domingo, 8 de novembro de 2009

CÓDIGO DE CONDUTA

Gerard Butler é um dedicado pai de família que se transforma em monstro em Código de Conduta, dirigido por F. Gary Gray. Gostei do filme apesar de imperar a extrema violência. Porém, o final seria diferente, se a versão fosse minha.

O filme pretende destacar a figura de Gerard Butler (Clyde Shelton) e criticar, sem muita convicção o sistema judicial americano. Como não poderia deixar de
ser, algumas sequências são extremamente chocantes, como o assassinato da família de Clyde, no início. Afinal a platéia quer violência!

A mulher e a filha do engenheiro são assassinadas, em cenas de profunda brutalidade, até para nos convencer sobre as suas razões. Butler foi escolhido a dedo, encarnando um personagem no mínimo patético. Gerard Butler tem enormes e irresistíveis olhos verdes. O ator tem carisma e se presta para fazer personagens violentos. Afinal, todos nós temos um monstro lá dentro, que precisamos domar, não é mesmo?

No início, Clyde é um dedicado pai de família. Porém, ele, a mulher e a filha são vítimas de dois assassinos. Não fica claro se o ataque foi latrocínio ou assassinato a sangue frio. Acho que isso não importava para o diretor. Esfaqueado e amordaçado Clyde assiste à morte da mulher e ao roubo da filha, que também é assassinada. Um dos culpados ganha a liberdade, graças a um acordo feito com o audacioso promotor Nick Rice (Jamie Foxx). Clyde revolta-se contra Nick, que insiste em sua posição.

Anos depois, o assassino é encontrado morto e esquartejado. Clyde é preso mesmo sem provas contra ele. Aos poucos, os envolvidos aparecem mortos, um a um. Clyde é o suspeito número 1.

Jamie Foxx interpreta o cínico promotor público, que faz acordos para subir na carreira, sem importar-se com os estragos que faz nas vidas de seus clientes. O ódio de Clyde é contra todos os envolvidos no sistema judicial americano, podre e corrupto. Assim o filme se desenvolve como um jogo de gato e rato entre Clyde e Nick.

Quando o tal sistema judicial condena à morte o homem errado, Butler começa a agir por conta própria. Vai explodindo e matando, em lances geniais, todos os implicados naquela farsa.

Perguntamo-nos, como um pacato engenheiro, pai de família e lindo daquele jeito, pode se transformar em um frio assassino? Como pode ser preso por assassinato? Como pode passar para outro lado? Como pode transgredir daquele jeito? Mesmo que não houvesse provas, ele era de fato o único suspeito. O espectador percebe que Clyde ultrapassa até os limites da vingança, quando ele mata, sem mais nem menos, o companheiro de cela, com o osso que sobrou do jantar.

Nick era cínico o suficiente para desligar a gravação de sua conversa com Clyde - quando eles se encontram pela primeira vez na prisão - e lhe dizer ao ouvido que aprovava o assassinato do criminoso (Christian Stolte), que este não faria falta a ninguém. Para logo a seguir caçar Clyde, impiedosamente.

O espectador sabia que aquela guerra estava perdida por antecipação, que Clyde seria destruído no final. Afinal, o sistema corrupto sempre vence, apesar de todas as denúncias que o deixam mais sombrio ainda.

E se o engenheiro Clyde era tão genial para imaginar e criar toda aquela artilharia de morte? Como de repente Nick fica tão esperto e inteligente para vencê-lo?

Entretanto se a versão fosse minha, Clyde explodiria com tudo e mataria a todos. Como em uma tragédia grega, ele também morreria, pois no fundo era um louco e um trágico suicida. Imagino Clyde conseguindo vingar-se do promotor Nick, levando ao extremo sua demência. Então, sucumbiria, vítima de si mesmo. Clyde, como Medéia é o verdadeiro retrato das forças antagônicas que governam a alma humana. Alguém consegue imaginar tragédia maior que a de Medéia matando os próprios filhos? Acho que dessa forma o filme seria mais impactante e trágico!

Não deixe de assistir a este contraditório filme e à beleza de Gerard Butler.


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