quinta-feira, 16 de abril de 2009

OS DELÍRIOS DE CONSUMO DE BECKY BLOOM

O filme Os delírios de consumo de Becky Bloom é uma comédia romântica, baseada na série da escritora inglesa Sophie Kinsella. Foram publicados quatro livros, "Os delírios de consumo de Becky Bloom", "Becky Bloom, delírios de consumo na 5ª Avenida", "As listas de casamento de Becky Bloom". Recentemente chegou às livrarias o quarto livro, "A irmã de Becky Bloom".

P. J. Hogan faz uma comédia que traz a sua mensagem pronta. A jovem Rebecca Bloomwood sofre os delírios de consumo. Sempre está pensando em comprar algo novo. Precisa consumir as melhores marcas Gucci, Cavalli ou Prada para sentir-se feliz. Nada consegue suprir o vazio de sua vida. Logo a sensação de tristeza se sucede, e exige novo consumo. Tudo é visto através do olhar do diretor sobre jovem Rebecca. Ela é uma graça. É bonita. É criativa. E é fashion. Como muitos jovens, Rebecca pode ser julgada com rigor excessivo pelos espectadores. Para os adultos pode parecer uma desmiolada à procura de emprego. Não, é uma jovem talentosa e criativa que consegue um emprego em uma revista de economia para escrever sobre investimentos. Seu objetivo maior era chegar à revista de moda, da mesma editora.

Quando Rebecca descobre que seu casaco de Cashmere não era tão verdadeiro - tinha um mínimo de lã -, compara-o aos investimentos que propalam segurança no futuro. Mas, na verdade são tão falsos quanto seu casaco, e tão falsos quanto a empresa que ofereceu bônus de milhões de dólares para seus chefões, enquanto seus investidores perdiam 8% de suas aplicações.

A atitude criativa e irreverente da jovem faz com que ela se torne requisitada pelos leitores. Vira uma celebridade. Recebe muitos telefonemas e convites para participar de programas de TV.

Hugh Dancy (Luke Brandon) é o próprio príncipe. Ele contrata Rebecca e se apaixona por ela. Nasceu em berço de ouro, de família abastada, sua mãe é famosa. Brandon entende de moda. Sabe escolher roupas Prada. Mas não liga muito para a moda. É jovem, bonito, corajoso e competente e entende de finanças. Sabe estabelecer a diferença entre custo e valor. Os dois formam um belo casal, que ganha simpatia do público.

As gags provocadas por Rebecca lembram cenas de filmes de Jerry Lewis, ou O convidado bem trabalhão, de Peter Sellers, onde o herói pode ser bobinho, mas sempre leva a melhor. Quando ela dança com Brandon, o leque que sacode nervosamente tira fininhos do rosto do moço e provoca risos na platéia. Rebecca é a “clown” que dá certo, e que fundamentalmente é esperta e inteligente.

A moça tem seus problemas. Amarga as conseqüências de seus atos e dá o troco a seus detratores. A idéia moralista é que em uma sociedade de consumo como a americana, os verdadeiros valores não devem estar no consumismo, que preenche temporariamente o vazio, exigindo sempre mais.

As duas personagens, Andrea Sachs (Anne Hathaway) - O Diabo Veste Prada- e Rebecca são semelhantes. Ambas devem renegar os valores e as futilidades do mundo da moda. Devem desprezar as possibilidades de altos salários e o artificialismo do mundo fashion, em nome da verdade, do ascetismo e da pureza com pouco dinheiro.

Embora os dois filmes acenem para esse tipo de conduta, não existe garantia de felicidade para esse tipo de renúncia, que também tem as suas falsidades. Nem sempre os grupos de apoio aos “shopaholics” - os viciados em consumo - são isentos e verdadeiros; isso pelo menos era óbvio no filme.

Se o vazio de Rebecca foi preenchido pelo relacionamento com o bem sucedido jovem Brandon, o namoro com o consumo se manteve como uma promessa. Então porque não aceitar a proposta da estilista, interpretada por Kristin Scott Thomas, a belíssima e competente estilista? Afinal não era esse o sonho da moça da echarpe verde?

Cabe destacar que muita coisa em Os delírios de consumo de Becky Bloom parece mesmo passar em outro mundo. Está tão longe de nossa realidade, que não acreditamos quando ela aconselha a jovem, para quem vende a echarpe verde, a não usá-la com amarelo! Mas como? Isso é tudo o que uma brasileira gostaria de ter e usar:

Um excelente emprego onde pudesse usar uma echarpe verde com qualquer coisa amarela!

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