sexta-feira, 3 de abril de 2009

PERDIDO PRA CACHORRO

Perdido pra cachorro é muito divertido. O filme é dirigido por Raja Gosnell, com um elenco de atores famosos fazendo as vozes dos cachorros. O filme arrecadou 29 milhões de dólares, nos Estados Unidos. É um sucesso da Disney que agrada a grandes e pequenos.

A história é nossa velha conhecida. Amamos A Dama e o Vagabundo (Lady and the Tramp), também da Disney e tivemos nosso álbum de figurinhas, não é verdade? Era tão lindo que nunca o esqueceremos. Assim como o Vagabundo que se apaixonou por Lady, a cocker dourada - quem não lembra dos dois comendo massa? - aqui o pequeno herói é Papi ( voz de George Lopez), que se apaixona por Chloe (voz de Drew Barrymore), a chihuauha de Vivian Ashe (Jamie Lee Curtis). Papi é o cachorrinho vira latas, de orelhas grandes e empinadas, que é adotado pelo paisagista de Ashe. A paixão não será apenas do cãozinho, como não podia deixar de ser, seu dono também se apaixona pela sobrinha de Vivian.

Adorável no filme é a forma brincalhona com que Raja critica as dondocas de Beverlly Hills, que usam seus bichinhos de estimação como se fossem jóias. Os pobrezinhos são levados em grandes sacolas - criadas por famosos designers - por onde aparece somente a cabecinha do bicho. A pobre Chloe usa boné e óculos rosa, calcinha rosa com bolinhas brancas e sapatinhos. Está habituada a uma vida de futilidades e festas com seus amigos e com tudo de bom para cachorro. Todos os amigos de Chloe são absolutamente ridículos em suas fantasias, ninguém tem consciência disso. Sebastian, Rimini e Delta vivem como humanos, tomando sol à beira da piscina.

Rimos muito quando a tia Vivian viaja e deixa a sobrinha cuidando da cachorrinha, com todas as recomendações. Tinha até lista por escrito. Chloe tinha horário para tudo.

Olhem que não estamos em Beverly Hills, mas sabemos que muitos de nós, nos negamos a deixar nossos bichinhos em Pets, quando viajamos, e não permitimos que eles andem em taxi-dogs junto com outros cachorros. Que horror, nem pensar! Muitos donos, assim como Dora - a mulher do padeiro no Auto da Compadecida - oferecem a seus bichos o melhor filé, como se isso fizesse a diferença! Por isso mesmo, todos eles morrem de rir, e nunca deixam de rever o belíssimo filme de Guel Arraes, quando João Grilo e Chicó comem o bife da cachorrinha, e esta morre depois de comer as porcarias que eram o almoço dos dois.

Perdido para Cachorro coloca tudo nos lugares certos. Os maus são punidos e o bem é recompensado. Para as crianças é importante a visão de um mundo dominado pelos princípios do bem e do mal, que o mal desapareça e que os maus finalmente sejam castigados. Com certeza os pequenos rirão muito e dormirão bem esta noite.

A história é como tantas outras, em que o herói precisa sair do seu mundinho. Viver novas aventuras para transformar-se e crescer. No caso dos humanos, crescer como pessoas, e no filme crescer como cachorros.

O diretor também dá uma aula do politicamente correto em relação aos bichos. Fala da responsabilidade do homem perante os animais. E isso é muito bonito. A sobrinha de Vivian redime-se do pecado de ter descuidado de Chloe. Consegue fazer o certo e dar um lar adotivo para cada um dos amigos abandonados da Chihuahua.

O recado de Raja para adultos e crianças vem quando Chloe e seus amigos chegam ao grande templo, onde a raça chihuahua teria surgido no México, em meio a ruínas pré-colombianas. Montezuma o líder chihuahua cantava em coro, rodeado de milhares de cachorrinhos da raça.

- ”Somos pequeninos, mas somos poderosos, encontre seu latido, aquele que faz de você, você mesmo”.

Esse recado era para Chloe:

- “Você precisa ter o seu próprio latido para ser mais você”.

- “Não somos brinquedos, nem acessórios de madame. Não fale conosco com voz de bebê”. Acho que eles estavam querendo demais. Impossível deixar de falar com eles na língua do “l”.

- ‘‘Posso ser pequeno, mas estou lutando por uma coisa maior que o mundo, na minha inspiração do dia a dia”.

Chloe encorajava Delgado (voz de Andy Garcia), o pastor alemão, verdadeiro herói do filme, que tinha perdido o faro e penitenciava-se por isso:“Vamos, cheire, você consegue!”

Perdido pra Cachorro agrada também pelo décor, pela visão do México, um país belíssimo e colorido. O filme enfatiza que no México tem tudo, arte cultura, arquitetura, beleza da cidade, beleza do povo mexicano e beleza das praias. Além de inúmeros problemas, é claro! Inclusive tinha até o novo perfume para cachorros, ao invés de Channel No 5, agora Chloe usava México No 5. E viva México!

Um comentário:

  1. Pois é Doris,
    Comentando o filme você me fez lembrar dos pobres animais abandonados nas ruas e praças. Como esses do filme, existe um exagero no tratamento daqueles "de raça" que vivem nababescamente - culpa de seus donos, evidentemente. E o inverso, para aqueles que nada tem, nem o mínimo de alimentação. Alguns, sem eira nem beira, habituados a comer restos de comidas em suas antigas casas, não conseguem assimilar ração canina que por vezes tentamos levar a eles. É um quadro triste e desolador.São nossos irmãos menores "esquecidos" por irresponsáveis desprovidos de sentimentos.
    Desculpe o dasabafo!
    CELDANI

    ResponderExcluir