sábado, 18 de dezembro de 2010

Moscou, Bélgica

Voltei depois de mais de 15 dias! Trabalhos, viagens e compromissos com alunos...
Moscou, Bélgica é um filme feminino, embora o diretor seja Christophe Van Rompaey. Passou em Cannes em 2008 e ganhou o prêmio Acid. Apesar da história banal, é muito interessante. Quem não ouviu falar na mulher abandonada pelo marido, descasada, que precisa cuidar dos filhos? Só que esta aventura diária de milhões de mulheres no mundo inteiro é contada de uma maneira diferente e com muito humor.
Matty (Barbara Sarafian) mora na Bégica, em um bairro proletário chamado Moscou, na cidade Guent. Os personagens são trabalhadores, proletários que não cuidam da aparência no dia a dia. Em minha opinião está pode ser uma realidade européia, na Bélgica. Não do Brasil onde mulheres e homens, com raras excessões preocupam-se com a aparência, bregas, cafonas ou não, andam nos trinques e muito sensuais, independente de classe social.
Matty tem um cabelo louro que nunca viu pente. O marido que a abandonou é um horror, como ela ainda espera que ele volte para casa? devia dar graças a Deus por aquele bofe ter ido embora. Imaginem um professor de arte, mal arrumado, com dentes manchados, um bigode horrível e um chumaço de cabelo caído sobre a testa, que mais parece um bom-bril! Quando bate o vento vai tudo junto! Nessa cena inicial começa a diversão e já adoramos o filme. O cabelo desgrenhado de Matty teima em cair sobre os olhos e a testa. Ela não dá a mínima.
Quando sai do supermercado em companhia dos filhos, distraidamente bate em um caminhão! A encrenca está formada. Desce o caminhoneiro, um homem muito branco, chega a ser cor de rosa, com cabelo foguinho. Muito machão começa a dizer impropérios, que ela é uma barbeira, que não sabe dirigir, etc. Chegam no ápice da discussão, quando ele fala que Matty está um lixo, acabada de tanto mal arrumada!!! Os dois vão fundo na briga de trânsito! Assunto em que quase todos nós temos remotas e desagradáveis lembranças, não é mesmo?
O caminhoneiro, Werner (Johan Heldenberg) tem duas caras, assim na mesma hora em que fala impropérios, se interessa por Matty, que apesar de ser 12 anos mais velha, de fato é uma mulher interessante. A cantada não pára. Matty está na banheira, tomando vinho e pensando amargamente na vida quando toca o telefone. É o novo candidato a namorado. Ela aceita, argumentando que quer provocar o marido-professor, que abandonou-a por uma aluna, muito mais jovem que ele.
Moscou, Bélgica mostra o processo de libertação e superação da mulher. De início Matty espera , vejam só, que o marido tenha os seus dias de diversão e deslumbramento com a amante, e que depois, tome consciência e volte para casa. Chega a dar um prazo para ele tomar uma decisão. Fica esperando. Pasmem, ela se preocupa, se a outra passa as camisas do marido! Educada para ser submissa, Matty alienada, não se revolta com a situação.
O jovem caminhoneiro apesar dos problemas com a ex-mulher parece ser o homem certo para Matty. Assim, a platéia curte muito a relação dela com os filhos e com o novo namorado. A cena com a filha mais velha, Vera (Anemone Valeke) incentivando-a a se arrumar para Werner é emocionante. Os filhos de Matty são calminhos e adoráveis. Vera é gay, e acha que a mãe ainda não está preparada para conhecer sua namorada. Matty nem liga. Nossa heróina de cabelos louros e desgrenhados, interpretada magnificamente por Barbara Sarafian literalmente dá a volta por cima. Acho que os atores estão ótimos e por isso mesmo, vale assistir com os próprios olhos. O filme está em cartaz no Unibanco Artplex!

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