntário numa alternativa ao serviço militar. A realidade é completamente diferente da nossa.Trabalho voluntário, por doze meses na plenitude dos 18 anos, isso não existe no Brasil!
De Berlin, Sven viaja para Auchwitz, na Polônia.
Sven precisa superar o drama do holocausto e adaptar-se ao novo país.
Nessas condições , a solidão é uma dura experiência para um jovem. Sven deve cuidar do sr. Krzeminsky, um judeu de 80 anos, sobrevivente do campo de concentração de Auchwitz. Os administradores precisam dos depoimentos de Krzeminsky, para manter viva a memória e atrair turistas.
Da primeira vez, a vítima, sr. Krzeminsky, milagrosamente escapa da morte no campo de extermínio. Da segunda, é relegado uma vez mais à condição de vítima, explorada pelo sistema que deveria protegê-la. A memória do holocausto transforma-se em espetáculo de circo.
Os estudantes com quem Krzeminsky conversa, lhe pedem para ver a marca do número que os nazistas lhe aplicaram. O velho senhor mostra seu número, porém os estudantes acham que suas ''marcas de gado'' são muito fracas. Krzeminsky responde que não retocou. Imagine a ironia!
A essas alturas o idoso sobrevivente vira um monstro de circo exposto à curiosidade mórbida de um público despreparado.
A própria representante da firma alemã que pretende investir no museu impede o velho Krzeminsky de concluir seu depoimento. Ele estaria abusando, fazendo o público sentir-se mal.
Sven percebe os equívocos, erros e abusos. Se Krzeminsky é um idoso impertinente, é vitimado duas vezes. E o menino Sven, que ainda não havia decidido o que fazer de sua vida, encontra a força necessária para lutar. Em um processo de desalienação, atinge à consciência necessária para agir e reagir dentro de novos parâmetros, para contribuir de fato com a preservação da memória , sem novas vítimas, sem o desvirtuamento dos verdadeiros objetivos do museu.
Não perca, o filme não é somente para os que amam os temas relacionados à Segunda Guerra Mundial, é importante para todos.
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