Jean Charles é um filme que fala sobre o Brasil fora do Brasil. Fala daquele Brasil criado no imaginário dos brasileiros que saem em uma busca de um sonho.
Jean Charles é Selton Mello. O filme é dirigido por Henrique Goldman. O caso assumiu proporções alarmantes quando foi confirmado que a polícia britânica o assassinou pelas costas, no metrô de Londres, quando o confundiu com um muçulmano.
Jean Charles nasceu em 1978, e morreu em 22 de julho de 2005, aos 27 anos. Era natural de Gonzaga, município de Minas Gerais.
Henrique Goldman é um cineasta paulistano, de 46 anos, radicado em Londres. Até por isso, Goldman sabe falar da vida dos brasileiros fora do Brasil. Daquele Brasil criado lá fora onde está presente a bandeira verde amarela, o futebol, o samba, a feijoada, a pipoca, o pagode e tudo que significar Brasil. Muitos desses imigrantes não possuem documentação e se recusam a aprender inglês. Falam o português somente.
Jean Charles de Menezes era eletricista e tinha um pouco mais de lustro. Falava inglês e servia como intérprete para seus compatriotas. Era popular entre a comunidade brasileira. Tentava ajudar e dar apoio aos brasileiros desorientados que chegavam a Londres. É certo que para sobreviver dava seus pequenos golpes, que lhe valeram muitos dissabores. Mas no filme torcemos por Jean Charles, sofremos com ele, quando vemos seus fracassos.
O filme é triste, os primos chegam a Londres e são apoiados por Jean Charles. Não sabemos se ele tinha namorada. Quando a prima chega acompanhada, depois de ter passado a noite fora, ele faz uma pequena cena de ciúmes.
O que cai fundo nos brasileiros é a forma como somos destratados fora do Brasil. Aqui não me refiro aos jovens de classe média que vão à Europa para aprender inglês e trabalham em restaurantes, mas que têm suas famílias atentas aqui no Brasil, prontas para atendê-los em qualquer eventualidade,
Penso nos “desposseídos”- adoro essa palavra em espanhol porque diz tudo muito mais do que em qualquer outra língua. Henrique Goldamn se refere a essas pessoas, ele fala da grande massa de brasileiros, que vive amontoada em quartos, juntando dinheiro para enviar a seus familiares no Brasil. O filme trata dessas pessoas, que vivem e se divertem muito pouco, que saem em busca de um sonho e de uma esperança e encontram uma dura realidade.
Jean Charles, interpretado por Selton Mello é um cara doce, de bom coração. Ele fica mal quando prejudica seus companheiros, que lhe pagaram por um passaporte que não veio, e que normalmente Jean Charles conseguia por meios excusos.
O filme tem cenas emocionantes. Choramos junto com Jean Charles quando ele telefona para sua mãe. Quem sabe, nos lembramos de nós mesmos ligando para nossos familiares. Ele tem a voz embargada ao telefone, mas já estava triste. De longe ela sente que o filho não está bem. Afinal mãe é mãe. E toda mãe lembra seu filho ou filha distante. Jean Charles tenta dissimular. Quando pendura o telefone no gancho se entrega e chora. Choramos junto, quem sabe mais por nós do que por ele.
Henrique Goldman antes do golpe final, que sabemos irá acontecer, faz com que nos divirtamos. A comunidade brasileira providencia um grande evento com a apresentação de Sidney Magal - nada mais cafona e mais brasileiro. Magal sempre foi o ídolo das domésticas. Mas eu também gosto do Magal. Há tempo que assumi meu lado brega e kitsch.
Quando os equipamentos de som não funcionam Jean Charles, como bom eletricista que era, os conserta e ganha o novo emprego. O genial mesmo é a festa, pura brasilidade, breguice e cafonice, no requebro simpático de Magal cantando “O meu sangue ferve por você”!
Oooohhhh!
Eu te amo!
Oooohhhh!
Eu te amo meu amor
Oooohhhh!
Eu te amo!
E o meu sangue ferve
Por você...
O mambo de Magal enlouquece os brasileiros e a platéia. É pura alegria.
E de repente aquilo termina, termina muito rápido. Goldman deveria ter nos dado um pouquinho mais de tempo. Para termos coragem de encarar o que estava por vir.
Quando Jean Charles entra no metrô, não há o que fazer. Ele não sabe do que está para acontecer, mas nós sabemos. É muito triste, pensamos em nossa morte. Pode acontecer a qualquer momento, nunca estaremos preparados para a morte, nossa ou de quem quer que seja. Nunca estaremos preparados.
O diretor mostra a morte de Jean Charles de forma rápida e distanciada. Vemos seu corpo caído no chão do trem, como numa foto de jornal.
A hipocrisia da polícia britânica vem à tona. E a melhor cena é quando a polícia envia seus representantes ao Brasil para oferecer ajuda monetária à família de Jean Charles. Alex, o primo e amigo fala muitos desaforos aos policiais e pede ao intérprete que não traduza. Não traduz, diz ele, pois para nós, quando estamos lá, nada é traduzido! Temos que nos virar! Eles que me entendam pelos meus gestos!
Jean Charles é Selton Mello. O filme é dirigido por Henrique Goldman. O caso assumiu proporções alarmantes quando foi confirmado que a polícia britânica o assassinou pelas costas, no metrô de Londres, quando o confundiu com um muçulmano.
Jean Charles nasceu em 1978, e morreu em 22 de julho de 2005, aos 27 anos. Era natural de Gonzaga, município de Minas Gerais.
Henrique Goldman é um cineasta paulistano, de 46 anos, radicado em Londres. Até por isso, Goldman sabe falar da vida dos brasileiros fora do Brasil. Daquele Brasil criado lá fora onde está presente a bandeira verde amarela, o futebol, o samba, a feijoada, a pipoca, o pagode e tudo que significar Brasil. Muitos desses imigrantes não possuem documentação e se recusam a aprender inglês. Falam o português somente.
Jean Charles de Menezes era eletricista e tinha um pouco mais de lustro. Falava inglês e servia como intérprete para seus compatriotas. Era popular entre a comunidade brasileira. Tentava ajudar e dar apoio aos brasileiros desorientados que chegavam a Londres. É certo que para sobreviver dava seus pequenos golpes, que lhe valeram muitos dissabores. Mas no filme torcemos por Jean Charles, sofremos com ele, quando vemos seus fracassos.
O filme é triste, os primos chegam a Londres e são apoiados por Jean Charles. Não sabemos se ele tinha namorada. Quando a prima chega acompanhada, depois de ter passado a noite fora, ele faz uma pequena cena de ciúmes.
O que cai fundo nos brasileiros é a forma como somos destratados fora do Brasil. Aqui não me refiro aos jovens de classe média que vão à Europa para aprender inglês e trabalham em restaurantes, mas que têm suas famílias atentas aqui no Brasil, prontas para atendê-los em qualquer eventualidade,
Penso nos “desposseídos”- adoro essa palavra em espanhol porque diz tudo muito mais do que em qualquer outra língua. Henrique Goldamn se refere a essas pessoas, ele fala da grande massa de brasileiros, que vive amontoada em quartos, juntando dinheiro para enviar a seus familiares no Brasil. O filme trata dessas pessoas, que vivem e se divertem muito pouco, que saem em busca de um sonho e de uma esperança e encontram uma dura realidade.
Jean Charles, interpretado por Selton Mello é um cara doce, de bom coração. Ele fica mal quando prejudica seus companheiros, que lhe pagaram por um passaporte que não veio, e que normalmente Jean Charles conseguia por meios excusos.
O filme tem cenas emocionantes. Choramos junto com Jean Charles quando ele telefona para sua mãe. Quem sabe, nos lembramos de nós mesmos ligando para nossos familiares. Ele tem a voz embargada ao telefone, mas já estava triste. De longe ela sente que o filho não está bem. Afinal mãe é mãe. E toda mãe lembra seu filho ou filha distante. Jean Charles tenta dissimular. Quando pendura o telefone no gancho se entrega e chora. Choramos junto, quem sabe mais por nós do que por ele.
Henrique Goldman antes do golpe final, que sabemos irá acontecer, faz com que nos divirtamos. A comunidade brasileira providencia um grande evento com a apresentação de Sidney Magal - nada mais cafona e mais brasileiro. Magal sempre foi o ídolo das domésticas. Mas eu também gosto do Magal. Há tempo que assumi meu lado brega e kitsch.
Quando os equipamentos de som não funcionam Jean Charles, como bom eletricista que era, os conserta e ganha o novo emprego. O genial mesmo é a festa, pura brasilidade, breguice e cafonice, no requebro simpático de Magal cantando “O meu sangue ferve por você”!
Oooohhhh!
Eu te amo!
Oooohhhh!
Eu te amo meu amor
Oooohhhh!
Eu te amo!
E o meu sangue ferve
Por você...
O mambo de Magal enlouquece os brasileiros e a platéia. É pura alegria.
E de repente aquilo termina, termina muito rápido. Goldman deveria ter nos dado um pouquinho mais de tempo. Para termos coragem de encarar o que estava por vir.
Quando Jean Charles entra no metrô, não há o que fazer. Ele não sabe do que está para acontecer, mas nós sabemos. É muito triste, pensamos em nossa morte. Pode acontecer a qualquer momento, nunca estaremos preparados para a morte, nossa ou de quem quer que seja. Nunca estaremos preparados.
O diretor mostra a morte de Jean Charles de forma rápida e distanciada. Vemos seu corpo caído no chão do trem, como numa foto de jornal.
A hipocrisia da polícia britânica vem à tona. E a melhor cena é quando a polícia envia seus representantes ao Brasil para oferecer ajuda monetária à família de Jean Charles. Alex, o primo e amigo fala muitos desaforos aos policiais e pede ao intérprete que não traduza. Não traduz, diz ele, pois para nós, quando estamos lá, nada é traduzido! Temos que nos virar! Eles que me entendam pelos meus gestos!
Para mim, muitas vezes as cenas mais emocionantes num filmes são as finais. Se o filme é sobre animais, como “O Urso”, de Jean Annaud, eu desmorono. Desabo quando leio que nenhum animal foi machucado ao participar do filme. Em Jean Charles, pensei que teria sido melhor se tivesse ido sozinha, para chorar à vontade, sem a minha amiga Miriam ao lado.
No final lemos o texto que fala, nenhum policial foi indiciado pela morte de Jean Charles, embora um júri tenha reconhecido a culpa da Polícia Britânica. Até hoje, passados quatro anos a família e os amigos lutam por justiça.
Sem a menor dúvida Jean Charles é um belo filme.
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