Não faz muito tempo, as histórias de família e casamento incluíam no máximpo a cena em que o noivo ou a noiva respondia "não" ao padre na hora da cerimônia. Ou, a cena em que um dos noivos fugia, deixando o outro em pé na igreja, pagando mico. Ou ainda a noiva fugia com seu vestido branco e esvoaçante na garupa de uma moto. Tempos passados. Hoje em dia o cinema mudou, a vida mudou e "Amor é tudo que você precisa" trata do tema com precisão cirúrgica.
Susanne Bier, a diretora, nasceu em Copenhagem, e está radicada nos Estados Unidos. Seus filmes ganharam prêmios, como "Em um mundo Melhor", "Depois do Casamento", "As coisas que perdemos pelo Caminho" e "Brothers".
"Amor é tudo que você precisa" é uma graça de filme. As razões do sucesso são menos por Pierce Brosnam que está passável, e mais pelas presenças de Trine Dyrholm e Molly Blixt, que fazem mãe e filha.
Trine é Ida uma cabelereira graciosa, às voltas com a ameça de um câncer de mama. Susanne Bier é sensível, sabe do medo que as mulheres sentem ao abrir os resultados dos exames médicos. Susane deve saber daquele medo pavoroso que as mulheres sentem, em frente à médica. Entram em pânico, o coração bate forte no braço apertado pelo aparelho de pressão. Nessa hora sabem que a pressão foi às alturas! Ida sente essa angústia e não consegue abrir o envelope com os resultados dos exames.
Molly Blixt faz Astrid a filha que prepara a cerimônia de casamento em lugar paradisíaco, na Itália. Astrid é linda como uma das "Três Graças" de Boticelli, aliás é ainda mais bonita. Tanto para mãe como, para filha o problema é encontrar a pessoa certa.
Em encontros e desencontros o filme se desenrola nos preparativos para o casamento. Nessa hora afloram os medos, as paixões, as traições e os abandonos. Mas também se renovam as esperanças de novas vidas.
Para Ida é como um renascimento, depois de tanta traição e doença. O cabelo curtinho, nascendo, simboliza a nova vida da cabeleireira, a coragem de buscar um novo amor. Patrick (Pierce Brosnam) é a promessa dessa nova vida, também ele precisando libertar-se do passado.
Doloroso é o que Molly, a filha, precisa ver. E ela vê o que precisa ser visto. Tudo está claro como água cristalina. Quantos não conseguem ver e enxergar o que está a sua frente? Ajuda o noivo a ver a si próprio. A própria aceitação é dolorosa e exige tempo. Corajosa, ajuda-o a se libertar da farsa e do preconceito contra si mesmo. Contra o homossexualismo. A própria aceitação é dolorosa e exige tempo. Todos os temas desde a insegurança, o medo, a traição, a covardia, o homossexualismo são tratados de forma delicada e romântica nesta adorável comédia.
Finalmente Ida tem o companheiro ideal para ficar de plantão a seu lado na hora de abrir o envolepe do exame médico. Isso é tudo do que as mulheres precisam não é verdade?
Nenhum comentário:
Postar um comentário