Jeff Bridges ganhou o Oscar de Melhor Ator, em 2010, concorrendo com Colin Firth, "Direito de Amar", George Clooney, "Amor sem Escala", Jeremy Renner, "Guerra ao Terror" e Morgan Freeman "Invictus". Uma escolha difícil, o ator merece o destaque, mas o filme não emociona.
Scott Cooper mostra o personagem com abundância de detalhes. Bad Black é um cantor country, em decadência. Aceita percorrer enormes distâncias em uma velha camioneta para apresentar-se em locais medíocres, lugares gastos e sujos, de dar dó. Platéia apática, interioranos silenciosos, reunidos em mesas de bar, repletas de garrafas de cerveja, para apreciar uma música pobre.
Bad parece mau mesmo. Homem alto, barba branca e amarela, modelito "Búfalo Bill". Decadente, está sempre bêbado, cabelo molhado de suor. Cinto e calça abertos para acomodar o barrigão. Sem referências familiares, deita-se num quarto de hotel, o 27. Só bebe uísque, adora bebida destilada. Bebe e fuma, segura o cigarro pela ponta, justo na curva entre o indicador e o dedo médio.
Tommy é um jovem cantor que teve Bad por mentor. Agora o supera. É interessante observar a forma como os dois seguram o cigarro. Muito machão também - segura o cigarro pela ponta entre o indicador e o polegar, a ponta do cigarro passa por baixo do indicador.
Bad Black não assume seus problemas. Não se vê como alcoólatra. Se um dia foi um cantor que incentivou jovens como Tommy (Colin Farrell), agora só consegue papéis secundários em seus shows. Leão velho e decadente, cantor de beira de estrada, sequer brilha em restaurantes de rodovias, espetáculo triste e decadente.
Devo ter perdido a noção do que é um coroa sexy. Afinal Bad Black deve ter seu lado sexy, pois vive rodeado de mulheres. Na platéia sempre tem alguma entusiasmada para visitar o quarto 27. Ann, outra mulher bonita de meia idade está interessada no cantor. É preterida em favor de Jean - Maggie Gyllenhaal, a irmã do Jake Gyllenhaal -, a jovem escritora que deseja entrevistar Bad. Lembram-se dela no último filme do Batman? Jean é uma mulher bonita, bem vestida, um contraste com seu par. Muito alta e magra possui um único defeito, tem má postura e suas costas formam uma concha... Mas não é menos interessante por isso.
Scott não evidencia muito drama, já que este está presente o tempo todo. Alcoólatras não inspiram simpatia, nem solidariedade. Os outros sabem que são doentes. Para eles sempre sobra o pior. Irritam a todos.
Ninguém bebe água no filme. Jean não quer ver. Até ela, quando bebe um gole é de uísque. Pesa a favor de Bad o fato de não ser "bad'' na legítima acepção da palavra. Teve quatro casamentos mal sucedidos, não vê o único filho há 24 anos. De resto, não consegue resolver seus problemas, daí o drama.
Vemos Bad e Jean em momentos de paz e felicidade. Ele tenta compensar o que nunca fez por seu filho brincando e divertindo-se com Buddy, o filho da mulher amada.
Finalmente, o que achamos que teria que acontecer, acontece. Senão, porque o filme? Só para mostrar Bad Black? Deu! Perdeu o guri! E agora?
Mulher nenhuma perdoa esse deslize. Bad Black pisou na bola, escorregou. Vive o inferno do abandono, o inferno da solidão o inferno do fim do túnel. Precisa fazer alguma coisa por si mesmo. Quando se chega no fundo é preciso fazer alguma coisa. E Bad Black consegue, morre o Bad e vive o Otis. Mesmo sem a mulher amada, a vida ainda é o melhor presente. E quem sabe ainda é possível ser entrevistado por ela?
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