segunda-feira, 23 de novembro de 2009

2012

2012 é mais um filme da série desastres sobre o fim do mundo. Lembra "Presságio" , mas esse era bem irritante, 2012 é melhor. As sequências de destruição são perfeitas. Pudera, o diretor Ronald Emerich é especialista em cenas de fim dos tempos. Lembram-se do Independece Day ou O Dia Depois de Amanhã?

Acho que Emerich poderia ter explorado melhor as previsões dos maias, que tinham grandes conhecimentos de astronomia e fizeram a previsão de que em 21 de dezembro de 2012 haverá um alinhamento dos planetas. A terra estará alinhada com o sol e com o centro da galáxia, a Via Láctea, onde existe um buraco supermassivo. As especulações afirmam que segundo Einstein, esse alinhamento levará a mudanças no campo magnético terrestre. Parece que isso já acontece, mas sem maiores problemas até hoje. O calendário maia prevê que algo de muito terrível se passará nessa data. Haverá terremotos, tsunames, vulcões, etc. Tão grave será o acontecimento , que o mundo sofrerá grandes transformações.

Porque Emerich não recuou à civilização maia, explicando um pouco mais sobre as questões cósmicas desse alinhamento de planetas? O mistério seria maior e o filme seria instigante. Aliás, incas e mais são civilizações místicas, que tem tudo para atrair o público. O mistério em Machu Pichu, ou Tenochtitlán é tão grande, que vendo aquelas ruínas, não conseguimos entender.Incas e mais entrariam em contato direto com a divindade através de uma contemplação espiritual? Ou eram bárbaros apenas? Sacrificando virgens e animais? Imagino que o mistério vai além do que foi descoberto e estudado até hoje.

Nada disso é sugerido no filme. Há uma única cena do alinhamento dos planetas, no início. O resto é uma justificativa para o diretor mostrar que sabe filmar cenas de destruição. Tudo vem abaixo, ruas, chão se abrindo em fissuras enormes, prédios high tech caindo rapidinho, rapidinho...Carros desgovernados, estradas e viadutos desmoronando. O chão desaparecia virando um infinito de poeira...

Em meu sonho , a terra sumia de meus pés. Depois de tanto o sonho se repetir, descobri que não morria e me deixei flutuar no espaço. Até que cresci e o sonho pesadelo de criança nunca mais voltou. Esse sonho lembra uma das cenas do filme onde o chão desaparece. Acho que Freud deve explicar melhor que Emerich. Nem por isso vou achar que previ o fim do mundo.

O avião pilotado por um médico que não sabia pilotar passa de raspão e não bate em nada. Lembrei-me dos Mamonas Assassinas, que não conseguiram vencer o morro. O mostrengo feio era russo, para mostrar como, ironicamente, os americanos foram salvos por uma geringonça russa pesadona e desengonçada. A nave levantou quase na vertical. Claro que a platéia torce para que os heróis se salvem, mas e aí?

De resto o filme não trás grandes novidades. Os países dominantes se unem para construir um espécie da Arca de Noé, onde entrarão apenas os eleitos. Assim, os personagens são mostrados através de estereótipos conhecidos. O personagem central é Jackson Curtis (John Cusack), separado de sua mulher Amanda Peet (Kate Curtis). Jackson é um escritor. Publicou um único livro. Ao acampar com o filhos no Parque de Yellowstone descobre, por acaso, que algo de muito errado está acontecendo, e que eles precisam tomar aquele avião que partirá para a China.

Não faltam os personagens arrivistas como o auxiliar do presidente, Carl Anheuser, interpretado por Oliver Platt. O presidente Thomas Wilson (Danny Glover) faz a sua opção pela humanidade. Os maus têm punição exemplar, como o balofo pai dos gêmeos. Despenca no abismo. Não falta a cena em que a cachorrinha faz peripécias e é salva pela dona.

A moral da história não se sustenta, os Curtis precisam passar pelos maiores horrores para valorizarem uns aos outros. Para o filho aceitar o pai, para a filha não fazer xixi na cama... Para o pai ser mais tolerante, para a mulher reconhecer que ama o ex-marido. Mas o namorado desta precisa morrer para o trio se desfazer...

Woody Harrelson faz Charlie Frost, o lunático que se retirou para o Parque de Yellostone, e vê o mundo de outras forma. Frost tem razão ao tentar entrar em sintonia com a natureza. Afinal se o mundo terminar em 21 de dezembro de 2012, antes é melhor reunir os entes queridos e não ir a lugar nenhum, que nem ele.


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