sábado, 23 de março de 2013

Anna Karenina

Anna Karenina de Léon Tolstoi foi levada ao cinema inúmeras vezes. Muito provavelmente a melhor das Annas tenha sido Greta Garbo. Keira Knightley atua mais uma vez sob a direção do britânico Joe Wright.  A atriz é uma mulher bonita, mas em suas diversas interpretações de personagens trágicas parece excessivamente histérica. Talvez essa característica corresponda - no imáginário - à forma como a mulher do século XIX é percebida. Nos anos do Romantismo e da Psicanálise era lugar comum a característica ''histérica" atribuída à mulher. O sorriso tenso da atriz sempre provoca mal estar, e se repete em todos os seus filmes.
Assistir a um clássico da literatura russa do século XIX causa perplexidade. Anna Karenina foi efetivamente uma personagem transgressora e auto destrutiva. Enfim, não percebeu que seu sonho de amor só poderia terminar em nada...
Cento e trinta e nove anos depois, a percepção dos personagens pode ser diferente, os valores mudaram.  Se Tolstoi criou um amante irresistível que esmaga o marido, o que vimos na tela não convence. O Conde Vronski, amante louro e inexpressivo - era bonito - mas não chega aos pés do David de Michelangelo.
Me pergunto o que Tolstoi teria pensado de Jude Law , como o marido traído.  Hoje em dia, não sei se as mulheres trocariam Jude Law pelo insípido loirinho, dândi e conquistador. Jude Law está brilhante como Alexei Karenin.
Óbvio a história é clássica, se pensarmos que além da paixão precisamos considerar os valores morais e éticos, não se justifica Anna abandonar os filhos por uma vida de paixão e sensações efêmeras. Depois, ainda pretender recuperar sua condição de aristocrata e o amor do filho, pois a pequena ao que parece não conseguiu preencher o vazio de sua vida.
O clichê da mulher adúltera se repete na literatura e no cinema. Na primeira temos a Emma Bovary, de Flaubert, que também foi levada ao cinema por Jean Renoir (1933), Vincent Minelli (1949) e Claude Chabrol (1991) .
Capitu, a personagem de Machado de Assis, também se apaixona por outro homem. Como afirma Paulo Nogueira (diariodocentrodomundo.com.br), Capitu foge aos clichês graças à genialidade de Machado de Assis. Aqui o amante  Escobar não é pior que o marido Bentinho. Acho que é mais ou menos isso que acontece na versão de Joe Wright. O diretor não consegue fazer  com que Vronski seja mais irresistível que a figura de Jude Law.
Como heroína representativa do feminismo, Anna Karenina não teria sucesso nem nos anos 60, quando as mulheres queimavam soutiens em praça pública. Hoje quando as mulheres conquistaram a liberdade, a personagem só pode ser considerada anacrônica, equivocada e causar dó!
 

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